The Cub é uma surpresa gostosinha. Tem muito de Limbo e dos games por ele influenciados, mas tem um diferencial que, para mim, é bem bacana. The Cub é muito mais um jogo de plataforma 2D do que um puzzle de plataforma. Em outras palavras, você não anda um pouquinho e daí para de andar para resolver um quebra-cabeça. O avanço é mais constante.
Inclusive, durante boa parte da campanha, ele te incentiva a correr, tipo um Sonic mais lento e menos aberto. Em outras palavras, tem menos adrenalina que o ouriço, mas seus pulos são mais elaborados e técnicos.
REVIEW THE CUB
O que o aproxima de Limbo e o diferencia de um plataforma 2D linear tradicional é o contexto, a quantidade de coisas acontecendo. Em um desafio você está fugindo de astronautas, em outros de drones. Outros, ainda, exigem o timing correto para não ser visto. É o tipo de atmosfera e narrativa roteirizada de games como Limbo com um gameplay mais tradicional, mais Nintendinho, se é que você me entende. E isso muito me agrada.
Chama a atenção o quanto que The Cub consegue fazer com um orçamento que parece bastante modesto. O jogo nunca parece uma superprodução, mas ao mesmo tempo é sempre atraente, bem desenhado e bem animado. Tem até vozes, que tocam em cutscenes entre as fases e no rádio, embora as cutscenes das fases sejam apenas escritas.
RÁDIO
O rádio, aliás, é um golpe de mestre na narrativa. Um companheiro constante, cada fase tem uma “programação”. Esta varia entre notícias, entrevistas e, claro, músicas licenciadas. O rádio é totalmente falado e faz o levantamento pesado na narrativa, deixando claro tudo que está acontecendo.
As músicas também são excelentes. Bem variadas e com estilos que normalmente não vemos em videogames. Em determinado momento, você pode ouvir um solo de bateria de jazz, enquanto em outro algo mais new age ou até EDM. É uma das trilhas mais variadas que já vi em um game independente e se não tem tantas faixas quanto um GTA da vida (claro), é claro que cada música foi escolhida a dedo.
Como as faixas são de artistas menos conhecidos e contribuem fortemente para a atmosfera misteriosa e intimista do game, é mais um exemplo de como The Cub conseguiu fazer seu limitado orçamento render.
LIMITAÇÕES
Por ser um jogo com tanta variação, ele não é legal o tempo todo. Quando o jogo exige que você pule entre varetas, como na imagem acima, a jogabilidade mostra sua limitação. Na maior parte dos games, as varetas são colocadas no espaçamento ideal para ser gostoso pular de uma para outra. Aqui não parece ter um padrão. Às vezes seu pulo vai longe demais, às vezes menos. Outras vezes, ainda, você precisa usar o pulo duplo para alcançar a seguinte.
Embora o game seja bem generoso com seus checkpoints, alguns são colocados em locais estranhos, como antes de cutscenes não puláveis. É o tipo de erro que provavelmente é causado por falta de experiência mesmo. Então esta irregularidade e estas decisões técnicas equivocadas são o que diminuem um pouco uma experiência que é bem legal. E que não dura mais do que deveria. Dá para jogar The Cub do início ao fim em um dia, e a maior parte do tempo é agradável.
NARRATIVA DE THE CUB
A história e o clima da coisa toda também são bacanas. A maior parte dos Limbo-likes é bem dark e violento. Em comparação, The Cub tem uma leveza mais gostosa. Ele mesmo se compara com a história de Mogli, O Menino Lobo, e de fato a semelhança existe. O menino que você controla age como uma criança e normalmente não é vítima de violências extremas. Dá para morrer caindo num buraco, mas se um dos caçadores te pega, normalmente o jogo mostra você sendo capturado.
Isso combina com o visual mais colorido e desenhado a mão, que deixa o game ainda mais gostoso de jogar. The Cub tem toda a cara de ser um game que eu vou esquecer em alguns meses. Vou ver este review aqui no DELFOS e vou reler para tentar me lembrar que raios de jogo é esse. Mas agora, que acabei de terminá-lo, estou feliz de ter vivido esta aventura. Não foi especialmente marcante, mas foi agradável, e às vezes isso é tudo que queremos de um joguinho.