Resident Evil: Revelations 2

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Amigo delfonauta, permita-me começar esta resenha com uma pequena anedota. Até o começo deste ano, eu havia jogado apenas dois Resident Evils, e justamente os dois que todo mundo odeia. Refiro-me, claro, ao 5 e ao 6. Não os considero tão ruins quanto a sabedoria popular. Como eu já disse por aqui, meu problema com eles é o fato de eles serem jogos de ação que esperam que você mate todos os inimigos, mas não te dão munição suficiente para isso. Justamente por causa deste motivo, eu costumo me divertir muito mais com eles após liberar munição infinita.

No começo deste ano, no entanto, eu corrigi uma falha do meu currículo gamer, ao jogar e resenhar Resident Evil HD Remaster. Gostei muito do dito cujo, e agora tenho a oportunidade e o prazer de resenhar um novo lançamento da série: Resident Evil: Revelations 2, que também é a primeira iteração da franquia no formato episódico que até o momento é popular especialmente em adventures.

SANDUÍCHE DE CLAIRE

Em Revelations 2, você acorda em uma cela na pele de Claire Redfield. Ela logo encontra a amiga Moira, filha de Barry, do primeiro jogo da série. As duas não sabem porque estão presas nem onde estão, e ambas têm uma misteriosa pulseira que muda de cor refletindo seu estado mental. Obviamente, agora elas querem escapar.

Claire é a tradicional personagem de Resident Evil. Ela tem faquinha e um revólver, e ao longo da aventura vai pegar outras armas para se proteger dos zumbis residentes. Já Moira é um tanto inútil, pois devido a um trauma de seu passado, ela não usa armas de fogo. Ela aceita matar zumbis com um pé de cabra, no entanto, e tem uma lanterninha que cega os inimigos, facilitando os ataques de Claire.

Você pode alternar livremente entre elas, mas obviamente vai ficar a maior parte do tempo no papel da Claire, que é menos indefesa. Quando estão devidamente armadas e paramentadas, o primeiro objetivo das moçoilas é chegar a uma torre de rádio para enviar um pedido de ajuda.

SANDUÍCHE DE BARRY

Alguns meses depois, Barry chega à ilha com a missão de resgatar sua pimpolha do que quer que ela tenha se metido. Ao aportar, ele encontra uma misteriosa menininha chamada Natalia. A guria consegue ver os monstros através das paredes e enxerga até mesmo os invisíveis que Barry não vê. Por ser pequerrucha, ela também consegue entrar em buracos nas paredes e assim destrancar portas pelo outro lado. Ela é quase totalmente indefesa, no entanto, podendo apenas usar alguns tijolos que encontrar pelo caminho para se defender dos monstros. Já Barry é um tremendo brucutu que começa armado direto com uma Magnum que faz miséria com seus desafetos.

Assim como na campanha da Claire, você também vai alternar o controle entre Barry e Natalia dependendo da situação, para assim abrir portas, resolver puzzles e matar uns miolentos.

Revelations 2 pode ser jogado em coop com a tela dividida (não existe a possibilidade de jogar online até o momento) e, embora eu não tenha testado, devo dizer que não parece muito divertido para o jogador que estiver controlando Moira ou Natalia. Jogando sozinho, eu ficava o tempo todo com a Claire, e na campanha do Barry, só usava a Natalia para enxergar alguns itens que apenas ela consegue ver.

SANDUÍCHE RESIDENTE

Revelations 2 tem o objetivo de resgatar o survival horror dos primeiros jogos da série e, bem, para ser sincero ele tem um jeitão de jogo bem mais parecido com o quinto e o sexto do que com o primeiro. Isso porque as fases são lineares, com puzzles relativamente simples e mais focadas na ação. Não chega àquele nível de ação épica, com monstros gigantes e helicópteros explodindo dos últimos jogos, mas não dá para negar, é basicamente um jogo de ação.

Mas peraí, amigo delfonauta, isso não significa que ele é ruim. Muito pelo contrário, aliás. Eu me diverti muito com ele e o considero superior ao quinto e ao sexto em todos os aspectos (com a possível exceção dos gráficos, que são até funcionais, mas nada excepcionais). Poxa, para falar a verdade, devo confessar que me diverti mais com ele até do que com o primeiro. Mas são jogos totalmente diferentes. O primeiro é muito mais lento e deixa o jogador muito mais indefeso do que aqui. Basicamente, é como comparar um bifão à parmegiana com uma lasanha caprichada. Os dois são bons, mas são pratos diferentes. A exceção é lá no finalzinho, no qual a campanha de Barry faz uma clara homenagem ao primeiro jogo, inclusive envolvendo uma mansão, uma chave com símbolo e idas e voltas pelo cenário.

Não, delfonauta, aqui você não vai ficar indefeso. Não me faltou munição em nenhum momento e eu pude matar todo mundo que cruzava o meu caminho com relativa tranquilidade. Mas como você já sabe pelo começo deste texto, escassez de munição não é algo que eu ache legal. E este foi o Resident Evil com a quantidade mais confortável de munição entre todos que já joguei.

