Professora Sem Classe

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No cinemão hollywoodiano, filmes que se chamam “bad qualquer coisa” são praticamente o equivalente aos nossos “muito loucos”. Bad Santa ou Bad Lieutenant são apenas dois exemplos.

Hoje quem é ruim é a professora interpretada pela Cameron Diaz. E bota ruim nisso, meu amigo. Ela é odiável! Para você ter uma ideia, a força motriz do longa é ela arranjar dinheiro para pagar implantes de silicone e ela não se importa em fazer maldades para conseguir isso. Tudo bem, ela é uma tábua, então ela precisa, mas ainda assim.

Temos aqui um filme onde todos os valores estão invertidos. A professora do bem é a que se dá mal no final, por exemplo. Até aí, tudo bem, boa parte das comédias que eu gosto, como Monty Python ou South Park vêm com aqueles adesivos avisando que “contém desvirtuamento de valores éticos”. Mas existem formas para se fazer isso. Se for feito direito, fica engraçado pra caramba. Se não for, fica grosseiro e de mal gosto, como piadas envolvendo fluidos corporais (o que também tem aqui).

O mesmo pode ser dito de um personagem com falhas morais graves. Eric Cartman, do supracitado South Park, é o diabo em forma de guri. O Comediante de Watchmen faz maldades bem piores do que tudo que a personagem de Cameron Diaz faz aqui. Ainda assim, são personagens mais bem desenvolvidos e bem construídos, que são tornados especiais justamente por essas características. Já em Professora Sem Classe, fica sinceramente difícil dar a mínima bola para a moça. E ela é a protagonista, assim não temos para quem torcer ou com quem nos identificar.

No quesito humor, tem algumas boas piadas, embora exagerem na grosseria em várias cenas. Ainda assim, admito que dei umas risadas, especialmente nas diversas histórias que a professora conta para justificar o fim de seu relacionamento (“peguei o desgraçado encoxando o cachorro!”). E o desfecho da história do garoto nerd é bonitinho. Deveria ser o momento de redenção da professora, mas é muito pouco para redimir uma personagem tão desagradável.

O roteiro, obviamente, tem todas aquelas características que você espera dessas comédias genéricas, com aquele arco dramático que todos conhecemos e ninguém agüenta mais, mas Hollywood continua nos contando.

Esse é o tipo de filme que até pode servir de passatempo se assistido na TV ou, vá lá, caso não tenha nada melhor passando no cinema. Felizmente, esse não vai ser o caso, pois estamos na época dos grandes lançamentos e, ao invés de gastar dinheiro para ver Professora Sem Classe, você sempre vai poder passar na sala ao lado para rever Capitão América ou Contra o Tempo.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
professora-sem-classePaís: EUA<br> Ano: 2011<br> Gênero: Comédia<br> Elenco: Cameron Diaz, Jason Segel e Justin Timberlake.<br> Diretor: Jake Kasdan<br>