[Rec] sem dúvida foi uma das melhores surpresas do cinema de terror em algum tempo. Não à toa, rapidamente virou um favorito de delfianos e delfonautas.
O filme era tão poderoso que nem mesmo os estadunidenses conseguiram fazer besteira em sua refilmagem. Agora, a singela película do prédio em quarentena infestado de zumbis consegue outra proeza: produzir uma sequência tão boa quanto o filme original. Sim, meu amigo, Rec 2 é tão tremendão quanto o primeiro e sério candidato a figurar na minha lista de melhores do ano ao lado desse filme aqui.
Continuando a história exatamente do ponto em que a película anterior parou, agora acompanhamos um pequeno grupo de oficiais da Swat encarregado de escoltar um truta (do qual não posso falar muito pois, embora seja revelado logo no começo qual é a dele, é melhor se você assistir sem essa informação) para dentro do prédio, pois lá, junto aos zumbis que restaram do filme anterior, pode estar também a chave para a produção de um antídoto para a infecção.
E se antes você via tudo pela câmera do cinegrafista Pablo, agora você acompanha quase tudo pela câmera de um dos oficiais, mantendo a mesma estética documental, embora aqui, dependendo do momento, a câmera seja trocada para a de quem está mais perto da ação, o que rende alguns momentos dignos de Doom, como a cena do oficial que acaba se separando do grupo. É nervosa.
O filme consegue manter o mesmo nível de tensão de seu antecessor, mesmo que não haja mais o fator surpresa. Pois se antes você não sabia o que ia acontecer, agora você sabe exatamente o que há dentro do prédio e o nervosismo vem desse conhecimento e da sensação de que a qualquer momento o grupo pode ser atacado, como de fato acontece.
Rec 2 está recheado de cenas de ação claustrofóbicas (aliás, nada recomendadas para os fracos de coração), sustos bem colocados e vários momentos hell, yeah de querer levantar da cadeira e dar um soco no cocuruto de quem está à sua frente (embora eu não recomende fazer isso).
Outra coisa bacana é a história com relação à origem da infestação. Algo que só era pincelado no primeiro filme, aqui é muito melhor desenvolvido, e eu achei essa abordagem bem legal e diferente, dando um sopro de ar fresco no gênero e contribuindo para deixar tudo ainda mais assustador.
Confesso que desde que o primeiro tiro foi dado na projeção, já estava considerando seriamente agraciar este trabalho com o honroso Selo Delfiano Supremo, mas aí chegou uma parte onde o filme deu uma caída e pensei seriamente em não agraciá-lo. A saber: quando o foco muda dos policiais para o grupo de adolescentes, que são burros, choramingões e completamente desnecessários, ainda que um deles quase se redima depois ao matar um zumbi de forma absurdamente hilária.
Mas como você pode ver, o glorioso Selo está presente, pois graças a Belzebu, essa parte é bem curta e a partir do momento em que o grupo da Swat volta à jogada, o negócio torna a pegar fogo até o final, que embora seja até clichê, é coerente com a história e deixa as portas abertas para uma terceira parte com potenciais épicos.
Se você gosta de filmes de terror, mais especificamente de filmes Z, e chapou com o primeiro [Rec], esse possivelmente será o melhor filme de horror que você verá no ano. Então corra para o cinema, antes que ele saia de cartaz.