Já falei bastante aqui da minha relação com a série Myst e suas continuações. Pois depois de muitos remakes de Myst, finalmente a Cyan Worlds resolveu dar um pouco de amor para sua primeira continuação. Refiro-me, claro, a Riven Remake, que saiu para Windows e Meta Quest no final de junho, e deve sair um dia para consoles.
Se Myst era absurdamente impressionante quando de seu lançamento original, Riven conseguiu ser ainda mais. Porém, ele também aumentou as apostas nos quebra-cabeças. E estes, se já eram complicados antes, ficaram ainda mais em Riven.
Quando comprei a coleção completa para PC, lá na época de outrora, até terminei Myst, mas Riven ficou complicado demais para mim. Eu acabei desistindo e nunca cheguei a jogar os seguintes. Pensei que o remake seria uma boa oportunidade de tirar esta aventura da minha pilha da vergonha. Mas não. Riven é complicado demais para mim, e exige um investimento de atenção que eu simplesmente não estou mais disposto a dar para uma atividade de lazer.
RIVEN REMAKE
O Riven original era praticamente um point and click. Basicamente, você clicava na direção para a qual queria andar e um filminho da movimentação tocava. Por isso seu visual pré-renderizado era tão impressionante. Parecia que a galera da Cyan Worlds filmou o mundo do jogo, que obviamente não existe.
O mágico deste remake é que o visual foi quase totalmente passado para Unreal Engine, e agora você pode se movimentar e mexer na câmera livremente, como qualquer outro jogo moderno em primeira pessoa. Vendo comparações, é inegável que alguns detalhes que estavam nos vídeos originais sumiram, mas mesmo assim a recriação é impressionante e o visual é de cair o queixo. As pessoas que eram literalmente filmadas agora estão no jogo em computação gráfica, o que, convenhamos, é um retrocesso. Mas é algo raro neste jogo, e provavelmente por isso a Cyan não se preocupou tanto em refilmar tudo com novas tecnologias.
WINDOWS E VR
A versão de Windows inclui opção de jogar em panqueca ou em VR, ou então você pode comprar uma outra mais simples para Meta Quest, que roda apenas nesta plataforma. Uma vez que dá para conectar o Meta Quest no Windows e usar a versão de Steam, este parece o caminho da vitória para mim.
Poder se movimentar e olhar para onde quiser neste mundo mágico e estranho de Riven é uma sensação indescritível para quem antes só clicava e assistia a filminhos. E o que eu mais gosto nestes jogos, desde aquela época, é justamente a exploração. A sensação de existir neste mundo. Muito mais do que resolver seus quebra-cabeças.
OS QUEBRA-CABEÇAS
Este é o ponto que me incomoda. É tudo extremamente complicado e confuso. Há um monte de símbolos e números que são diferentes em cada partida, então você literalmente precisa aprender os idiomas cada vez que joga. Você pode entender a lógica da tradução – e para isso pode usar guias – mas precisa traduzir tudo por conta própria. Foi aqui que Riven me perdeu. Se for aprender um idioma novo hoje em dia, vou estudar japonês ou francês, não uma língua fictícia de um jogo.
Eu até comecei a jogar Riven com intenção de terminá-lo, mas quando vi a complexidade dos quebra-cabeças e o fato de que não poderia buscar as respostas online, desanimei rapidamente.
A nova jogabilidade, que permite olhar para qualquer lugar, também deixa tudo ainda mais complicado. As áreas “clicáveis” não são destacadas visualmente. E elas costumam ser bem sutis. Teve muitas vezes que eu tinha que mexer numa alavanca que estava literalmente na minha frente, mas só consegui vê-la quando vi comentários online de onde ela ficava. É um problema bem específico, que vem quando você combina a liberdade e os detalhes minuciosos deste remake, e são um grande argumento a favor da “tinta amarela”.
PERFORMANCE NO WINDOWS
Este é o ponto que mais me incomodou. Eu consegui, em uma RTX 3070, rodar com tudo no máximo, a 1440p, DLSS qualidade. O fps ficava acima dos 120 a maior parte do tempo. Mas o problema era a instabilidade. O jogo dá engasgos constantes, inclusive caindo abaixo dos 30 fps com frequência. Isso acontece sempre que estou explorando a ilha, e não sei se são causados por shader compilation, mas o fato é que a performance nunca melhora.
Tentei diminuir consideravelmente as opções, e consegui rodar o jogo a 240 fps (o máximo do meu monitor), mas os engasgos continuavam. Parece que não é um problema da configuração do jogo. Talvez seja algo do meu próprio Windows e não aconteça com você, mas esta foi minha experiência. Mesmo conseguindo rodar com tudo no máximo e alta resolução, eu ainda queria jogar no console. Batata que as configurações estarão mais baixas quando ele sair para PS5 e Xbox, mas acredito que a otimização será melhor e o framerate mais constante.
RIVEN REMAKE E O PRAZER DE EXISTIR NUM MUNDO DIGITAL
Eu me frustrei por não ter jogado até o final, mas ao longo de cinco horas, explorei bastante e resolvi vários quebra-cabeças. A performance instável me incomodou um bocado, mas o prazer de explorar este lindo e misterioso mundo ainda é enorme. Seria ótimo que Riven trouxesse um modo exploração, que permitisse apenas caminhar pelas ilhas, mas na falta disso, acredito que vi bastante dele. E gostei do que vi.