Muitos games são feitos como continuação espiritual de lançamentos antigos, para homenagear estilos que não são feitos mais ou mesmo empresas que deixaram de existir. Retropolis 2 é uma das homenagens mais bacanas que eu vi a uma empresa marcante na minha infância e início da adolescência.
ESTILO LUCASARTS
Refiro-me, claro, à muito homenageada Lucasarts, empresa que ficou famosa no início dos anos 90 por fazer adventures (hoje chamados de point and click) sem estado de falha, gostosos de jogar, com personagens carismáticos e um humor bobo e fofinho. Tudo isso está presente em Retropolis 2. Mas em VR!
Pois é, point and click em VR é, de fato, um tanto pitoresco, mas funciona bem e é interessante, se bem feito. Basicamente, você enxerga através dos olhos do personagem, aka primeira pessoa. Mas faz exatamente a mesma coisa que fazia nos clássicos da Lucasarts: passa o cursor para procurar por coisas interativas e sai clicando em tudo para ouvir comentários engraçadinhos e pegar itens.
O estilo fofo e cartunesco encaixa bem em VR. Afinal, todos nós existimos em um mundo realista, mas poucos já tiveram oportunidade de visitar algo parecido com a Toontown. A cidade de Retropolis é habitada por robôs bem bonitinhos, embora não sempre simpáticos ou amigáveis.
POUCO GAMEPLAY, BASTANTE HISTÓRIA
Tirando a implementação do VR, todo o resto é bem parecido com o que era tradicional nos adventures da Lucasarts. É uma sequência de puzzles recompensados com trechos de história. E assim como outrora, as coisas variam entre o obtuso e o óbvio. Muitas vezes, você só precisa falar as coisas certas para avançar. Outras, vai sair usando todos os itens que carrega na esperança de algo funcionar. Ri muito quando um personagem me colocou contra a parede, dizendo “você está tentando me dar itens aleatórios?”. Sim, era exatamente o que estava fazendo. Mas ei, um deles deu certo.
O chato desses jogos, e o motivo pelo qual eu acredito que é um gênero que envelheceu mal, é que ficar travado sem saber o que fazer é muito chato. Cinco vezes mais em VR. A galera da Peanut Butter tentou resolver isso colocando no menu principal um link para um walkthrough oficial. Porém, o walkthrough não está presente no próprio jogo: ele abre o browser do PS5 em uma página da internet com as soluções. E alguns puzzles mais complicados eles simplesmente escrevem algo tipo “resolve o puzzle para pegar o item X”. É melhor do que nada, mas seria melhor se fosse mais detalhado e estivesse no próprio jogo. Não parece difícil colocar um guia em texto entre os menus. De qualquer forma, ajuda bastante aqueles como eu, com pouca ou nenhuma paciência.
RETROPOLIS 2: NEVER SAY GOODBYE
Retropolis 2 é um jogo bem simpático e gostoso de jogar. Ser em VR dá a ele um ar de novidade, mas eu ando atualmente um tanto cansado da tecnologia. Retropolis ainda seria bacana em modo panqueca, e talvez eu preferisse jogá-lo assim para não precisar usar um capacete durante a jogatina.
De qualquer forma, é uma experiência criada para VR, com tudo de bom e de ruim que a tecnologia traz. Felizmente, ao contrário da maior parte dos jogos do PS VR2, Retropolis 2 é realmente legal, e vale conhecer. Especialmente para quem tem saudades da época clássica da Lucasarts.