Quando recebi Strike Vector EX para resenhar, fiquei bastante empolgado. O motivo era o jogo aparentar ser uma versão aprimorada e de gente grande das fases de navinha de Lego Star Wars: The Force Awakens, o que me animou deveras.
Oras, se você já jogou as referidas fases do último jogo da série Lego, sabe que elas são muito, muito divertidas. Não só os comandos são simples como a movimentação é intuitiva e você realmente se sente no controle de uma X-Wing. E, ao ver o trailer de Strike Vector EX, imaginei que a empresa tivesse levado essa sensação a outro nível. Saca só o trailer aí embaixo e me diz se não parece legal.
Mas, como você já deve ter reparado, a minha opinião é que o jogo só parece legal. E, apesar de muito bem acabado tecnicamente, ele simplesmente não funciona da forma esperada. Mas, antes de desenvolver isso, vamos falar do que Strike Vector EX apresenta.
NAVINHA NÃO, VECTOR
O modo história do jogo, trocando em miúdos, cumpre a função de tutorial para o que vamos encarar no online. Verdade seja dita, os personagens que encontramos são todos bastante rasos e o fato de eles se manifestarem através de caixas de texto não ajuda muito a torná-los mais aprazíveis. Fica patente que o modo história existe para ensinar as mecânicas que serão utilizadas no multiplayer, e isso me incomodou um bocado. Não tem problema o seu jogo ser focado no online (Titanfall e Evolve fazem isso), então, se for colocar um modo história, que seja de forma sólida.
A parte boa é que a história é completamente ignorável, o que faz sobrar tempo para observar o que importa. Inicialmente, fiquei um tanto surpreso com a beleza do jogo. As construções flutuantes são extremamente bonitas e os cenários são amplos e detalhados, garantindo que o jogo transpire originalidade.
Indo além, os próprios Vectors são interessantes, e o design visual diferenciado se encaixa muito bem com algumas mecânicas únicas que ele possui (como um pequeno dash lateral que você pode dar para escapar de tiros, assim como a opção de se voar para cima, para baixo e para os lados além do tradicional vôo para frente). De fato, a apresentação visual aqui é tão boa e consistente que eu me espantei ao me deparar com o fato de que, enquanto jogo, Strike Vector EX simplesmente não funciona.
OS PROBLEMAS
O primeiro problema é que os cenários são grandes demais, e você passa mais tempo do que deveria procurando inimigos para poder atirar. Não bastasse isso, você sempre corre o grande risco de, assim que encontrar um inimigo, ver que ele está vindo na sua direção e não conseguir acompanhá-lo – o que faz com que você o perca e tenha que procurar novamente. É tempo demais que você passa se localizando e tempo de menos atirando.
Isso faz com que, para otimizar as lutas, você comece a ficar parado. Afinal, fica mais fácil achar um desafeto quando você só fica ali, observando os arredores, para se posicionar adequadamente e, a partir daí, acelerar atrás dele. E quando a vida está baixa, a tática se repete: você sai da linha de tiro de quem quer que esteja te perseguindo, e então fica parado procurando os itens de heal que estão pelo cenário. Isso tira o ritmo frenético que uma luta de naves deveria ter, deixando o jogo com gosto de pastel de palmito.
Quanto ao modo online, a coisa não muda muito de figura. É verdade, o fato de enfrentar pessoas de verdade torna a jogatina mais fluida e devo dizer que me saí bem mesmo sendo novato – matei bem mais do que morri, um parâmetro que passei a usar desde que descobri que é como o Corrales faz. No entanto, essa mudança de ritmo ainda existe, e está presente o bastante para me incomodar. Sendo sincero, simplesmente não achei legal ficar parado procurando gente para matar.
O GUIA QUE MEXEU COM A MINHA CABEÇA
Mas eu não poderia deixar de citar uma coisa que achei um tanto inusitada. A desenvolvedora, ao nos mandar o jogo para resenhar, mandou também um guia com táticas e formas de abordagem para o modo online. O guia vinha detalhado o suficiente para mostrar as muitas possibilidades que você poderia ter ao escolher certos tipos de loadouts, como Shotgun Stunner e Ultimate Tank, bem como algumas estratégias para utilizar as armas no momento certo.
Esse guia me deixou com sentimentos mistos, por assim dizer. É o tipo de coisa que existe muito em eSports de maneira geral, e por ele dá para ver que a equipe realmente se esforçou em fazer um modo competitivo robusto, algo que não nego ter sido feito. O que penso é que, ainda assim, o jogo não funciona.
O meu ponto é que dá para um jogo ser denso, complexo e detalhado sem ser, no entanto, divertido. Pegue por exemplo Halo 5, que o Corrales considerou o melhor jogo de 2015 e que eu considero um tanto quanto sem graça. É um jogo com muitas opções e bem colorido, mas, para mim, é muito pasteurizado, que me passa a impressão dos tiros não terem nenhum impacto.
Ora, um shooter onde não há graça em atirar é algo que considero bem decepcionante, assim como um jogo de navinha onde não é legal voar e atirar. Ainda assim, a complexidade de um jogo vai além da jogatina, e por mais que eu diga que não é divertido jogá-lo, não posso dizer que o seu gameplay é simplório.
O VEREDICTO VOADOR
Termino essa resenha não recomendando ou deixando de recomendar Strike Vector EX, mas dando uma sugestão: veja vídeos pela internet. Eu não achei o jogo particularmente divertido, pois a forma como ele aborda as lutas de navinha não me apeteceu. No entanto, o cuidado que existe no visual e a densidade tática presente fazem com que ele possa agradar a certos jogadores.