Os fãs da lendária banda inglesa Pink Floyd repentinamente se viram órfãos pelo anúncio da morte de um dos maiores ícones da música mundial. Roger “Syd” Barrett nascido em Cambridge no ano de 1946, foi um dos fundadores e o responsável por batizar uma das bandas mais originais e influentes da história do Rock. Considerado gênio por alguns e louco por outros, Barrett inovou ao compor canções brilhantes e fracionadas, melodias com atmosferas estranhas e solos ousados para sua época.
Com o passar dos anos, o Pink Floyd ficou caracterizado como uma banda com a cara de Roger Waters. Mas é latente que a banda realmente já teve apenas um rosto e esse rosto se chamava Syd Barrett. É claro que ao falar de Barrett se faz necessário falar de seu envolvimento com LSD e principalmente com o desconforto que ele teve ao obter sucesso, fatores que contribuíram para um futuro colapso, que resultou em sua saída do Pink Floyd.
Após a perda de Barrett, me vi na obrigação de prestar uma homenagem ao mesmo. E uma das melhores formas que me ocorreu foi escrever um pouco sobre um dos marcos da música, o disco chamado The Piper At The Gates of Dawn, que deu o ponto inicial na gloriosa carreira do Pink Floyd, mas que é considerado por muitos como um trabalho solo de Syd Barrett e que revelou ao mundo todo seu talento.
O disco tem seu inicio com a bela e viajante Astronomy Domine, uma dentre tantas outras músicas saídas diretas do inconsciente de Barrett. Essa música mencionava as cores, de forma similar a outras bandas de sua época, com o diferencial que ela perdurou ao longo do tempo, inclusive sendo faixa de abertura nos shows do Pink Floyd em 1994.
No disco destacam-se várias músicas, como as curta Matilda Mother, que puxa para o clima do psicodelismo e tem um andamento de certa forma infantil que acaba prendendo o ouvinte. Flaming é mais uma bem ao estilo Barrett de compor, com uma bela linha de violão e com utilização de sons diversos no decorrer da música. Scarecrow é a mais curta do disco, que por sua vez usa muito experimentalismo e um belo trabalho de Richard Wright. Lucifer Sam, a mais rápida, mostra um Pink Floyd apostando em uma fórmula de música mais agitada, lembrando em alguns momentos trilhas sonoras de filmes e séries dos anos 60 e 70.
Mas a grande música do disco se chama Interstellar Overdrive. Grande não só em sua duração, com quase 10 minutos (fato mais do que raro na época), mas também em sua viagem e evolução do Progressivo-Psicodélico, que representa bem o dedo de Syd Barrett no comando do Floyd. Mas por falar em melhor representar, Bike se mostra como a música mais Barrett de todas. Sua letra é cheia de rimas de duplo sentido e aliterações e é considerada um dos maiores clássicos da banda.
The Piper at The Gates of Dawn é um dos marcos da história do Rock e simboliza muito bem o trabalho de Syd Barrett, que nos deixou aos 60 anos, mas que deixou grande contribuição para música, independentemente de estilos e rótulos. Roger “Syd” Barrett: louco para alguns e gênio para tantos outros. Fica aqui registrada a homenagem e a saudade de toda a equipe do DELFOS.