Quando o primeiro disco do Raconteurs, Broken Boy Soldiers, foi lançado em 2006, fiquei convicto de que Jack White deveria acabar com o White Stripes e tornar esse projeto paralelo sua banda principal.
Afinal, o Raconteurs tem duas coisas que faltam ao White Stripes: um baixista e uma bateria bem tocada, além de uma boa dinâmica entre Jack White e Brendan Benson (ambos vocalistas e guitarristas). Após ouvir este Consolers of the Lonely já não tenho tanta certeza de que esta seja uma boa idéia, pois enquanto o último lançamento da dupla Jack e Meg White, Icky Thump, de 2007, é um bom disco, o segundo do Raconteurs fica devendo bastante em relação ao seu álbum de estréia.
O novo trabalho até começa bem, com a vigorosa Consoler of the Lonely, seguida pelo primeiro single, Salute Your Solution. E é a partir desse ponto que se começa a notar que Jack White dominou as novas composições. Ou ao menos dominou os vocais. Brendan Benson parece ter ficado relegado ao segundo plano. Ele só aparece pela primeira vez na quarta faixa, Old Enough, e mesmo assim dividindo os vocais com Jack. Então lá se vai um dos pontos a favor da banda: a dinâmica entre os vocais e o próprio fato de que dois vocalistas ajudam a dar mais frescor a um álbum.
Posto isso, as músicas estão mais trabalhadas, o que se reflete em sua duração. No entanto, perderam a urgência do primeiro álbum e, ouso dizer, estão mais genéricas. Depois de várias audições, nenhuma delas ficou na minha cabeça como acontecera com seu disco de estréia.
Estão lá a mistura de Blues e Rock, as guitarras rascantes e as baladas fofinhas. Faixas como The Switch and the Spur, com seu trompete Mariachi e Top Yourself, com sua guitarra com slide, mostram o que a banda pode fazer quando está inspirada.
Já outras, como Five on the Five e Rich Kid Blues, parecem mais sobras do White Stripes e nada acrescentam. São o tipo de faixa que não são ruins o bastante para serem puladas, mas não são boas a ponto de serem lembradas. Simplesmente entram por um ouvido e saem pelo outro.
A sensação é de que o disco inteiro está com o freio de mão puxado. As composições têm potencial para decolar, e em muitos momentos parece que vão fazê-lo, mas isso nunca acontece.
Em um trabalho com 14 faixas, onde apenas quatro são realmente muito boas, você percebe que faltou o tesão que transpirava das apenas 10 músicas de Broken Boy Soldiers. Clássico sinal de que quantidade nem sempre é sinal de qualidade. E ainda bem que Jack White não seguiu o meu conselho e o White Stripes continua aí. Ao menos eles não erram tanto.
