Eu não consigo entender o que falta nos filmes do Michael Bay. O sujeito enche seus filmes de efeitos especiais, explosões a rodo e mulher bonita. No caso da franquia Transformers, temos até robôs gigantes. Caramba, no papel parece perfeito. Mas na prática falta algo. Eu mal me lembro dos dois primeiros filmes da franquia, de tão irrelevantes que foram para mim. Felizmente, Transformers: O Lado Oculto da Lua é uma história completamente independente.
Seguindo pela mesma ideia bacana de X-Men: Primeira Classe, a de colocar a história do filme em um acontecimento histórico, Transformers 3 mostra que a guerra entre Autobots e Decepticons vem de muito tempo atrás e influenciou a corrida espacial entre russos e estadunidenses. Até o astronauta Buzz Aldrin faz uma ponta para dar credibilidade ao bagulho.
Como em toda a obra de Bay, no entanto, a narrativa é fraca e a história fica em segundo plano para os efeitos especiais e as mulheres bonitas. Isso já fica claro na primeira aparição da Rosie Huntington-Whiteley, substituta de Megan Fox no papel de beldade, que mantém a tradição de ser um close nos fundilhos desnudos da moça. E ela é linda de morrer, mas é magra demais, falta sustância.
Nós, homens, claro, não reclamamos do fato de que, toda vez que ela aparece em cena, é de forma friamente calculada para maximizar seu apelo sexual, seja no supracitado close nos fundilhos ou nos frequentes closes em seus pecaminosos lábios carnudos. Mesmo em planos mais gerais, ela sempre parece ter um ventilador soprando em seus cabelos e está sempre fazendo caras e bocas sensuais.
Até aí, tudo bem. Nós gostamos de filmes sem história, com mulheres bonitas e cenas de ação absurdas. Mas por que diabos toda a série Transformers é tão esquecível?
Talvez seja um problema com o próprio cerne dos personagens. Tal qual Chewbacca, eles não fazem sentido nenhum. Vejamos, são uma raça alienígena de robôs gigantes humanóides que se transformam em luxuosos carros terrestres. Ou então em relógios e demais coisas utilitárias do dia a dia terráqueo.
Aí eu pergunto: como assim, delfonauta? Isso não é possível. O próprio Optimus Prime fala que eles são uma raça mecânica. Como uma forma de vida pode ser mecânica, não biológica? E por que eles se transformam apenas em carros luxuosos, e não em carros de gente diferenciada? Como eles podem saber disso? Aliás, o Bumblebee tem até mesmo o logotipo da GM no pára-choque! Isso não faz sentido!
Isso poderia ter sido alterado para o cinema, em nome de uma adaptação melhor. Por exemplo, eles poderiam ser uma forma de vida biológica cuja pele por acaso lembra as nossas máquinas. Ou melhor ainda, poderiam ter sido desenvolvidos aqui, como armas militares, o que explicaria os carros terrestres. Aliás, quando eu brincava com meus Transformers de brinquedo, era exatamente isso que eu achava que eles eram. Nunca imaginaria que eles eram alienígenas.
Mas vá lá, suspensão da descrença. Ignoremos isso e assistamos à obra como qualquer outro dos Testosterona Totais dos quais tanto gostamos e que também não fazem sentido. Ainda assim, sobra a narrativa fraca. Não adianta, Michael Bay não é um contador de histórias, é um supervisor de efeitos especiais. Ele deveria, no máximo, dirigir videoclipes.
Mas ao contrário da maioria dos videoclipes, Transformers 3 tem lá suas duas horas e meia. E elas funcionam para o que se propõe. Durante toda a projeção, eu fiquei morrendo de vontade de jogar videogame (e me perguntava porque diabos não existe nenhum jogo decente dos Transformers, pois os personagens são perfeitos para a mídia) e decidi que, quando chegasse em casa, iria comprar um Optimus Prime na Planeta Super-Herói para impressionar garotas e enfeitar minha estante. E brincar de vez em quando.
Sabe qual é o problema disso? Os mais espertos já se ligaram: ambas as coisas me dão vontade de sair do cinema e gastar mais dinheiro em outras coisas da marca. É a isso que os filmes dos Transformers se propõe.
A narrativa em si é cansativa e nada interessante e o clímax é longo demais. Transformers 3 não funciona como filme, apenas como um comercial para vender o que os Transformers sempre foram: brinquedos. E não sei você, mas eu estou cansado de filmes que são comerciais de brinquedos. Será que é pedir muito comprar um ingresso para cinema e receber, em troca, cinema?
Quer mais Transformers?:
– Transformers: O Filme: a resenha do desenho.
– Transformers: a resenha do primeiro filme.
– Transformers: A Vingança dos Derrotados: a resenha do segundo filme.
– Entrevista com o elenco do segundo filme: Megan Fox, Michael Bay e Shia LaBeouf falam ao DELFOS.