Ultimate Spider-Man

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Imagino que o delfonauta já saiba, mas eu sou um tremendo fã de Homem-Aranha. Principalmente da sua versão Ultimate, motivo pelo qual fiquei assaz ansioso quando fiquei sabendo que estavam desenvolvendo um jogo baseado na minha HQ preferida. E com roteiro do onipresente Brian Michael Bendis, vejam só. Mas antes de falar sobre este Ultimate Spider-Man, vamos falar um pouco sobre os jogos anteriores.

Desde que a Activision assumiu o controle da franquia do amigão da vizinhança, muitas mudanças foram feitas em relação aos jogos antigos. Pela primeira vez, os jogos realmente tinham clima de Homem-Aranha, já que passávamos boa parte do tempo balançando pela cidade. Mas também ficávamos boa parte do tempo em lugares fechados, como no esgoto, e os jogos tinham muitos elementos stealth, que definitivamente não combinavam com o aracnídeo. Mas estávamos quase lá.

Infelizmente, os jogos iam melhorando, mas não arrumavam esses defeitos tão proeminentes. Até agora. Pois é, amigão, finalmente temos um jogo do Aranha que passa toda sua duração onde sempre deveria ter sido: na cidade. Mas nem tudo é perfeito: outros defeitos foram acrescentados. Mas vamos por partes.

Os gráficos são tremendões. Sinceramente, beiram a perfeição. Nunca o Homem-Aranha pareceu tão jovem e frágil. Nunca a Mary Jane pareceu tanto com a Mary Jane. Essa fidelidade se deve ao fato de os gráficos terem sido desenvolvidos em cima de desenhos do próprio Mark Bagley, desenhista dos quadrinhos. A dublagem também é fantástica. Não existem vozes famosas, mas nem faz falta. Peter está perfeito. Os vilões também. Os efeitos sonoros e músicas, por outro lado, deixam a desejar, pois são bem básicos.

A história também é sensacional. Nunca um jogo do Aranha foi tão próximo de uma HQ. Até a forma como ela é contada, através de quadrinhos onde os personagens se movimentam é um tremendo charme. E é muito engraçado. Preste atenção principalmente nas coisas que Peter fala durante a partida. Risadas garantidas. Agora vamos ao jogo propriamente dito.

Novamente, temos a oportunidade de jogar com o vilão Venom. Mas aqui ele está bem diferente. No lugar de se balançar nas teias, ele dá pulos enormes. Isso, aliado à sua força descomunal, dá uma impressão de que estamos jogando com o Hulk, não com o Venom. Além disso, ele fica constantemente perdendo energia, o que significa que você deve se alimentar de pessoas o tempo todo. Obviamente, é muito mais legal jogar como Homem-Aranha e ficar se balançando nas teias.

O jogo funciona da seguinte forma. Você fica patrulhando a cidade, fazendo pequenas funções como impedir assaltos a bancos, fazendo algumas corridas contra o tempo e tal, até que, ao cumprir suficientes dessas pequenas missões, uma nova Story Mission se abre. E então você pode escolher entre continuar patrulhando a cidade ou ir até a missão.

E aí estão os problemas. As missões são basicamente você ficar perseguindo um vilão (temos, entre outros, o Rino, o Duende Verde, o Besouro e o Electro), salvando as pessoas que eles colocam em perigo e, quando os alcançar, enchê-los de porrada. Repetitivo é pouco. E, algumas dessas (principalmente a fase em que Venom persegue Electro) são extremamente frustrantes e difíceis. E o pior, são poucas. Creio que devem ser apenas umas 8 missões. E todas bem curtas, levando entre 10 e 15 minutos cada. Isso torna Ultimate Spider-Man um dos jogos mais curtos dos últimos anos. E, quando as Story Missions acabam, você tem como única opção ficar patrulhando a cidade o que, convenhamos, perde a graça rápido.

Quando você termina o jogo, “destrava” o patrulhamento da cidade com o Venom, liberando algumas corridas diferentes. Não existe a possibilidade de jogar de novo as Story Missions, a não ser que você inicie um novo jogo. E na boa, se eu quisesse correr contra o tempo, ficaria com Need for Speed. E, mesmo em jogos de corridas, correr sozinho é uma das provas mais chatas. Aqui, você até pode apostar corridas contra o Tocha-Humana, mas não é para isso que as pessoas jogam esses jogos, mas para “ser” o Homem-Aranha.

Essa é uma franquia em claro desenvolvimento. Ultimate Spider-Man é o que chega mais próximo do que um jogo do Aranha deve ser. Está no caminho certo, mas ainda está um pouco longe desse objetivo. Faltou mais variação, mais fases de porrada pura e simples e, principalmente, mais jogo. Que venham mais títulos do amigão da vizinhança. Um dia a Activision acerta.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
ultimate-spider-manAno: 2005<br> Gênero: Patrulhamento de cidades.<br> Plataforma: PS2, Gamecube, Xbox e PC.<br> Fabricante: Beenox<br> Versao: PC<br> Distribuidor: Activision<br>