The Adventures of Tintin: The Game

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Como de praxe em grandes blockbusters, o filme As Aventuras de Tintim teve seu lançamento acompanhado de um game. Mas também é praxe que filmes baseados em games sejam bem fracos. São raríssimas as exceções, como Watchmen: The End is Nigh, X-Men Origins: Wolverine (esse é melhor que o filme) e, claro, Scott Pilgrim vs. The World. Será que a criação máxima de Hergé vai se juntar a esse time? Continue lendo para descobrir. =]

A PRIMEIRA IMPRESSÃO NEM SEMPRE É A QUE FICA

A primeira impressão de The Adventures of Tintin, meu amigo delfonauta, é péssima. Os gráficos são fracos e a cena de abertura, na qual você controla o cachorro Milu, é entediante e tem um tutorial que não ajuda em nada (eu só fui ver os “rastros” que devia seguir depois de avançar bastante no jogo). Depois disso, você assume o controle do próprio Tintim, em uma perspectiva em 3D tradicional que é tão chata quanto a abertura.

Depois de um tempinho, no entanto, o jogo vai para a perspectiva em 2.5D, e aí sim a diversão começa. Depois disso, o 3D só volta a aparecer em alguns momentos específicos nos quais você simplesmente anda pelo cenário. O grosso do jogo mesmo é em 2.5D, e é bom que seja, pois essas partes são muito legais.

The Adventures of Tintin parece um daqueles jogos antigos de computador, como o Prince of Persia original. Você pula, escala, corre, pega chaves, abre portas e, de vez em quando, sai na porrada.

O combate em si é bem simples, mas os momentos de pancadaria são temperados com um sabor stealth. Mas não se preocupe se for visto, pois os inimigos são bem fraquinhos e fáceis de derrotar. Ainda assim, é bem mais satisfatório derrotar todos sem ser visto, usando coisas como cascas de banana, bolas ou, claro, o velho truque do “derrubar um lustre na sua cabeça”.

Lembra quando eu falei que os gráficos eram ruins? Isso é verdade nos momentos em 3D, mas na perspectiva tradicional eles ficam bem legais, até por causa do charme inerente a jogos em 2.5D.

O lado negativo é que praticamente o jogo inteiro acontece em cenários sem graça, como porões ou calabouços. Seria legal se o visual fosse tão colorido e inspirado quanto o do filme, e não tão azulado e comum.

COOPERATIVO

Na campanha single-player, você joga através da história do filme. Além disso, ele tem uma campanha extra totalmente separada, criada para ser jogada em cooperativo (mas que também pode ser jogada sozinho, caso você não tenha amigos). A história desse modo rola logo depois do final do longa. Nela, Haddock leva uma pancada na cabeça e as fases são as alucinações dele. E quer saber? É maior legal!

Os puzzles que, no single player são simples demais, aqui são planejados para serem resolvidos por duas pessoas e ficam bem mais legais. O paradigma é aquele que ficou famoso com Lego Star Wars. O jogo é bem fácil, mas se você morrer, apenas perde algum dinheiro e volta a aparecer no mesmo lugar. Isso torna The Adventures of Tintin o jogo ideal para curtir com a patroa, caso ela ainda não tenha sido atraída pelo lado gamer da força.

Também seguindo o paradigma de Lego Star Wars, você joga cada fase com os personagens específicos dela, mas depois pode jogar de novo tendo à sua disposição vários outros personagens. Isso possibilita que você pegue tesouros anteriormente inalcançáveis e, quanto mais tesouros pegar, mais coisinhas vai destravar.

O cooperativo é a melhor coisa de The Adventures of Tintin e é realmente divertido, então não deixe de jogá-lo!

MINIGAMES

Além do cooperativo e do single-player, tem também uma coleção de minigames, e a maioria deles pode ser jogado com o PS Move. São coisas como tiros ou lutas de espada onde você tenta bater seu recorde fazendo cada vez mais pontos.

A qualidade é variável. Os de luta de espada são muito legais. Os de tiro também são divertidos. Mas alguns outros, em especial os do aviãozinho, são bem menos viciantes e menos apropriados para o controle do Move.

Esses minigames também aparecem na campanha principal, mas lá você não pode usar o Move. É bastante estranho, já que eles parecem ter sido criados especialmente para um controle de movimentos (no de espada, por exemplo, você só ataca, ele anda sozinho) e perdem totalmente o propósito quando jogados no controle tradicional.

PACOTE

O single player durou por volta de cinco horas para mim. O cooperativo durou um pouco menos, e daí temos os minigames. Seria muito fácil recomendar The Adventures of Tintin se ele fosse um jogo baixável, vendido na rede dos consoles por 10 ou 15 dólares. O próprio gênero, de plataforma 2D, só está tendo o revival atual por causa desses jogos baixáveis. E temos coisas muito, muito boas, como Outland, custando apenas 10 dólares.

Mas The Adventures of Tintin é um jogo em disco e, como tal, acaba competindo com jogos como Assassin’s Creed Revelations, que trazem muito mais conteúdo pelo seu dindin. Ok, a proposta e o público-alvo não são os mesmos, mas o próprio Lego Star Wars tem mais tempo de diversão empacotado no disco.

The Adventures of Tintin, ainda que custe menos do que um jogo em disco tradicional, tem cara e sabor de jogo baixável. Se fosse o mesmo preço de um Outland (plataforma 2D com mais ou menos a mesma duração deste), seria uma escolha difícil. Assim, por mais divertido que seja, fica difícil recomendá-lo sobre outros jogos 2D tão bons quanto, mas vendidos a preços menores na PSN ou na Live Arcade.

Se você está sedento por um plataforma 2D ou gosta muito do Tintim, no entanto, terá aqui um final de semana bem divertido com a patroa ou com os filhos. Fico feliz por dizer que The Adventures of Tintin se junta aos jogos citados no início da resenha como uma boa adaptação de um filme. Espero poder dizer isso de vários outros no futuro.

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