A história da desenvolvedora de Horizon Chase 2, a Aquiris Game Studio é muito triste. Se não para os envolvidos, pelo menos para a cultura pop brasileira. O estúdio ganhou destaque ao criar o ótimo Horizon Chase Turbo, e daí foi comprado pela gigante Epic Games e renomeado com o corporativo nome de Epic Games Brasil. Até achei estranho que o nome Epic não aparece em Horizon Chase 2, mesmo este sendo o título oficial atual da Aquiris Game Studio. Provavelmente é o caso porque esta será a última coisa que a empresa vai fazer que vai morar fora de Fortnite. Consolidação é mesmo uma porcaria. Mas vamos ao jogo.
REVIEW HORIZON CHASE 2
Se você jogou o anterior, já sabe bem o que esperar aqui. Horizon Chase 2 é um jogo de corrida como eles eram na época do Mega Drive. Comparando com algo mais moderno, mesmo bem arcade, como Dirt 5, a diferença é brutal. E não me refiro aos gráficos, mas à jogabilidade propriamente dita. Horizon Chase 2 não tem nenhum compromisso com realismo ou simulação. Suas corridas estão mais próximas de um jogo de ação. São rápidas, cheias de adrenalina e, sinceramente, deliciosas.
Os melhores jogos de corrida que já joguei são aqueles sem enrolação nenhuma. Escolha seu carro, escolha sua pista e se divirta. E este é Horizon Chase 2. Diria que ele foi até simplificado em relação a Horizon Chase Turbo, mas isso não deixou o jogo inferior. Pelo contrário, ao tirar o que era supérfluo, esta continuação se tornou melhor ainda.
A SIMPLIFICAÇÃO DE HORIZON CHASE 2
Um exemplo disso é que agora você não precisa se preocupar com combustível. Isso não era um grande problema no anterior, mas às vezes acontecia de sua corrida ser interrompida por falta de gasolina. E isso nunca era legal. E, se não era legal, por que manter? Bora cortar fora!
Basicamente, você tem dois objetivos, que andam juntos: chegar em primeiro e pegar todas as moedas azuis. Caso consiga cumprir ambos na mesma corrida, você ganha uma supermedalha. E isso é difícil. Em várias pistas, eu conseguia chegar em primeiro sem coletar tudo ou coletava tudo, mas não ganhava a corrida. E daí entra outra simpliificação: para avançar com a campanha, não é necessário coletar medalhas. Basta chegar em quinto ou melhor em cada pista, o que é perfeitamente alcançável.
Assim como Mario Kart, Horizon Chase 2 é um daqueles jogos em que você vê tudo que ele oferece em pouco tempo (no meu caso, joguei por uma tarde até rolarem os créditos). Mas depois de terminar, é suficientemente gostoso e divertido para continuar jogando, melhorando seus tempos ou até participando nos torneios, que são uma sequência de pistas em que os vencedores ganham pontos. O jogo é consideravelmente mais curto do que o anterior também, mas achei que isso o serviu bem, pois eu o joguei até o final sem encher o saco, e ainda quero jogar mais.
BRASIL
As pistas acontecem em alguns países do mundo, entre eles o Brasil. A pista em São Paulo, para mim, foi uma atração à parte. A largada começa no vão do MASP, o que me fez pensar que a corrida aconteceria na região da Avenida Paulista, o que já seria legal. Porém, ela passa por vários pontos marcantes da cidade, como a Liberdade. É tipo uma visão “pra gringo ver”, em que tudo que tem de chamativo fica pertinho, mas é maior legal passar por vários pontos turísticos da sua cidade, o que é bem raro para nós, brasileiros.
Tem outras cidades também com o mesmo tratamento e que é mais difícil ainda vermos em jogos, como Olinda e Foz do Iguaçu. O tratamento dado ao Brasil em um jogo com esta qualidade é um dos motivos que me torna um panda triste pela Aquiris ter virado a Epic Brasil. Sinceramente não me importo com Fortnite, e seria muito mais legal ver essa galera usando seus talentos para outros jogos e gêneros. Outros países também são muito bem representados, como o Japão e a famosa Akihabara.
Tecnicamente, fiquei decepcionado que o jogo não roda a 120 fps no PS5. Embora seja lindíssimo, parece que os gráficos são suficientemente leves para isso ser possível. E a incrível velocidade do jogo ficaria ainda mais sensacional com esta taxa de quadros. Também merece menção que o jogo fecha sozinho com alguma frequência e há graves problemas no som, a ponto que algumas corridas rolam sem música, sem efeitos sonoros ou sem ambos. Mas acredito que estes problemas mais graves serão resolvidos um dia.
EPIC GAMES
Como a Aquiris agora é a Epic Games Brasil, é óbvio que o jogo traz um season pass e outros vícios da dona da Unreal Engine. Até o momento não é possível gastar dinheiro comprando o season pass ou outros cosméticos, mas tem um monte de desafios rotativos que devem ser cumpridos enquanto estão ativos para ganhar prêmios que somem depois de alguns dias.
É o tipo de coisa que existe pra te manter jogando com frequência e para gerar FOMO. A simples existência dessa praga fez com que eu evitasse dar a nota máxima. O jogo merecia isso, mas só de ler algo parecido com “missão diária” em um game já faço cara feia. Eu sinceramente não preciso que meus jogos virem ainda mais trabalho do que já são.
Criativamente, meu único problema com ele é que o mapinha não gira conforme você faz as curvas. Este é um jogo em que é tudo absurdamente rápido e perder um milésimo de segundo “traduzindo” esquerda e direita quando você está de ponta cabeça no mapa pode ser o diferencial entre a vitória e a derrota.
Se você não tiver o tipo de TOC que te faz ficar voltando para Horizon Chase 2 para novas cenouras, no entanto, recomendo com força todo o resto que temos aqui. É um jogo divertido, lindo demais e simplesmente uma delícia de jogar. Caso seja a última criação da Aquiris Game Studio, pelo menos é uma criação que vai deixar saudade. Que venham novos modos de Fortnite, para quem se importa com isso, e que outros estúdios de game brasileiros e talentosos não cedam à consolidação.