Slave Zero X é um jogo estranho. É a continuação de um game de 1999 disponível para Dreamcast e Windows que eu sinceramente não conhecia, chamado Slave Zero. Porém, Slave Zero é 3D. Slave Zero X é um sidescroller do gênero beat’em up, porém sem aquele chão tradicional do gênero em que você pode andar para cima e para baixo. Se liga.
O que me pegou de surpresa é que o jogo é, sim, meio 3D. E muito além do que vemos em um 2.5D tradicional. Os cenários são totalmente em 3D e, embora você só ande para a direita e esquerda, muitas vezes isso envolve curvas, que são feitas automaticamente.
O visual é uma mistura dos sprites gigantes de um game de fliperama com um 3D meio falso, que lembra bastante o que víamos em games como Doom e Duke Nukem 3D. Daí o título deste review, em que digo…
SLAVE ZERO X É MAIS DO QUE A SOMA DE SUAS PARTES
Individualmente, o jogo é sinceramente meio feio. Os personagens são enormes, mas não são tão detalhados e os cenários são intencionalmente datados. Porém, quando você vê ele funcionando, a soma de todas as tecnologias retrô que ele emprega forma um visual único e coeso, que chega sim a impressionar.
Não acho que todo mundo vai gostar do visual de Slave Zero X (eu amei!), mas é um jogo que chama muita atenção. As rotações constantes, os personagens enormes, a incrível quantidade de sangue e de personagens na tela ao mesmo tempo. E mais importante, tudo isso junto é o que torna o game realmente especial.
PORRADANDO GERAL
O combate dá um monte de ferramentas, mas para saber usá-las, você precisa literalmente entrar e ler o menu de tutorial. Tem bastante coisa, mas a estratégia que eu usei a maior parte do tempo foi usar o modo berzerk (que tem outro nome). Neste modo seus ataques recuperam sua vida e ficam mais fortes. Outra ferramenta, chamada burst, permite que você escape de stunlocks. Porém, se você usá-la durante um combo seu, a barra de berzerk fica automaticamente cheia. Em outras palavras, é possível ficar berzerkado o tempo todo. Mas para isso você precisa atacar. Sem. Parar. Caso você use o burst no momento errado, e fique sem ele e sem o berzerk ao mesmo tempo… ih, meu amigo.
Jogar Slave Zero X faz você ficar parecendo aqueles atores de Hollywood que nunca jogaram videogame na vida e precisam fazer uma cena jogando, sabe? Eles ficam apertando os botões repetidamente e com força. Então, ninguém joga assim na vida real. A não ser que o jogo seja Slave Zero X. Isso porque você não para de atacar nunca, e se parar, é porque está apanhando. Tem inimigos na tela praticamente o tempo todo, e é extremamente fácil perder toda a energia com um único stunlock. E eles te stunlockam sem dó nem piedade.
CHECKPOINTOS
Felizmente, o game tem checkpoints frequentes, e em geral se você perde uma vida, consegue passar na próxima tomando mais cuidado com o uso de suas ferramentas. Para um jogo tão difícil, eu consegui ir quase até o final numa boa. Só no último mundo que começaram a vir combinações de inimigos que realmente senti que não conseguiria vencer.
Antes disso, sentia que ia travar nos chefes. O lado ruim é que Slave Zero X não mostra a vida dos inimigos. Então você fica batendo até ele morrer. Só que quando você morre, não dá para saber quanto faltava para vencer. Desta forma, você não tem aquela sensação de “quase foi, da próxima vai”. Ao invés disso, eu normalmente estava a ponto de desistir, e de repente o chefe morria e eu falava “ué, venci?”. Daí continuava jogando até o próximo. Eventualmente, cheguei sim a um que não consegui passar, que acredito ser o penúltimo chefe.
ESCRAVO ZERO XIS-BURGUER
Como já tinha jogado bastante e inclusive ganhado uma conquista que dizia que eu vi toda a história, acabei desistindo de ficar batendo a cabeça lá até ganhar o direito de exclamar gloriosamente um “ué, venci?”. Tenho certeza que poderia repetir as fases anteriores para comprar upgrades que tornariam a luta banal. Mas sabe como é, sou muito velho pra esse cocô. Sim, Slave Zero X se beneficiaria de opções de dificuldade, como qualquer jogo. Mas o que realmente me afastou dele é algo bem comum em jogos difíceis: chefes que funcionam como uma parede de tijolos para impedir o progresso.
No fim das contas, Slave Zero X é um jogo de porrada extremamente hardcore. Com isso, não me refiro apenas à dificuldade. A janela de combos é minúscula, os inimigos são resistentes e você quase não para de bater ou de apanhar. Mas é divertido, é viciante. Para mim, o mais importante, no entanto, foi o uso que ele fez de tecnologias antigas, que o deram um sabor único e especial.