Houve uma época mágica. A que eu costumo chamar de “época de outrora”, mas que outras pessoas chamam de anos 90. Muita coisa era mágica nesta época. E uma delas era a criatividade da Konami. Hoje talvez você conheça a Konami como uma fabricante de Pachinko, mas nos anos 80 e 90, eles eram uma das editoras/desenvolvedoras de games mais prolíficas e criativas. O portfólio deles era sensacional, indo de arcades licenciados a sensacionais jogos de console. Hoje vamos falar destes últimos, neste review Rocket Knight Adventures Re-Sparked.
REVIEW ROCKET KNIGHT ADVENTURES RE-SPARKED
O que temos aqui é uma coletânea com uma série da Konami menos conhecida do que Castlevania, Contra ou Tartarugas Ninja. Talvez seja igualmente querida, no entanto. Estamos falando de Rocket Knight, conhecido por muitos como Sparkster. A série de plataformas teve três títulos lançados nos anos 90 que estão incluídos aqui. Em 2010, um quarto jogo foi lançado para Xbox 360 e PS3, e este infelizmente não foi relançado aqui.
O que você recebe aqui são os dois jogos de Mega Drive, chamados de Rocket Knight Adventures (1993) e Sparkster: Rocket Knight Adventures 2 (1994). Também está incluído Sparkster (1994), o único da série lançado para Super Nes. Apesar de serem partes da mesma série, e estrelados pelo mesmo herói, são três jogos bem diferentes. Em outras palavras, a versão de Super Nintendo é um outro jogo, com outras fases e chefes, não simplesmente uma variação do original com gráficos ligeiramente diferentes. Vamos falar de cada um deles.
ROCKET KNIGHT ADVENTURES
Rocket Knight Adventures é impressionante. Apesar de ter alguns problemas, é de longe o melhor dos três. O game traz uma variação absurda, com uma enorme quantidade de mecânicas e chefes que sempre apresentam algo novo.
Todos os games têm uma boa variação, mas nos outros dois você tem claramente o “jogo padrão”, e daí alguns minigames ou áreas com mecânicas diferentes. O primeiro é pura variação. Ele transborda criatividade.
SPARKSTER: ROCKET KNIGHT ADVENTURES 2
Esta continuação é bem diferente. A princípio ela parece muito melhor. Os gráficos são bastante melhorados, e a jogabilidade ficou muito mais gostosa. A melhoria mais bacana é que o jato não precisa mais ser carregado segurando um botão, mas tem um botão específico para ele. Por outro lado, a espadinha não solta mais tiros. Aqui seus ataques são literalmente golpes de espada, o que o deixa mais próximo de um Castlevania do que de um Sunset Riders.
O level design também é bem diferente do anterior. O foco aqui é menos na ação e reflexos, e mais na exploração, com fases mais abertas em que é possível chegar ao final através de vários caminhos. Uma dessas fases tem um dos piores level designs que já encontrei, e envolve passar por túneis que te levam para outro canto de uma nave e você deve destruir todos os pedaços dela. Eu passei muito tempo empacado lá, indo de um túnel a outro sem encontrar onde estava o maledeto que me tinha escapado. Rocket Knight Adventures 2 é, sinceramente, um jogo bem fraco, que não pretendo jogar de novo.
Além disso, ele tem um troféu para você fazer o final verdadeiro. Eu segui guias e fiz o final verdadeiro, que aparentemente exige encontrar todas as espadas escondidas e ficar dourado. Porém, nada do meu troféu popar, o que significa que o troféu está bugado ou a inteligência coletiva da internet não sabe como fazer o final verdadeiro de Rocket Knight 2.
SPARKSTER
Este é bem melhor do que o segundo, embora não tão bom quanto o primeiro. Ele tem menos variação do que o original, mas a jogabilidade e level design são mais no estilo dele. É um bom jogo, mas claramente o prato principal é mesmo o primeiro.
Uma coisa que incomoda em todos os jogos incluídos é algo que era comum nos anos 90, mas já não era legal na época: dificuldades mais baixas não têm o jogo inteiro. Para ver tudo que eles oferecem, você precisa jogar do hard pra cima. Isso afeta final, presença de colecionáveis e, no terceiro jogo, fases inteiras que simplesmente somem no easy e no normal. Curiosamente, isso deixa o primeiro jogo, que seria o mais legal, um dos mais chatos. Afinal, sua energia não serve para nada nele, todo golpe é one hit kill. O que nos leva à…
EMULAÇÃO
Os jogos são simplesmente emulados aqui, o que significa que todos os problemas do passado estão presentes. Inclusive coisas que qualquer emulador gratuito consegue resolver, como os slowdowns frequentes que acontecem nos três jogos. Por algum motivo, apenas o Sparkster tem uma opção de boost que, quando ativada, elimina as lentidões. Não dá para entender porque isso não está presente nos outros.
Outra coisa que não tem muita justificativa é a presença de um único save state. De novo, qualquer emulador gratuito hoje em dia dá possibilidade de salvar pelo menos 10 save states por jogo. Aqui só dá para salvar substituindo o jogo anterior. Então se você, como eu, gosta de ter um save no início de cada fase, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Curiosidade extra: mesmo com saves tão primários, o arquivo de save no PS5 ocupa 100 Mb, o que é pouco menos do que o tamanho do jogo completo. Pelo menos dá para usar rewind, também uma função comum em emuladores, mas nem sempre presente em jogos antigos disponibilizados comercialmente.
Então não dá para fugir, Rocket Knight Adventures Re-Sparked é, sim, uma forma legal de jogar estes games hoje em dia. Mas está longe de ser a melhor forma possível, e mais cuidado poderia ter ido nesta coletânea.
ROCKET KNIGHT ADVENTURES RE-SPARKED E O BÔNUS
Além dos três jogos, que são a atração principal, há um arquivo com algumas imagens interessantes. Há coisas da produção, tem os manuais e as caixas de cada jogo. Tem também uma jukebox em que você pode ouvir toda a trilha sonora dos três games. Há também uma bonitinha abertura em desenho animado.
Eu gostei de ter jogado Rocket Knight Adventures Re-Sparked. Se não fosse nesta coletânea, provavelmente nunca teria jogado esta série. Mas se você já a tem no seu coração, provavelmente já usou outros meios menos lícitos de matar a saudade com mais qualidade. E isso nunca é um bom sinal quando falamos de relançamentos.