O Slipknot, no fim de 2014, lançou um novo disco. Se você gosta de metal, eu tenho certeza de que isso não é novidade para você, e, sabendo que você está lendo isso no DELFOS, eu diria que tem 90% de chance de você não ter se importado nem um pouco com a notícia.
O fato é que o Slipknot, apesar de provavelmente ser, junto com Metallica, Iron Maiden e Avenged Sevenfold, a banda mais popular de Metal da atualidade, ela não é muito popular aqui no Oráculo: ao fazer uma pesquisa com o nome “Slipknot” aqui no site, você só acha notícias. Nada de críticas de shows ou resenhas de discos, apenas notícias.
Isso se deve ao fato, é claro, de o Slipknot não ser uma banda cujo público é o mesmo do DELFOS, e faz todo o sentido a banda não ter quase espaço nenhum aqui no site. Mas pense comigo, delfonauta: se sair um disco novo do Metallica ou do Iron Maiden, ele com certeza será resenhado aqui, não vai? Então por que o Slipknot tem que ser ignorado? Afinal, se vamos cobrir tanto a cena underground quanto a nata do Heavy Metal, temos que fazer isso indiscriminadamente.
E O TRABALHO SUJO SOBROU PARA…
…mim, o Luiz. O calouro do DELFOS vai ser o responsável por resenhar o disco mais falado de 2014 pelo único motivo de ser calouro. Obviamente, eu queria mesmo era resenhar algum disco do Manowar, mas o Lucas ameaçou fazer pipi abençoado por Odin na minha foto se eu não me resignasse em meu lugar de calouro. Como se não bastasse, o Ditador Supremo, vendo tamanho desvario, já me deixou de sobreaviso para resenhar o próximo disco da Beyoncé. Pois é, ossos da vida de calouro.
O problema é que, apesar desse disco ter atingido o primeiro lugar da Billboard 200, dá para contar nos dedos a quantidade de delfonautas que está mesmo interessado em saber como ele ficou. Sendo assim, é provável que o único atrativo deste texto, para a maioria dos delfonautas, seja mesmo o Padrão Delfiano de Qualidade que ele possui. Mas, ei, isso já não é o maior legal? =]
O DISCO EM SI
Apesar de ter crescido bastante desde o seu primeiro disco e já ter lançado outros quatro trabalhos após ele, o ápice da banda foi mesmo em Iowa, um disco tão pesado e insano que agradou até a um fã de Pantera como eu. O problema foi que depois a banda foi seguindo um caminho diferente, não tão agressivo e bem mais pasteurizado. Vol. 3: The Subliminal Verses e All Hope Is Gone têm bons momentos, mas não chegam nem perto do que Iowa apresentou.
Este disco segue o mesmo caminho dos outros, porém mais agressivo e menos pasteurizado do que seus antecessores. Isso o coloca como o melhor lançamento da banda desde Iowa, mas ainda assim é um disco fraco em comparação a este último. Porém, você vai ver que o disco tem bons momentos, e o primeiro deles é logo a primeira música.
WALK WITH ME
XIX é uma faixa difícil de explicar por não ser rápida mas, ao mesmo tempo, ser extremamente pesada. A performance de Corey Taylor ficou espetacular, criando um clima bastante contagiante e que, em um show, promete ser assustador. A música seguinte, Sarcastrophe, é uma volta à atmosfera de Iowa, sendo uma verdadeira paulada na orelha, e isso deixa a entender que o disco seguirá por esse caminho. Infelizmente, não é isso que acontece.
AOV, a terceira música, também é pesada, mas já não tem a mesma força que a anterior. De fato, ela parece saída diretamente do Vol. 3: The Subliminal Verses – um disco em que o som da banda, apesar de pesado, está muito mais insosso, com a banda apostando em vocais limpos. E para mostrar que o problema não são os vocais limpos e sim a construção da música, a faixa seguinte, The Devil In I, vem bem a calhar.
Ela não é a mais pesada do disco, mas com certeza tem seus méritos, sendo calma e contagiante como XIX na maior parte do tempo – e se digo “na maior parte do tempo” é porque o refrão é uma verdadeira paulada na orelha. Confira o clipe aí embaixo.
Em seguida vem Killpop, que é completamente descartável. Ela segue aquele estilo “balada dark” que muitas bandas já fizeram com muito mais qualidade – quem aqui se lembra de This Love e Hollow, do Pantera? Skeptic, a faixa seguinte do play, não tem nada de espetacular e a princípio seria uma música nada, mas como o início dela determina que Killpop acabou, o alívio fez com que eu a ouvisse com mais prazer.
Contudo, o alívio não durou muito. Lech é outra descartável, daquelas que ninguém ouve e que só existem para preencher espaço no CD. Goodbye, por outro lado, é outra “balada dark”, mas uma que funciona bem melhor do que a sua antecessora. Ela demora a engrenar, é verdade, mas quando isso acontece o resultado final é satisfatório.
Nomadic é uma daquelas que muito dificilmente se tornarão clássicos de show, mas que mesmo assim divertem bastante, onde o fato de não ser tão pesada é compensado pelo refrão divertido. O problema é que, mais uma vez, após uma música boa vem outra ruim – nesse caso, atendendo pelo nome The One That Kills The Least. Ela era para ser uma música-nada, o problema é que o refrão absurdamente ruim faz tudo ir por água abaixo.
E agora vem o melhor momento do disco: A trinca Custer, Be Prepared for Hell e The Negative One faz a banda voltar às suas raízes, fazendo um som ao mesmo tempo pesado e com bastante groove. Se você, assim como eu, estava esperando por algo próximo dos primeiros discos da banda, é para cá que você deve vir.
Por último, vem a melhor balada dark do disco. If Rain is What you Want faz exatamente tudo o que as suas antecessoras tentaram e não conseguiram, e cria um clima genuinamente denso, sem parecer forçado. Por fim, acaba sendo uma ótima forma de terminar um disco um tanto irregular.
YOUR CHOICES ARE THE NEGATIVE ONE IN ME
.5: The Gray Chapter traz uma evolução natural da banda, alinhando elementos dos discos anteriores e tendo como resultado algo melhor do que os dois últimos lançamentos. Contudo, a irregularidade faz com que fique a impressão de que daria para ser melhor. O disco tem algumas faixas realmente muito boas, mas se a banda pretende lançar algo que faça frente aos primeiros discos, vai ser preciso fazer mais do que o que foi feito desta vez.