Taí um livro que pode ser considerado o suprassumo do anticomercial. Metade de seus leitores potenciais é espantada por seu título bizarro, a outra metade é afugentada por aquela que deve ser facilmente a capa mais feia e tosca de todos os tempos. Aos poucos bravos que restaram e resolveram encarar seu conteúdo, a surpresa positiva é que temos aqui boa literatura, ao contrário do que possa indicar a embalagem.
O escritor colombiano Efraim Medina Reyes é a definição do sujeito “figura”. Fora posar pelado para a capa de seu livro, o cara fundou uma empresa com o sensacional nome de Fracasso Ltda. (ela até foi parar nas histórias do livro) e é dono de um senso de humor seco, mordaz e politicamente incorreto.
O livro traz várias pequenas histórias, manuais, trechos de roteiros e cartas, os quais podem ser lidos numa boa em separado e fora de ordem, mas que no fim das contas acabam por formar uma trama mais ampla, embora ainda assim bastante solta na forma como esses elementos se encaixam.
A história principal gira em torno do alter ego de Efraim, Sérgio Bocamole, jovem escritor às voltas com pouco dinheiro, muita bebida, mulheres e sua turma de amigos metidos a artistas e intelectuais. Suas noitadas, desventuras e visão de mundo peculiar são narradas de maneira direta e cheia de sarcasmo, tornando a leitura bem engraçada, ainda que na maioria das vezes ela não caminhe necessariamente para algum lugar.
O melhor mesmo, contudo, são os manuais presentes. O que ensina a pegar mulheres é, fácil, aquele em que o senso de humor de Reyes atinge o pico, e é de rolar de rir de tão engraçado. O negócio não deixa nada a dever à nossa própria coluna Cafajestadas Delfianas e não me surpreenderia em nada se Efraim Medina Reyes se revelasse um leitor assíduo dela, visto que há muitas lições similares contidas no livro.
O manual que ensina qualquer Zé Mané a se tornar um homem interessante também é bastante divertido e outro ponto alto da leitura. Contudo, como se trata de um trabalho fragmentado, composto por diversos pedaços soltos e em diversos formatos, rola aquela tradicional irregularidade. Há ótimos momentos, como os já citados, e outros não tão interessantes.
Por sorte, é uma leitura rápida e fluida, o que evita que essas passagens menores do livro se tornem chatas ou entediantes. E por ser constituída por montes de pedaços bem pequenos, dá para controlar melhor o tanto que se deseja ler a cada vez e isso também ajuda a cansar menos.
Sendo assim, para quem aprecia um livro divertido e com senso de humor mais na veia e cafajeste, Técnicas de Masturbação Entre Batman e Robin é uma leitura aprazível e bacana. Uma boa surpresa, provando que não se deve julgar um livro pela capa.
CURIOSIDADE:
– Na imagem da ficha técnica não dá para ver direito, mas a revista que o autor Efraim Medina Reyes está usando para tapar suas partes pudentas é um gibi do Wolverine. Aí eu me pergunto: não faria mais sentido um do Batman?