Ozzy Osbourne – Scream

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Saudações, caros delfonautas! Depois de muito tempo cogitando escrever algo e submeter ao nosso Ditador Supremo, eis-me aqui. A oportunidade não poderia ser melhor. Venho resenhar um disco do meu artista de heavy metal preferido (assim como de muitas outras pessoas), Ozzy Osbourne!

Contudo, se acalmem! Não farei odes ao Senhor das Trevas como muitos possam pensar depois de lerem o primeiro parágrafo. Ozzy foi responsável pela minha iniciação ao metal (parece bem gay, mas e daí?), mas me considero um quase balzaquiano de certo discernimento, portanto aí vai a resenha, porque enrolar por dois parágrafos já é demais!

O novo disco do papa morcegos, Scream, vem com duas novidades na banda do Madman, que atendem pelos nomes de Gus G. (guitarras) e Tommy Clufetos (bateria). Aguardem mais algumas linhas que tecerei meus comentários acerca das performances de ambos os mancebos na bolacha.

O disco abre muito bem, com a faixa Let it Die. Metal arrastado, pesadão, lembrando um pouco as levadas do Black Sabbath (ok, Corrales, discordo da sua opinião a respeito de que Black Sabbath não é metal, mas por favor, não solte o Alfredo para me perseguir!). A faixa abusa dos efeitos de voz, mas encaixam perfeitamente no contexto estético proposto pela música.

A segunda música, Let Me Hear You Scream, já virou trilha sonora do CSI, e eu considero uma tremenda porrada! Fazia tempo que Ozzy não apresentava uma faixa tão pesada e melódica ao mesmo tempo. Desafio você a ouvir a música uma vez e não ficar com o refrão grudado na cabeça! Encaixa muito bem na proposta que o descabeçador de pombas (cuidado com os trocadilhos!) possui desde o começo da carreira: heavy metal fugindo um pouco do clima fúnebre do Black Sabbath, bem ao estilo californiano de ser. Com certeza, se estivesse resenhando apenas o single de Scream, levaria o selo delfiano!

A terceira música, Soul Sucker, é bem legalzuda. Mais uma com andamento arrastado, e o riff repetido com o nome da faixa em backtrack foi uma excelente sacada. Destaque para a virada de andamento da faixa lá pelo seu meio, uma excelente quebrada de ritmo!

Na primeira vez que ouvi o álbum, trabalhando em casa e acessando no Myspace do Ozzy, confesso que estava todo pimpão, achando que este disco simplesmente era o sonho de todo adorador do Príncipe das Trevas. Todavia, após as três primeiras faixas, a minha expectativa se esvaiu: Life Won’t Wait, Diggin’ Me Down, Crucify e Fearless são até boas músicas, mas é aquele negócio: poucos álbuns conseguem segurar as pontas do início ao fim, e muitas faixas estão ali para encher linguiça.

O próprio Ozzy teria três álbuns que se enquadram nessa categoria de discos com qualidade 100%: Blizzard of Oz, Diary of a Madman e No More Tears. Mas para quem amargou a tristeza de ouvir Down to Earth e Black Rain, predecessores de Scream, a expectativa era muito grande. Mesmo assim, as quatro faixas acima possuem suas qualidades, mas não são tão impactantes quanto as três primeiras do disco.

Aí chega aquele momento de todo álbum do Ozzy em que ele apresenta sua balada. Nesse aqui, ela atende pelo nome de Time. A música é bem bonitinha, cheia de “úúúús” (confesso que achei meio brega). A letra é belíssima. Enfim, cumpriu muito bem sua função social de balada-do-Ozzy-de-cada-disco.

As duas próximas músicas, I Want it More e Latimer’s Mercy jogam a qualidade novamente para cima. Músicas pesadas, Ozzy cantando raivoso. Arrisca até uns drives como em Let Me Hear You Scream.

Por fim, vem um pequeno bônus. I Love You All é meio que um logo do álbum. Confesso que gostei muito e, como grande fã do Madman, me senti valorizado. São poucos os músicos que de forma confessa fazem música SOBRE os fãs e não apenas PARA os fãs (ok, ok, temos o Manowar, mas esse eu não conto!).

Agora, cumprindo minha promessa feita no terceiro parágrafo, preciso destacar que Gus ABCDEFG. e Tommy Flocos são responsáveis por uma repaginada no som do Ozzy. Era nítido que Mike Bordin, apesar de excelente baterista, batia cartão na banda do Madman. O seu lance sempre foi muito mais alternativo, como ele fazia no Faith no More. Sharon Menezes NUNCA, em sã consciência, permitiria que Ozzy deixasse o Sr. Bordão com carta branca para tocar o que quisesse. Não é à toa que Down to Earth e Black Rain são considerados dois dos pontos baixos da carreira do Ozzy.

Ah, e Zakk Wylde merece um parágrafo só para ele. O cara é um excelente guitarrista. Mas quem viu o show do Ozzy aberto pelo Black Label Society em 2008, como eu, deve concordar que o Zacarias deu muito mais sangue no show da sua banda solo do que com o Madman. Além disso, os discos do Ozzy estavam sim soando como Black Label. Não dá para um guitarrista de estilo singular como Zakkis Wyldis (Mussum livis forevis! Em ritmo de Queen!) criar músicas totalmente diferentes para duas bandas. Tanto que o novo guitarrista, Gus G., pegou as músicas escritas pelo Sr. Wylde e imprimiu sua marca pessoal. Elas lembram um pouco o trabalho do Zaca, mas de forma alguma soam como Black Label Society.

Só tenho aqui que fazer um protesto. Em uma das entrevistas a respeito da saída de Zakk Wylde da banda, Ozzy afirmou que não dava mais para aguentar as bebedeiras de seu paladino das seis cordas. Peraí!? Ozzy reclamando de alguém por beber demais? Amigo, sou seu fã e me considero fanático pelo seu som, mas mesmo assim, vergonha alheia do cidadão! Seu telhadinho é de cristal da boêmia quando se trata de abuso de álcool e demais substâncias estupefacientes!

Fazendo um balanço geral do álbum, considero Scream um quase excelente disco. Ozzy inovou, modernizou seu som e mostrou ser capaz de se adaptar ao tempo e novos caminhos da indústria musical. A entrada dos novos integrantes foi salutar e arejou a cabeça do Madman, reativando as sinapses dos poucos neurônios que ainda lhe sobraram, após as toneladas de álcool e drogas consumidas pelo nosso amado Príncipe das Trevas!