Pânico 4

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A cada notícia que publicávamos aqui no DELFOS sobre Pânico 4, mais me parecia que as únicas pessoas ansiosas para sua estreia eram a Ayaya e eu. E admito que eu nem sabia que eu gostava de Pânico até pouco tempo atrás.

Durante a faculdade de jornalismo, o Cyrino constantemente falava que Pânico era a última coisa legal filmada pelo Wes Craven e eu estranhava, pois os odiei quando assisti no cinema. Mas por causa do nosso amigo, acabei ficando com a pulga atrás da orelha e, quando resolvi reassistí-los, os achei o maior legal. Fatalmente, fiquei tão ansioso para o quarto que, nos dias que antecediam esta cabine, assisti a todos os anteriores novamente.

QUAL É SEU FILME DE TERROR PREFERIDO?

A sinopse é muito bem exposta numa das primeiras cenas, então eu simplesmente repito a frase aqui: um bando de adolescentes muito eloquentes desconstrói os filmes de terror enquanto são assassinados um a um.

Acredito que é exatamente por causa desse motivo que eu não gostei da série no cinema. Faltava-me o repertório para sacar as referências e piadas. Agora, que eu entendo um pouquinho mais de cinema, consegui curtir bastante. Até porque sou um grande apaixonado pela metalinguagem. E, se você também é, com certeza vai se divertir bastante.

Esse conceito da metalinguagem, onipresente nos três primeiros filmes, é escancarado aqui logo no início, de forma extremamente engraçada. E se mantém presente durante boa parte da projeção, graças a uma nova dupla de personagens nerds que substituem o Randy (Jamie Kennedy), assassinado no segundo filme.

DON’T FUCK WITH THE ORIGINAL!

E esse era também o ponto que me deixava mais curioso. O primeiro Pânico brincava com as regras dos slashers. O segundo, com as regras das sequências. Por fim, Pânico 3 concluía satirizando conclusões de trilogias. O que sobrou para o quarto capítulo? Continuações tardias? Isso não me parecia tão interessante…

Mas veja só, em uma surpreendente, porém óbvia (como todas as melhores ideias) jogada, o roteiro brinca com o fato de que os slashers mais recentes, como A Hora do Pesadelo e Sexta-Feira 13 não são sequências, mas remakes. “Hoje em dia os estúdios só aprovam novos filmes de franquias de terror se forem remakes”, explica um dos personagens.

Pronto, temos aí uma proposta interessante e divertida, que torna Pânico 4 engraçado e divertido, ao mesmo tempo em que o deixa familiar e novo, sem impregná-lo com o cheiro de caça-níquel que costuma permear continuações tardias.

Além da metalinguagem, outra coisa que me agrada bastante na série é que o assassino é um tremendo patetão. Ele corre, tropeça, apanha e até geme de dor. Totalmente nada a ver com o sempre tranquilo Jason, por exemplo, que mesmo sem correr, acaba sempre chegando antes e nunca mostra qualquer sinal de sentimento ou alteração.

HELLO, SIDNEY

Pânico 4 tem na abertura e no seu clímax os melhores, mais engraçados e mais criativos momentos. Infelizmente, isso faz com que a parte imediatamente depois da abertura dê uma boa esfriada depois de um início tão empolgante. Depois, volta a esquentar, então não saia da sala na parte mais chatinha. Também parece ter sumido completamente o clima tradicional dos slashers. Pânico 4 é tão comédia quanto Machete, então não espere ficar com medo.

Outrora tremendão, Wes Craven fez tanta porcaria que a maior parte de nós esqueceu que ele pode ser um bom diretor. Aqui sim, temos ele de volta. E se tem uma série que consegue usar coisas como “gato correndo com aumento de trilha sonora” sem parecer imbecil, essa série é Pânico. Afinal, aqui tem um contexto.

Pânico 4 cumpre e supera bastante as baixas expectativas que o rodeavam, então entre na brincadeira, ria das desconstruções dos filmes de terror e nunca, jamais, esqueça a primeira regra dos remakes.

CURIOSIDADES:

– A Courteney Cox e o David Arquette se conheceram nas filmagens do primeiro Pânico e acabaram casando.

– Assistindo aos três anteriores, você encontra vários atores que hoje são famosos quando ainda eram “adolescentes genéricos para serem fatiados”. Entre eles, temos, por exemplo, Timothy Olyphant e Emily Mortimer. Não posso esquecer, também, do tesouro de Hollywood, Jerry O’ Connel.

– O roteiro de Pânico 4 é de Kevin Williamson, que cuidou do texto dos dois primeiros filmes, mas que no terceiro cedeu o lugar para Ehren Kruger.

– Qual é seu filme de terror preferido?

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
panico-4País: EUA<br> Ano: 2011<br> Gênero: Comédia / Slasher<br> Roteiro: Kevin Williamson<br> Elenco: David Arquette, Neve Campbell, Courteney Cox, Emma Roberts, Hayden Panetierre, Kirsten Bell e Anna Paquin.<br> Diretor: Wes Craven<br> Distribuidor: Imagem<br>