Antes de a Telltale Games revolucionar os adventures, eles criaram alguns point and clicks tradicionais com personagens conhecidos da LucasArts. Talvez as séries de maior sucesso tenham sido as três temporadas de Sam & Max. Pois depois de Save the World e Beyond Time and Space, a história do cachorro e do coelho concluiu em The Devil’s Playhouse, que finalmente é relançado para consoles modernos (embora apenas em versões para a geração passada, que rodam na atual via retrocompatibilidade).
THE DEVIL’S PLAYHOUSE E EU
Eu tinha muita vontade de jogar estes jogos quando eles começaram a ser lançados. Porém, eles começaram saindo apenas para Windows, em uma época que eu não jogava em PC. The Devil’s Playhouse foi minha primeira oportunidade de comprar e jogar um deles no lançamento. Comprei a temporada no PS3, e inicialmente fiquei feliz com a expectativa de ter um jogo novo automaticamente por mês, ou quase isso.
Porém, esta linguagem de episódios simplesmente não funcionava – e não funciona – comigo. Eu gosto de ver a história inteira de uma vez. Joguei o primeiro episódio e, quando o segundo saiu, não lembrava mais do que tinha acontecido. Nunca voltei. Foi também nesta época que percebi como estes point and clicks tinham se tornado obsoletos.
O tempo passou. Os anteriores foram relançados. Embora The Devil’s Playhouse tenha sido o único da série que eu comprei, se tornou o único que eu não tinha jogado até o fim. Até agora!
REVIEW SAM & MAX THE DEVIL’S PLAYHOUSE
A imagem acima diz tudo sobre o jogo e sobre o gênero point and click em si. Se você nunca jogou o gênero antes, acho muito difícil que goste hoje em dia. E se já jogou, sabe exatamente o que vai encontrar. Afinal, os point and click tradicionais são muito mais experiências de humor e história do que de gameplay em si. E este é o caso em The Devil’s Playhouse.
Cada tela que você visita tem uma pá de pontos de clique e em geral clicar num deles aciona uma piada. Da mesma forma, cada opção de diálogo é uma escada para uma resposta cômica. Alguns cliques bem específicos avançam a história, mas basicamente jogar um point and click é clicar em cada ponto e se divertir com as piadas.
O humor é excelente, e eu amo estes personagens. A Telltale escrevia estas primeiras aventuras com um respeito reverencial ao estilo fofo da LucasArts que marcou minha infância e adolescência. E eu ainda gosto muito disso tudo, embora o gênero não mais me agrade tanto. Porém, The Devil’s Playhouse faz algumas modificações que acabam tornando-o bastante superior aos anteriores.
A CASINHA DO DIABO
O primeiro capítulo é bem tradicional, semelhante às aventuras anteriores, e talvez por isso eu o tenha abandonado logo de cara antes. Porém, a partir do segundo, The Devil’s Playhouse começa a subverter as expectativas. Um dos episódios acontece através de filmes sequenciais, mas que você deve jogar fora de ordem. Assim, é comum você precisar pegar uma informação vital para o passado no futuro. Pois é, mais ou menos como em Day of the Tentacle.
Em outro ponto você precisa interrogar personagens interrompendo suas histórias em pontos pré-determinados com respostas específicas, o que me pareceu um proto-Telltale. Some isso aos poderes psíquicos de Max e The Devil’s Playhouse tem tudo que torna os anteriores bacanas – personagens, humor, roteiro – mas é também mais interessante no gameplay.
THE DEVIL’S PLAYHOUSE X 5
Curiosamente, este é também o mais episódico de toda a série, com cada episódio sendo basicamente resolvido em sua duração. Daí, no último segundo rola um cliffhanger para te deixar curioso para o seguinte. Ainda assim, são realmente episódios, muito mais “monstro da semana” do que serializados.
Com cinco episódios que duram cerca de três horas cada, eu também senti que o jogo é um tanto longo demais para o que oferece. Gosto muito do humor, mas é um tanto cansativo ficar clicando em dezenas de pontinhos para ouvir as piadas. Assim, mantenho minha opinião de que seria mais legal ver esta história em uma série não interativa.
Dito isso, The Devil’s Playhouse é de longe a melhor temporada deste revival de Sam & Max. Está na hora, agora, de relançarem a primeira aventura, a clássica Sam & Max Hit the Road, de 1993. Este é o motivo para eu amar estes personagens até hoje e gostaria muito de jogá-la novamente. Será que rola? Se rolar, vou fazer o possível para cobrir aqui no lançamento.