Delfonauta, o que você considera terror? Seriam filmes povoados por monstros, zumbis, criaturas sobrenaturais ou serial killers? Neste caso, exemplos de terror para você seriam os longas estrelados pelos tremendões Freddy Krueger, Jason Voorhees ou Chucky, certo? Pois eu encaixaria esses filmes na categoria comédia de humor negro. Agora se para você o verdadeiro terror é aquele que deixa com um nó na garganta durante toda a projeção, torcendo pela vida dos personagens (não apenas tentando adivinhar quem vai ser o próximo a bater as botas, como todo mundo faz nos filmes citados acima) e, principalmente, cujo verdadeiro terror da situação é que trata-se de algo que pode acontecer com você, então vai concordar comigo: Poseidon é um filme de terror. Dos bons.
Na verdade, trata-se de um remake pero no mucho do filme de 1972 chamado O Destino do Poseidon. Segundo o release, pegaram como base a premissa do original e criaram novos personagens que passariam pela mesma situação. Como não assisti ao primeiro, vou acreditar na palavra deles desta vez. 😉
Saca só a história: estamos em um cruzeiro deveras chique. De repente, uma onda de mais de 30 metros atinge o barco e o vira literalmente de cabeça para baixo em uma cena assaz aflitiva e uma das mais emocionantes do ano. Cabe agora a um pequeno grupo de sobreviventes lutar pela sua… bem… sobrevivência, enquanto o navio literalmente desmorona, explode e tudo mais que você conseguir pensar. A partir daí, a aflição se instala e não pára mais. Sério, os personagens não têm nem um minuto para respirar entre um perigo e outro e você também não terá, pelo menos se for como eu e gostar de “entrar” nos filmes quando os assiste. Então faça um favor a si mesmo: quando for assistir a esse filme no cinema (e eu realmente recomendo que o faça), aproveite os poucos minutos de calmaria do início e, quando vir a onde se aproximando do navio, respire fundo, pois é a última chance que você terá para fazer isso nos próximos 90 minutos.
Lembra do texto onde o Cyrino enumerou as características que um filme de terror perfeito teria? Pois é, acredito que todas elas estão aqui (com a exceção do gore, afinal, o principal inimigo dos caras é a água e morrer afogado, embora aflitivo, não é exatamente violento) e ainda tem a sensação de inevitabilidade que o delfonauta Glorenti sugeriu em um comentário na matéria em questão, afinal, não tem nada que poderia ser feito para evitar nenhuma das tragédias da história.
Os personagens são relativamente clichês e lembram bastante os presentes em Madrugada dos Mortos. Temos o herói (Kurt Russel), o cara que só pensa em si mesmo (Josh Lucas), o babaca (Kevin Dillon, que é tão parecido com seu irmão Matt que podia jurar que era o próprio – até o tipo de personagem é o mesmo que Matt sempre interpreta), a mãe que está com seu filho e o casalzinho (mas não se preocupe, as únicas semelhanças entre esse longa e Titanic é que ambos apresentam um desastre em um navio chique).
A seqüência de mortes também segue uma ordem “lógica”, com uma exceção, um personagem bem inesperado morre em determinado momento. E isso é bem legal. Obviamente, a criança sobrevive, o que é uma pena, já que tem um momento perfeito para matarem ela. Na verdade, se tivessem tido a coragem de matar o moleque, Poseidon teria levado o Selo Delfiano Supremo. Malditos covardes pusilânimes!
Normalmente filmes de terror têm orçamentos desprezíveis, o que acaba refletindo na qualidade dos efeitos especiais. Talvez por Poseidon não ser considerado um filme de terror, esse não é um problema e os efeitos estão ótimos. A cena da onda, em especial, é fenomenal.
A aflição realmente é ininterrupta a partir desse momento e a galerinha não pára de correr contra o tempo (e contra a água, que a cada minuto inunda mais do navio), mas vale destacar a cena do ar condicionado que é horrível (no bom sentido), principalmente se você tiver medo de lugares fechados.
Defeitos? Poucos, na verdade. Eu citaria o final repentino demais, pois o filme acaba sem a gente nem ficar sabendo o que aconteceu depois com os caras. Mesmo assim, caso você ainda não tenha reparado, é deveras tremendão. Não deixe de pegar esse filme no cinema, pois assistir em casa não terá o mesmo impacto.
Curiosidade: Na cena do reveillon, a guria que fica cantando no palco é a estranha, porém desejável, Fergie, dos Black Eyed Peas.
PS: Alguém mais acha estranho esse pôster de ponta cabeça?
Pare de ler aqui se ainda não assistiu, pois o próximo PS tem uma revelação que você não vai querer saber antes da hora.
PS2 – SPOILER: Não é um pouco conveniente demais que tenha barquinhos salva-vidas esperando os protagonistas do lado de fora do navio exatamente no momento que eles conseguem sair?