O motivo pelo qual fui assistir a este filme pode ser explicado por um nome: Ellen Page, a moça que não devemos misturar com alimentos. Afinal, além do filme supralinkado, que fez com que eu ficasse eternamente com medo dela, a guria também fez Juno. Ou seja, a ainda curta carreira dela estava praticamente intocável. E por isso, fui feliz e saltitante para esta sessão sem saber absolutamente nada do filme.
Chegando lá, enquanto esperava pelo início da projeção, peguei o release para me familiarizar com o projeto. E gostei bastante do que li, em especial de uma parte que diz que ele explora a perversidade das crianças. Hum… fatos reais, torturas, assassinatos e crianças malvadas? Hell, yeah, bitch!
Infelizmente, o parágrafo acima vai dar uma idéia errada de como o filme se desenvolve. E talvez seja justamente essa expectativa falsa o que dissipou a presença Alfredal dessa página. Na verdade, Um Crime Americano é lento e a parte das torturas em si demoram muito para começar e são filmadas de forma sutil e sem graça. Não que um filme bom precise ser explícito (Menina Má.com é completamente isento de violência gráfica e é excelente), mas a discrepância entre o que é prometido e o que é entregue é tão grande que prejudica o longa como um todo.
Na história, vemos a senhorita Sylvia Likens (Helena Página) e sua irmã indo passar uns tempos com uma babá. O problema é que a babá em questão tem sete filhos e todos eles são psicopatas. Vai sobrar para a protagonista sofrer, sofrer, sofrer e, finalmente, morrer.
Outro problema grave é que é tudo muito clichezão e os personagens simplesmente não fazem sentido. Para ilustrar o primeiro ponto, repare como tudo começa: é quando Sylvia, que é praticamente uma santa, tenta ajudar uma de suas “irmãs adotivas”. A protagonista é tão boazinha, passiva e burra que é difícil torcer por ela ou sentir algum tipo de compaixão. E isso nos leva ao segundo ponto – e ao próximo parágrafo.
As coisas começam “de leve”, com queimaduras de cigarro ou surras de cinto e afins. E mesmo assim, Sylvia, que não estava presa nem nada do tipo, continua voltando para casa e se submetendo às vontades sádicas da babá ao invés de sair correndo ou de chamar a polícia. Isso faz com que ela seja burra a ponto de o Joey Tribbiani parecer um gênio.
E ela não é a única que sofre por não ser devidamente desenvolvida. Tem vários personagens que são bonzinhos em alguns momentos e malzinhos em outros (e ficam constantemente alterando personalidades), o que chega a ofender a inteligência do espectador. E, por falar nisso, a cidade inteira se tornou cúmplice da família criminosa e fazia visitinhas ao porão em questão para saciar seu sadismo. E, por mais que eu seja adepto da filosofia de que a raça humana é inerentemente má, pensar que uma cidade inteira vai cometer um assassinato junta e mesmo assim conseguir esconder o fato da polícia é um exagero, não acha?
Para terminar os defeitos, a morte de Sylvia deve estar entre as mais ridículas da história do cinema. Ela simplesmente aparece morta no início de uma cena, sem você saber exatamente como a mataram. Não é ridículo que Hollywood não tenha coragem de matar uma criança nem quando fazem um filme inteiro com a premissa de que ela vai morrer no final?
Ah, e como clichê pouco é bobagem, ainda deram um jeito de colocar uma cena de perseguição, envolvendo carros que não pegam e assassinos que perseguem protagonistas motorizados andando calmamente.
Concluindo, Um Crime Americano decepciona muito e se tornou a verdadeira mancha afro-descendente no currículo da até então imune Ellen Page. Vamos ver se esse foi apenas um lapso e se a Kitty Pryde vai voltar a escolher bem seus papéis a partir de agora.
Curiosidade:
– Além da Kitty Pryde, o elenco ainda conta com uma ponta do Harry Osborn, Jaime Francisco.
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