Trials of the Blood Dragon

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Poucos anos atrás, a Ubisoft lançou Far Cry: Blood Dragon, basicamente uma repaginada em Far Cry 3 para situá-lo em um filme de ação dos anos 80. Foi uma brincadeira que deu certo, rendendo um curto mas divertido joguinho.

Depois disso, tivemos dois outros Far Cry, e a marca Blood Dragon parecia que ia ficar por aí. No entanto, na semana da E3, como quem não quer nada, a Ubisoft lançou quase escondidinha Trials of the Blood Dragon.

Eu nunca tinha jogado algo da série Trials. Admito que ela não me interessava muito, e vou dizer que por muito pouco sequer peguei este para resenhar. E, delfonauta, ainda bem que o fiz, pois me diverti muito jogando!

A FAMÍLIA COLT

Aqui você joga com os filhos de Rex Colt, o protagonista de Far Cry: Blood Dragon. Eles são soldados na eterna briga dos EUA contra os comunistas do Vietnã, e suas missões começam com algo sensato como invadir bases, mas antes da campanha terminar, você terá ido literalmente até o inferno. E por Miami. Talvez Miami seja pior.

Um dos momentos mais emocionais da história é quando você é incumbido de interromper o domínio comunista em Marte. “Não vamos deixar Marte ser um planeta vermelho”, exclama o militar que te passa as missões com a maior seriedade do mundo.

Em outras palavras, a história de Trials of the Blood Dragon é uma bobeira, mas isso é ótimo. Ela é tão ridícula e exagerada que eu cheguei a rir alto muitas vezes. E o fato de ela ser contada através de desenhos feitos a mão acrescenta um charme todo especial.

O jogo em si é até bem variado. Na maior parte das fases, você controla uma moto, e deve girá-la com a alavanca esquerda para que as rodas sempre estejam alinhadas com o chão no momento do impacto. Isso não é tudo, pois ao longo do jogo você vai assumir o comando de um tanque futurista, um carrinho de controle remoto, uma bicicleta e até um jetpack.

Mas tem mais. Quase metade do jogo você passa a pé, em um típico sidescroller, no qual você pula de plataforma em plataforma evitando armadilhas e atirando nos inimigos com a alavanca esquerda.

O mais legal é que, com a possível exceção do jetpack, que carece desesperadamente de um freio, todos os outros gameplays apresentados aqui são divertidos.

Em seus melhores momentos, você vai fazer altas acrobacias em uma moto por uma paisagem totalmente estilizada enquanto um blood dragon destrói o cenário ao fundo, causando explosões a rodo. Lembrou até um divertido joguinho de muitos anos atrás que poucas pessoas conhecem: Stuntman Ignition. Em outras missões, você estará metralhando alguns traficantes de drogas usando uma máscara de animal, em uma referência direta ao clássico cult Hotline Miami.

DIGA NÃO ÀS DROGAS!

O visual do jogo varia do “cara, olha que legal!” ao “caramba, como os gráficos são ruins!”. Elaborando um pouco mais, na maior parte do tempo o jogo é tão colorido, rolam tantas explosões e tantas coisas ao mesmo tempo que não dá para negar que você termina cada uma das fases empolgado e com um sorriso no rosto.

No entanto, quando dá uma acalmada, especialmente quando seu personagem está a pé, você percebe quão simples são os gráficos. Os personagens principais, em especial, parecem bonecos de palito, mas sem o charme de jogos que realmente usam o visual palito, como N+.

Aliás, já que falamos em N+, há um episódio secreto no jogo chamado Extreme, que consiste em seis fases absurdamente difíceis, focadas em um dos pilares da jogabilidade: veículo, tiros ou plataforma. As de plataforma lembram muito N+, especialmente por sua filosofia de design que exige saltos precisos.

Em geral, com exceção deste episódio secreto, a campanha principal não é muito difícil, a não ser que você aceite o desafio de tirar notas A ou A+ em todas as fases. Daí sim fica impossível. Se você quiser simplesmente chegar até o fim, sem se preocupar com pontos, você com certeza vai morrer bastante, mas você pode reiniciar o último checkpoint imediatamente simplesmente apertando o B, sem loads e sem espera nenhuma, então é comum você ver que já morreu 30 vezes em uma fase e nem ter percebido que foram tantas, já que a adrenalina está sempre ativada.

O único momento em que o jogo realmente se arrasta é no início de seu terceiro ato, quando você enfrenta os alienígenas comunistas. É nessa parte que estão as fases de jetpack, e a mais chata de todas, uma que você deve levar uma bomba até o final, mas se for rápido ou balançar muito ela faz um cabum atômico.

Todo o resto, felizmente, é muito divertido. Trials of the Blood Dragon terminou e eu ainda queria jogar mais, o que anda sendo um sentimento cada vez mais raro para mim.

E vou dizer, eu apoio essa ideia de levar o climão Blood Dragon para outras franquias da Ubisoft. Penso que seria muito divertido um Prince of Persia (Prince of Blood Dragon?) ou um Rayman com esta ambientação. Ei, Ubisoft! Fica a dica.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
trials-of-the-blood-dragonAno: 13 de junho de 2016<br> Gênero: Ação / Plataforma 2D<br> Plataforma: Xbox One, PS4 e PC<br> Fabricante: Redlynx, Ubisoft Kiev<br> Versao: Xbox One<br> Distribuidor: Ubisoft<br>