Post Trauma parecia promissor. Nos últimos anos, vimos vários jogos independentes se dando muito bem no meio do survival horror (um dos melhores é o brasileiro Fobia St Dinfna). Tudo indicava que Post Trauma seria um deles. Não é. Infelizmente. É difícil inclusive achar coisas que se salvam, então peço desculpas de antemão se esta resenha soar um tanto mais negativa do que de costume.
REVIEW POST TRAUMA
Post Trauma tem inspirações bem claras em Resident Evil clássico e Silent Hill. É um survival horror com ângulos de câmera pré-estabelecidos e pouca munição, mas tem também pouco combate. Acredito que deve ter cerca de 15 inimigos no jogo inteiro, incluindo três chefes. O foco é nos quebra-cabeças, que a Red Soul Games promete serem desafiadores. E eles até podem ser, mas são de um tipo que não me agrada nem um pouco.

Como em uma escape room, boa parte dos puzzles envolvem códigos. Cadeados, senhas, essas coisas. As soluções costumam estar no cenário, embora muitas vezes você precise reparar em detalhes bem sutis e combinar vários deles para traduzir o código. A editora até sugere que você jogue com um caderninho. E isso não me apetece nem um pouco.
Da mesma forma, o mapa costuma estar colado em algumas paredes. Seria muito mais útil se estivesse mapeado a um botão do controle, mas a Red Soul não estava a fim de deixar Post Trauma conveniente, ou as dicas para os puzzles ficariam em um caderninho no próprio game.
COMBATE
Apesar de raro, o combate é sofrível. A munição e saúde são extremamente limitadas. E não estou brincando. Eu achei apenas três kits médicos no jogo inteiro, um único pente para escopeta e um único pente para o revólver. Além disso, não tem como mirar as armas de fogo, você olha na direção de um inimigo e torce pelo melhor. Isso tudo combina para que as armas corpo a corpo sejam mais úteis, mas ainda assim o combate é sempre laborioso, e não de um jeito positivo. É simplesmente aleatório mesmo.

Por fim, temos a história. E ela é mal escrita, com várias sementes não desenvolvidas de forma apropriada. E também é mal interpretada. A Red Soul Games deve ter usado boa parte do seu orçamento para contratar Togo Igawa, e como quase todo ator de idade mais avançada, ele deve considerar videogames uma forma de arte inferior. Isso fica bem claro na sua interpretação de má vontade, a mais fraca em um elenco bem fraquinho.
PRIMEIRA OU TERCEIRA PESSOA
O jogo até tem uma variação interessante, com alguns trechos pontuais em primeira pessoa, e a troca de personagens controláveis. Porém, nenhum deles é bem desenvolvido. Algo traumático aconteceu no passado de Roman, o protagonista, mas isso é apenas citado, nunca elaborado. Da mesma forma, o meu xará Carlos começa sendo um mistério e termina exatamente igual, sem nenhum esclarecimento. E quanto menos eu falar do Rei melhor. E não, não é o Elvis nem o Roberto Carlos.
Post Trauma é um excelente exemplo de um jogo que poderia ser bom, mas faltou orçamento e talento para atingir seu potencial. Quero acreditar que há talento na Red Soul Games, e faltou dinheiro mesmo, mas a verdade é que não se vê muito de nenhum dos dois por aqui.