Robôs

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O melhor desenho desde Procurando Nemo. Pronto. Se você quer apenas saber se Robôs é bom ou não, aí está. Pode ir assistir. Hum… Ainda aqui? Quer saber mais? Ok, ok, vamos nessa.

Amplamente divulgado como sendo “Dos mesmos criadores de A Era do Gelo”, Robôs simplesmente não precisava deste artifício. Ora, A Era do Gelo é um desenho até legalzinho, mas está muito longe da qualidade de um longa da Pixar. Agora, esse Robôs é simplesmente fenomenal, misturando as melhores características dos desenhos da Pixar (leia a resenha de Os Incríveis) e da série Shrek, como o humor escrachado, o visual requintado, a trilha sonora decente e as citações a outros filmes, das quais nem o quase esquecido Moonwalker escapou.

O próprio elenco original já demonstra que vem coisa boa. Saca só os nomes: Ewan McGregor (de Peixe Grande) é o protagonista Rodney Lataria, Halle Berry (a grande vencedora do Framboesa de Ouro, por Mulher-Gato) é a robozinha Cappy, Robin Williams (de Anjo de Vidro), que já havia mostrado que entende de dublagem ao dublar o Gênio do fenomenal Aladdin, repete aqui o que faz de melhor: alívio cômico, dublando o divertido Manivela, que vive perdendo suas peças e rouba a cena sempre que aparece. Manivela promete ser o personagem preferido da criançada (e de muitos adultos, embora o meu preferido tenha sido o caladinho Diesel).

Também não posso deixar de citar outros atores que assumiram personagens mais secundários, mas que também mandam muito bem, como o comediante Drew Carey, que faz dupla de alívio cômico com Robin Williams e o diretor Mel Brooks, que nos presenteou com alguns clássicos do humor, como S.O.S. Tem um Louco Solto no Espaço e História do Mundo Parte I, que assume o papel do “maior robô do mundo”, o Grande Soldador.

O elenco da versão dublada novamente insiste no erro de colocar globais (no caso, Reinaldo Gianecchini) que mal sabem atuar para dublar (o que é ainda mais difícil). E pior, alguns deles nem atores são. É o caso da MTViana Marina Person que faz Cappy, personagem de Halle Berry. Bem, tudo bem que Halle Berry também não é exatamente uma tremenda atriz, mas… Enfim, nem tudo está perdido, pois o elenco brazuca conta com o sensacional Guilherme Briggs, esse sim um dublador de verdade. Para quem não sabe, o cara é o responsável por uma das melhores dublagens nacionais de que se tem notícia (e uma das poucas que superaram o original) ao assumir o super-herói dos nerds, o divertidíssimo Freakazoid. Mas como assisti a versão legendada, não posso dar opinião sobre a dublagem, então pode ser que seja até melhor do que se espera. Afinal, Irmão Urso (a primeira resenha publicada no DELFOS) também tinha globais e até que ficou legal.

Bom, falei sobre o elenco, comparei com outros filmes, mas não comentei nada sobre a história. Palma, palma, não priemos cânico, amigo delfonauta. Falaremos sobre isso agora mesmo. Robôs nos leva a uma sociedade imaginária habitada apenas por robôs (pausa filosófica: se robôs precisam ser construídos e não existem seres humanos, como surgiu o primeiro robô?). Apenas a hilária seqüência inicial, que mostra as peculiaridades dessa sociedade já é suficiente para fazer a platéia rolar no chão de tanto rir. É um daqueles casos onde o filme já começa maravilhosamente bem e continua com tudo até o final.

Pouco depois, conhecemos Rodney e o acompanhamos em seu crescimento, até que ele se torna um jovem e brilhante inventor, que só quer uma coisa na vida: conhecer o gentil Grande Soldador, dono de uma empresa que está sempre aberta a novas idéias e cujo slogan é: “Você pode sempre brilhar, não interessa do que seja feito”. Para alcançar seu sonho, o corajoso garoto compra uma passagem só de ida para a cidade grande chamada Robópolis. E nós o acompanhamos em sua viagem. Como em todo bom desenho, o enredo não traz grandes novidades. É apenas uma desculpa para muitas piadas e confusões. E isso Robôs faz muito, muito bem.

Pois é, mais um filme que deve acompanhar Volta ao Mundo em 80 Dias na minha lista de Melhores do ano. Além disso, Robôs se junto à seleta galeria de filmes que levam o Selo Delfiano Supremo (pausa para as cornetas). Até agora o selo ainda não existe oficialmente, mas já tem em seus premiados o supracitado Volta ao Mundo em 80 Dias, Capitão Sky e o Mundo de Amanhã e Homem-Aranha 2. Preciso falar mais? Robôs é imperdível! Robôs estréia hoje, 18 de março.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
robosPaís: EUA<br> Ano: 2005<br>