Algumas desenvolvedoras se alternam entre trabalhos autorais e jobs. É o caso da WayForward. De um lado, eles têm Shantae. Do outro, Contra. Eu gosto dos jogos deles, normalmente em ambos os casos. Tanto que fui atrás deste Yars Rising, não por ser uma reimaginação do clássico Yars’ Revenge do Atari 2600, mas por ter sido desenvolvido pela WayForward. Mas dessa vez deu ruim, meu camarada.

YARS RISING: METROIDVANIA CHEIO DE MINIGAMES

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Yars Rising contextualiza o original como um metroidvania. Mas na verdade isso nada tem a ver com o original. O original aparece sempre que você hackeia algo, como um minigame mesmo. Os minigames têm bastante variação, mas algo em comum: são todos muito chatos.

Em geral você precisa usar um bichinho para morder o objetivo e juntar energia. Daí deve ir para um campo de força que vai materializar um canhão, que pode finalmente destruir o objetivo. E no meio do caminho você será atacado por bichinhos ou tiros. Há alguma variação, mas este é o básico. Eles podem durar de cinco segundos a mais de um minuto, mas a sensação de um WarioWare chato.

WARIOWARE CHATO

Esta é a cara do minigame.

É possível ativar invencibilidade, o que faz estes minigames serem batalhas contra o tempo. Mais quebra-cabeças e menos joguinhos de ação. Mas infelizmente não dá para desativá-los totalmente, e basicamente tudo que você faz no jogo, de abrir portas a pegar upgrades, é alcançado depois de um ou mais destes minigames.

A parte metroidvania talvez seja o principal, é claro, mas ela nada faz para se destacar de tantos jogos melhores do gênero. A WayForward é conhecida pelo visual excelente de seus jogos, mas Yars Rising é feio, não chama a atenção e não é gostoso de jogar.

YARS BOCEJANDO

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A protagonista adquire alguns poderes bem tradicionais do gênero, como tiro, míssil e afundar na água. Não tem nada aqui que você não tenha visto antes e, em geral, mesmo o que é extremamente comum, consegue ser pior. É o caso do pulo duplo, por exemplo. O level design não empolga, nem em mecânicas nem em visual, então jogar beira o sofrimento.

Perto do final, o jogo te manda voltar para vários cantos do mapa onde já tinha passado antes, o que foi a gota d’água para mim. E mesmo assim Yars Rising é um jogo bem curto, que termina em cinco ou seis horas. Mas são seis horas de sofrimento, não de deleite.

BOAS IDEIAS

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O Missile Commander é uma das boas ideias.

Ocasionalmente, tem alguns traços do enorme talento que a WayForward mostra em seus outros títulos. O chefe Missile Commander, por exemplo, é uma paródia divertida do Missile Command, clássico do Atari. Aliás, o humor – bem como as interpretações – são um ponto alto.

O jogo acontece em uma empresa e, embora o level design seja bem básico para o gênero, nenhuma empresa é construída com plataformas e armadilhas, e a heroína constantemente questiona isso. Este é um pequeno exemplo de uma piada recorrente que sempre me arrancava sorrisos, e não é o único.

Infelizmente, apesar das boas piadas e de algumas ideias genuinamente boas, Yars Rising é simplesmente entediante demais. Não diria que é nem especialmente ruim. É genérico e chato, em um gênero saturado em que há muita coisa melhor. Assim, nem o pedigree da WayForward salva.