Emio The Smiling Man foi um dos trailers mais comentados entre os first party da Nintendo. Afinal, a revelação inicial parecia muito um jogo de terror, algo que definitivamente não faz parte da expertise da sempre ensolarada Nintendo. Eventualmente, foi revelado que Emio The Smiling Man era um novo capítulo da antiga série de visual novels Famicom Detective Club.

É bem legal ver a Big N resgatando uma IP antiga, mas convenhamos que eles têm várias outras de maior popularidade. A maioria dos jogadores de Switch nem devia conhecer esta série. Isso porque o gênero visual novel não é muito popular no ocidente. Temos algumas séries famosas, como Ace Attorney, mas em geral são jogos que povão tende a ignorar.

REVIEW EMIO THE SMILING MAN

Emio The Smiling Man, Famicom Detective Club, Nintendo, Delfos

Basicamente, visual novels são histórias em quadrinhos que você lê em um videogame. A gameplay em Emio The Smiling Man é mínima. Você é limitado a escolher ações e assuntos em um menu enquanto a história é contada através de imagens semi-animadas, porém falada (em japonês). Basicamente, se você não sabe japonês ou inglês, é um jogo sem atrativos, já que não há tradução para português, e a única coisa que ele oferece é a história, que é bem mais madura do que a Nintendo normalmente oferece.

Esta é até interessante. Você controla uma dupla de detetives que está ajudando a polícia na investigação de um assassinato. Este parece ter sido inspirado numa lenda urbana em que o assassino mata meninas que choram na rua e cobre seus rostos com um saco de papel com um sorriso desenhado.

NINTENDO MAIS MADURA

A temática “assassinato” não é o mais chocante que temos aqui. A narrativa na maior parte do tempo tem um clima de animê ou de literatura young adult, muito mais amigável do que um Resident Evil ou Outlast, é claro. Embora não tenha violência clara, talvez a temática seja demais para crianças pequenas, no entanto, ao contrário da imensa maioria dos jogos da Nintendo. A coisa pega no epílogo, com um animê totalmente animado que traz, sim, cenas realmente pesadas.

O problema é que o epílogo é um jogo extra desbloqueado depois dos créditos, e ele traz todas as revelações da história. Talvez Emio ficasse mais interessante se o longo animê do fosse mostrado em pedaços menores ao longo da aventura, tipo a cada ligação do chefe, ao invés de deixar toda a revelação para literalmente depois dos créditos.

WHY SO SERIOUS?

Emio The Smiling Man, Famicom Detective Club, Nintendo, Delfos
Foto real de Carlos Corrales com 19 anos.

É bom que a história seja bacana, pois é tudo que o jogo oferece. Ainda assim, eu sinceramente preferia ver esta história em um gibi. Afinal, as imagens já são praticamente estáticas. Além disso, para justificar o fato de ser um jogo, ele costuma te prender em algumas cenas sem nenhum motivo.

Por exemplo, logo nos primeiros capítulos, você está em um ponto de ônibus e o ônibus vai passar dali a uma hora. Basicamente, nada que você faz progride a história. Ao checar o celular, a bateria morre. Tirando isso não tinha com quem conversar ou chamar, e pensar repetia as mesmas frases.

Para progredir, você precisa “chamar” um táxi com seus poderes mentais, mas isso só dá certo depois que um determinado tempo de tédio ou uma enorme repetição de cliques aconteceu. Antes disso, clicar em chamar fazia o personagem falar “não tem ninguém para chamar”. É o tipo de empacada forçada que nunca aconteceria num gibi, e não faz nenhum favor para a narrativa de Emio The Smiling Man.

EMIO THE SMILING MAN: O MANGÁ

Emio The Smiling Man, Famicom Detective Club, Nintendo, Delfos
Eu não sabia se xingava ou se ficava aliviado quando o táxi apareceu.

Já contei aqui que minha forma de trabalho quando estou jogando para review é jogar o máximo que consigo no menor tempo possível. Isso não funciona com Emio The Smiling Man. Esta é uma experiência que funciona melhor aos poucos. Deixe seu Switch na cabeceira da cama e jogue um capítulo por dia antes de dormir, por exemplo. Daí é como ler um bom mangá. Mas eu sinceramente preferia ler esta história em um mangá.