No momento em que escrevo esta resenha de Todo Mundo em Pânico 4, anunciado como o “quarto e último capítulo da trilogia”, o projeto para uma quinta parte já foi anunciado. Isso não é de se surpreender, pois enquanto a série render dinheiro e houver filmes de terror sérios a serem parodiados, haverá material para infinitas continuações.
Este quarto exemplar, ainda sob o comando de David Zucker, apela menos para a escatologia usada nos dois primeiros filmes – estes sob o comando dos irmãos Wayans – e mais para a fórmula consagrada pelo próprio Zucker, junto com seu irmão Jerry e mais Jim Abrahams em clássicos da comédia estadunidense como Corra que a Polícia Vem Aí!, Top Gang e Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu, dentre outros. A fórmula consiste em usar uma piada atrás da outra, sem tempo para descanso.
Bem, eu gostei do primeiro Todo Mundo em Pânico, mas é o tipo de humor que só funciona uma vez. Já o segundo é uma das coisas mais toscas e sem-graça que já vi na vida. Isso me desanimou e eu não assisti ao terceiro exemplar (mas você pode conferir o que o Corrales achou clicando aqui). Esta quarta parte sem dúvida supera os dois primeiros filmes, mas ao dar uma olhada nos exemplos das películas de Zucker citados acima, era de se esperar muito mais.
Desta vez, os filmes sacaneados são O Grito, A Vila, Jogos Mortais e Guerra dos Mundos, sobrando espaço até para piadas em cima dos oscarizados Menina de Ouro (numa cena hilária e com uma participação especial que é melhor manter em segredo) e O Segredo de Brokeback Mountain.
A história é uma confusão só, tentando ligar todas as produções parodiadas e ainda fazer algum sentido (não faz). Cindy Campbell (Anna Faris, estrela dos quatro filmes) aceita tomar conta de uma senhora em uma casa que ela não sabe que é assombrada. Por uma incrível coincidência, esta casa é vizinha à de Tom Ryan (Craig Bierko), um operador de guindaste relapso em seu relacionamento com os filhos. Claro, ele e Cindy se apaixonam, mas uma invasão alienígena atrapalhar os pombinhos.
Bem, a trama é o de menos, o que importa mesmo são as piadas. Eu diria que metade delas funciona e a outra metade é simplesmente vergonhosa. E há pelo menos duas piadas escatológicas que, claro, são de muito mau gosto e mais claro ainda, não têm a menor graça. Quando os estadunidenses vão parar com essa mania de achar que qualquer coisa envolvendo fluidos corporais é hilário?
O filme ganha muito quando as diversas participações especiais – e são muitas – aparecem. Numa delas, o tremendão Leslie Nielsen mostra porque ainda é o máximo ao interpretar o presidente dos EUA, sacaneando George W. Bush numa cena inspirada em Fahrenheit 11 de Setembro. Pena que ele aparece muito pouco.
Outro grande momento é a cena final, que não tem absolutamente nada a ver com a história (está inclusive no trailer). É uma tiração de sarro em cima do Tom Cruise pelo episódio no sofá da Oprah. Creio que se ele vir isso, vai querer processar alguém na hora. Mas que ele pediu por isso quando ficou pulando em cima do sofá do cenário da apresentadora todo animadinho só para declarar seu singelo amor por Katie Holmes, ele pediu.
Mesmo estando longe dos dias de glória de David Zucker, se você assistiu todos os filmes que serviram de base para as brincadeiras, vale a pena arriscar uma sessão de Todo Mundo em Pânico 4, pois mesmo com mais erros que acertos, ele ainda dá um caldo e garante algumas boas risadas.