Se você também está cansado dos RPGs de mundo aberto, clones de souls e metroidvanias 2D que habitam o mundo dos games hoje em dia, eu tenho uma sugestão para você. Simulacra é um jogo único. Eu não me lembro de ter jogado nada como ele antes. É o tipo de risco que a indústria deveria correr mais. Infelizmente, ele é também muito quebrado, e eu não consegui terminá-lo devido a problemas técnicos que encontrei.
SIMULACRA
A proposta é bem simples e fácil de entender. Você é você. Sim, você mesmo. Gente boa. Inteligente. Leitor do DELFOS. Daí um dia encontra um celular na porta da sua casa. O que você faz? Ora, ligar o bichinho e tentar encontrar o dono, certo? Pois quando faz isso, aparece um vídeo de uma moça aparentemente morrendo de medo, e pedindo para não ir atrás dela.
Durante o jogo inteiro, você vê apenas o telefone. Através de uma xeretagem, você descobre que ele pertencia a Anna, e a partir daí pode browsear os apps e as mídias salvas no app. Dá para ler e-mails, bisbilhotar redes sociais, ver fotos e vídeos gravados por Anna, e até conversar com seus contatos. Seu objetivo é encontrar a Anna.
Apesar de ser totalmente diferente de qualquer outro jogo, ele se desenvolve exatamente como você imagina. A sensação de jogar é a mesma de entrar em um telefone de outra pessoa. Tem algumas partes com alguma gamificação, em que você deve adivinhar senhas ou organizar a ordem das palavras em mensagens de texto, mas isso não é o foco e sinceramente nem é muito interessante. O legal mesmo é o mistério, e o roteiro.
Boa parte do jogo você passa em chats com alguns contatos da Anna. Você tem opções de resposta, o que influencia a história. Em quem confiar? Será que o namorado dela era abusivo? E os matches de Spark (o Tinder do jogo), são suspeitos? Alguns deles podem ajudar a solucionar o mistério, ou atrapalhar.
O roteiro é muito bem escrito. Não interessava o que eu escolhia nos chats, a resposta sempre fazia sentido. E o mistério é bastante intrigante, ainda que eu tenha sentido durante minha campanha que a jornada é mais interessante do que a solução, mais ou menos como em Firewatch.
XERETA
Para falar a verdade, Simulacra não é exatamente divertido. Ele é mais interessante. É criativo, e dá vontade de ver até o fim. Mas é também um tanto entediante, assim como seria mexer no telefone de outra pessoa. Especialmente em momentos que ele exige que você escreva algumas coisas. No PC ou em celulares, deve funcionar melhor, mas no Xbox One é terrível, especialmente porque ele não reproduz os atalhos que os teclados do sistema usam, como o R2 funcionar como enter (que, você sabe, são os mesmos no PS4 e no Xbox One, então o jogo podia funcionar igual).
Mas o pior mesmo são os problemas técnicos, que me impediram de chegar ao final.
GAME BREAKING BUGS
Acredito que meus problemas aconteceram perto do final. Em determinado momento, você precisa descobrir o contato de uma agência chamada Phresh Ideas e de uma celebridade das redes sociais chamada Cassie. Eu consegui os contatos, e ambos me chamaram no chat dizendo algo como: “espere um pouquinho que em breve nós conversamos”.
Eu vi uns vídeos de gameplay, e aparentemente o chat deveria continuar quase imediatamente. Porém, para mim ele nunca continuava. Cheguei a deixar o jogo ligado por mais de uma hora, e nada. Reiniciei o jogo e o videogame, e dava na mesma. A história simplesmente não progredia.
Outro problema menos grave aconteceu no chat com o personagem Greg, em que ele passou a repetir um diálogo de algumas horas atrás. Se eu dava corda para este diálogo, eventualmente o jogo travava. Não sei se a história ainda exigiria que eu tivesse que ter algum diálogo com o Greg – o que também tornaria este um game breaking bug – mas o que me impediu de continuar foi o que explquei anteriormente.
Eu estava jogando Simulacra 15 dias antes do lançamento no Xbox One, então é possível que isso seja solucionado até a publicação desta resenha. Entrei em contato com a assessoria de imprensa que forneceu o código de review avisando do problema. Eles responderam que eu fui o único a relatar isso e que iriam investigar, para ter o bug corrigido no lançamento.
Infelizmente, eu não vou conseguir jogar a campanha inteira de novo para ver o final e escrever uma análise propriamente dita, então este é um relato da minha experiência com o jogo. Uma vez que ele seja consertado, e funcione devidamente, eu o recomendo baseado em quão diferente e criativo ele é. Mas não conseguir terminar por problemas técnicos é extremamente frustrante.