Para falar a verdade, dado o tom e o nível da ação, Revelations 2 lembra mais mesmo o The Last of Us do que os últimos Resident Evils. E isso é ótimo.

SANDUÍCHE EPISÓDICO

Como sempre faço com jogos episódicos, eu esperei todos estarem disponíveis para poder curtir tudo de uma vez. E assim os episódios se tornaram basicamente fases, embora sejam fases bem longas.

Cada episódio traz um pedaço no qual você controla a dupla Claire e Moira, e outro com Barry e Natalia. Absolutamente toda a campanha da Claire eu achei excelente. Já a do Barry foi um tanto mais irregular, por um motivo muito simples.

Acontece que nos três primeiros episódios, você repete boa parte do caminho que fez na campanha da Claire quando chegar a vez de controlar o Barry. E isso é bem chatinho. O segundo episódio se destaca nesse aspecto, pois toda a parte do Barry envolve o mesmo caminho feito pela Claire, sem cenários inéditos. Curiosamente, no último e melhor dos quatro episódios principais, as campanhas são totalmente distintas, como deveriam ser desde o início.

Aí você me pergunta: o jogo é melhor por ser episódico? Não. Na real, cada episódio é composto de duas fases, totalizando o equivalente a um jogo de oito fases longas (cada uma das fases durou para mim entre 90 minutos a duas horas e cada episódio durou entre três e quatro horas. Internet afora, no entanto, estão falando que cada um dura duas horas, então talvez para você dure por aí). Acredito que se ele não tivesse este formato, as fases seriam mais curtas, intercalando com mais frequência os protagonistas, o que seria positivo.

Para falar a verdade, eu não gosto dessa moda de lançar jogos em episódios e Revelations 2 não mudou minha opinião. No entanto, vale destacar que, se é para ser em episódios, é muito melhor fazer como a Capcom fez aqui, lançando um por semana, do que como a Telltale faz, que lança um e daí sabe-se Deus lá quando sairá o próximo.

SANDUÍCHE DE RAID

Além da história principal, tem um outro modo de jogo chamado Raid, que é muito mais focado na ação. Basicamente são pequenas fases com uma quantidade específica de inimigos que devem ser vencidos. Vença a fase e ganhe novas armas e upgrades.

É aquele tipo de joguinho praticamente infinito, na linha de Helldivers, que você joga pela simples diversão de jogar. Com isso, é altamente viciante.

Eu mesmo costumava entrar no modo Raid quando tinha alguns poucos minutos para jogar, e quando ia ver já tinha passado um tempão, pois sempre dá aquela vontade de fazer sempre mais uma fase. Não é melhor do que o jogo principal, mas é um bônus bem legal, que promete trazer algumas horinhas extras de diversão.

SANDUÍCHES EXTRAS

Além dos quatro episódios principais, tem também dois episódios extras. O primeiro deles, intitulado The Struggle, é focado na Moira, e preenche um buraco que fica na narrativa principal.

Como jogo, no entanto, este episódio é muito chato. Ele é basicamente um modo Raid com história, com fases curtas nas quais você tem que sobreviver a algumas ondas de inimigos. O que deixa ele chato, no entanto, é que a quantidade de continues é limitada, e se acabar, o jogo apaga todo o seu progresso no episódio.

O segundo episódio extra se chama Little Miss, e é uma historinha da Natalia que acontece basicamente à parte do que vemos na principal. Este é bem diferente, sendo focado em um stealth bem simples – se um monstro avistar você, reinicie do checkpoint. É consideravelmente melhor que o The Struggle, mas também não empolga como acontece com a campanha principal.

Ambos os episódios têm a maior cara de terem surgido como DLCs para um jogo que originalmente não seria episódio. De qualquer forma, eles vêm de graça para quem comprar os quatro episódios principais, então dá para encarar como isso mesmo: um bônus.

SANDUÍCHE CONCLUSIVO

Não se deixe enganar, apesar de ser um lançamento primordialmente digital (embora uma versão em disco também esteja disponível), Resident Evil: Revelations 2 é tão substancial quanto qualquer jogo em disco. Inclusive no tamanho: o jogo completo no PS4 ocupa 23 Gb do HD.

Não digo que este é o melhor Resident Evil já lançado, pois não joguei todos. Porém, digo que é o melhor dos que eu joguei, ganhando inclusive do original (embora, de novo, sejam tão diferentes que nem parece a mesma franquia). Pode comprar sem medo. E, se puder pegar a versão em disco, além de economizar no download, ainda tem alguns extras bem legais, como um artbook. Ela é consideravelmente mais cara que a versão digital, no entanto.

OUTRAS MATÉRIAS RESIDENTES:

Resident Evil 2: Apocalipse

Resident Evil 3: A Extinção

Resident Evil 4: Recomeço

Resident Evil 5: Retribuição

Resident Evil 4: o jogo

Resident Evil HD Remaster

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
resident-evil-revelations-2Ano: 2015<br> Gênero: Ação<br> Plataforma: PS4, PS3, Vita, Xbox One, Xbox 360, PC<br> Fabricante: Capcom<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Capcom<br>