Diretores hypados são uma coisa engraçada. Assim como acontece na música, com algumas unanimidades como Beatles, Jimi Hendrix ou Black Sabbath (experimente dizer para alguém que você gosta de Rock, mas não gosta desses três e veja a reação), tudo que eles fazem é extremamente hypado, mas, na vida real, a maior parte das pessoas que se dizem fãs conhecem muito pouco do trabalho deles, para não dizer nada – e, não raro, eles são bem inferiores aos diretores mais pipoca que existem. Vide o caso do Lars Von Trier e sua síndrome “tiozão que corta a cabeça da galera nas imagens” ou então sua outra síndrome “tenho grana para bancar o cachê da Nicole Kidman, mas não para usar cenários”. Gus Van Sant é outro desses casos, mas antes de falarmos do mancebo, vamos à sinopse.
Paranoid Park é um parque construído por skatistas onde a galerinha vai justamente para brincar disso. Um desses caras é nosso querido protagonista, que acaba se vendo envolvido em um possível assassinato. Isso muda completamente a vida do sujeito, que se torna mais introspectivo e se isola do mundo.
O problema é que, aparentemente, Van Sant acha que uma boa forma de contar uma história é ficar mostrando o protagonista andando em câmera lenta pela sua escola durante uns cinco minutos, sem acontecer absolutamente nada. Em outros momentos, ainda, ele dá closes na fivela do cinto de alguém (e isso sem focar a imagem) enquanto coisas importantes para a narrativa acontecem do outro lado do moço que está tapando a tela.
O segundo caso se restringe a apenas uma cena, mas o primeiro é repetido à exaustão, nos mais variados cenários. Normalmente, fica uma música tocando (aliás, a trilha sonora é bem legal) e, enquanto isso, o protagonista fica fazendo qualquer coisa em câmera lenta ou então vemos uns skatistas genéricos fazendo suas acrobacias. Muitos desses planos, admito, são até esteticamente bonitos, mas sua duração é extremamente exagerada e com certeza vão fazer muita gente dormir no cinema.
Se ele acha que isso é ter identidade visual, está bem enganado. Afinal, o cinema deve contar boas histórias, não entediar a galera. Se conseguir fazer isso com imagens bonitas, melhor ainda, mas essa não deve ser a prioridade, senão fica como aqueles encartes de CDs tão enfeitados que não dá para ler a letra das músicas que é, é claro, a informação mais importante ali.
A história é boa, tem bons diálogos e boas atuações. Só fica faltando mesmo um diretor competente e um roteiro capaz de aproveitar todo o potencial do que está contando. Afinal de contas, se tirarmos todas essas enrolações e deixarmos só o que realmente interessa, Paranoid Park ficaria com menos de 40 minutos, o que o faria morrer no deserto dos médias-metragens.