Fatal Fury City of the Wolves é o primeiro Fatal Fury desde Garou Mark of the Wolves, de 1999. Claro, os jogos de luta da SNK nunca se aposentaram, apenas foram concentrados na série King of Fighters, que já tem dois episódios resenhados aqui no DELFOS.
Particularmente, minha experiência com Fatal Fury ficou lá na época de outrora, em especial com Fatal Fury 2 e Fatal Fury Special. Assim, admito que estranhei um bocado a seleção de personagens e o visual deles, tudo baseado em como eles eram em Garou Mark of the Wolves.
Sim, vários dos personagens já estavam neste jogo anterior, mas isso não muda meu estranhamento e decepção. Afinal, City of the Wolves não tem personagens como Joe Higashi e Andy Bogard. Até mesmo o Terry está tão diferente, visual e mecanicamente, que parece outro personagem. Acho que nunca usei tanto um DLC cosmético quanto fiz com o traje clássico, como você pode ver nas imagens. Dito isso, este novo Fatal Fury é bom.
REVIEW FATAL FURY CITY OF THE WOLVES
Fatal Fury City of the Wolves é bem diferente de seus principais concorrentes, Street Fighter 6 e Mortal Kombat 1. Para começar, ele claramente tem um orçamento bem mais baixo, o que se reflete no audiovisual. Os personagens são absurdamente bem desenhados, mas os cenários têm poucos detalhes e cara de baixo orçamento. As músicas também não se destacam. Assim, ele está visualmente bem mais próximo do último King of Fighters do que dos outros grandes jogos de luta modernos. Felizmente, mecanicamente ele é bem criativo.
Um exemplo dessa criatividade é o S.P.G., uma parte da sua barra de vida que tem outra cor e que você pode escolher onde fica (começo, meio ou fim). Quando sua vida está no intervalo em questão, você tem buffs consideráveis e acesso a seus golpes mais poderosos. Um deles, que você aciona apertando os botões de soco e chute forte ao mesmo tempo, faz o lutador atacar se movendo para frente, invencível aos ataques adversários. É tão útil que parece até covardia. Mas claro, seu adversário tem também acesso a esta mecânica.
Tem também duas barras que ficam na parte de baixo da tela, que quando preenchidas dão acesso aos tradicionais super combos. O bacana é que todos os personagens acessam estes golpes com os mesmos comandos. Com o ataque fraco, uma barra é usada. Com o forte, duas. Por fim, se você estiver com as duas cheias e na parte do S.P.G. da vida, dá para ativar o super combo extremo, que é o mais chiquetoso e poderoso de todos os seus golpes. A combinação de tudo isso faz com que Fatal Fury City of the Wolves seja bem diferente de seus congêneres.
MODOS DE JOGO EM FATAL FURY CITY OF THE WOLVES
Claro, tem os modos tradicionais. Lutas on-line, missões que ensinam a jogar com cada personagem e o modo arcade. Este, como sempre, é uma sequência de lutas aleatórias, um rival para cada personagem e o chefe final (sempre o mesmo). Vença tudo e você terá acesso ao final do lutador escolhido. É o tradicional em jogos de luta, mas é também onde você pode passar a maior parte do seu tempo.
E daí tem o “modo história”, e eu estou amando ver como cada um destes jogos de luta está tentando fazer coisas diferentes com esta modalidade. Em Fatal Fury City of the Wolves, temos um “RPG de luta”. Cada personagem tem uma história específica, e acredito que oito lutas “de história”. Mas todas elas estão em níveis espaçados, exigindo que você participe em lutas genéricas para subir de nível e estar pronto para o desafio.
MODO HISTÓRIA
Este modo permite brincadeiras que o modo arcade não permite. Por exemplo, algumas lutas têm modificadores, como barra de super combo infinita. Isso deixa o jogo divertidamente quebrado. Da mesma forma, encarar uma batalha quando extremamente over ou underleveled muda totalmente o balanço do jogo. É possível neste modo você ter mais de cinco mil pontos de vida e lutar contra um caboclo que tem apenas 500. Ou o contrário.
O mais legal, no entanto, é que este modo permite continuar usando um personagem por mais tempo do que o arcade, ainda mantendo progresso constante. Isso é importante para mim, pois dificilmente eu tenho vontade de jogar com vários lutadores diferentes. Costumo escolher meus preferidos e quero ficar neles, e este modo permite uma campanha dessa forma se você quiser fazer 100%. Ou então, claro, você pode alterar os personagens e jogar o mínimo necessário para seguir em frente com a história, mas daí é mais negócio ficar no arcade mesmo.
CRISTIANO RONALDO
E daí tem aqueles personagens que são meio de zoeira. O jogador de futebol Cristiano Ronaldo deve ser a coisa mais exótica que já apareceu em um jogo de luta. Curiosamente, o futebolista não pode ser selecionado no modo arcade e não aparece nem como lutador controlado pelo computador neste modo.
Outro personagem de zoeira é o DJ Salvatore Ganacci. Este parece ter tido um cuidado maior, podendo ser selecionado ou enfrentado no modo arcade, e com movimentos engraçados que me lembraram o Duck King.
TEM MUITO JOGO
Assim, embora tenha um jeitão de “primo pobre” de Street Fighter e Mortal Kombat, Fatal Fury City of the Wolves tem muita coisa para ver e curtir, mesmo para quem não tem interesse nas partidas on-line, como é meu caso. Só o modo arcade e a campanha possibilitam dezenas de horas de jogo, e mesmo assim ainda vai sobrar coisa para ver.
Não dá para indicar Fatal Fury City of the Wolves sobre Street Fighter ou Mortal Kombat. A época que a SNK ficava à frente da tecnologia ficou para trás, e o jogo simplesmente não é tão legal ou tão técnico quanto seus congêneres. Mas é completo e caprichado. Desta forma, é uma boa pedida para quem gosta de jogos de luta.
