Outlast

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Eu já falei isso por aqui, mas eu realmente venho sentindo falta de jogos mais focados na experiência no PS4. No PS3, tinha um monte disso, mas parece que para o PS4 só saem jogos indies que parecem saídos da época do Super Nintendo, ou então jogos em mundo aberto como Watch Dogs.

Outlast não é um jogo novo. Saiu em setembro de 2013 para PC, em fevereiro para PS4 (onde foi distribuído como parte do line-up da PS Plus) e só em junho para o Xbox One. Pois só agora eu consegui colocar as mãos nele, e no seu DLC, Whistleblower e, maninho, como desceu bem.

UM MANICÔMIO MUITO LOUCO

Outlast coloca você no papel de um jornalista que recebeu um e-mail denunciando coisas horríveis que estão acontecendo em um manicômio administrado por uma empresa conhecida por fazer caridade, mas que na verdade só quer lucros. Como bom investigador, você vai até lá em busca da matéria e, esperançosamente, de um Pulitzer. Você invade o lugar, e poucos minutos depois, seu objetivo no game literalmente muda de “investigue o manicômio” para “escape do manicômio”. Desnecessário dizer que as coisas vão ficar feias para você.

Acontece que os pacientes tomaram conta do lugar, e muitos deles estão aproveitando a oportunidade para dar luz a seus instintos mais sádicos. Logo você começa a ser perseguido por um ex-soldado grandão, por dois sujeitos peladões (aliás, Outlast é o primeiro jogo no qual eu me lembro de ter visto pintos, deixando-o ainda mais assustador caso você tenha medo de homens pelados) e por um médico sádico. Mas eles não são os únicos perigos do lugar, pois além destes três que são mais desenvolvidos, ainda tem um monte de assassinos genéricos no lugar. Verdade, a maioria dos pacientes está tão assustada quanto você e não quer te fazer mal, mas existe uma quantidade suficiente de psicopatas para o lugar ficar assustador.

E sabe o que é pior? Outlast é um jogo realista. Aqui, você é um jornalista, não um lutador. Assim, você é totalmente indefeso. Se alguém quer te matar, a única coisa que você pode fazer é fugir ou se esconder, como seria na vida real.

A visão em primeira pessoa e os ambientes cuidadosamente criados, somados a um design de som daqueles que justificam a compra de um equipamento 7.1, contribuem para um dos jogos mais assustadores desde Condemned. Aliás, como aqui você é totalmente indefeso, talvez seja até mais assustador.

MUNDO ESCURO

A iluminação é um show à parte. A luz é rara neste manicômio, normalmente com apenas uma luz por cômodo, o que faz com que a sua sombra seja projetada de forma bem realista, dependendo de onde você se encontra em relação à lâmpada.

Este também é um dos pontos fracos de Outlast, pois em boa parte dele o ambiente é totalmente escuro, fazendo com que o jogador não consiga ver nada. E é uma pena, considerando quão legais são os ambientes.

Para conseguir navegar nos cômodos mais escuros do manicômio, você tem uma câmera com visão noturna que deixa tudo esverdeado, porém visível. O problema é que a dita-cuja drena a bateria da câmera, e aí entra o lado survival horror da coisa, pois as baterias são limitadas. Claro, devo dizer que, jogando no modo normal, eu sempre estava próximo da quantidade máxima que podia carregar, então não foi algo que realmente eu tive que conservar. Ainda assim, eu preferia ver o ambiente com meus próprios olhos, não com a cor esverdeada da visão noturna. Infelizmente, praticamente toda a segunda metade do jogo é totalmente escura, deixando o jogo muito mais verde do que ele precisava ser.

O melhor ponto de Outlast é a sua atmosfera extremamente imersiva, com vários momentos roteirizados. Desde coisas pequenas, como ver uma sombra passando no fim do corredor, até outras totalmente chocantes que eu não vou exemplificar aqui para não estragar a surpresa de ninguém, Outlast é um jogo bastante roteirizado e focado na experiência do medo, e faz isso muito bem.

Claro, o jogo não daria medo se você não estivesse constantemente com a sensação de perigo. E as perseguições variam do emocionante para repetitivas, pois muitas vezes não é claro o caminho que você tem que seguir e explorar um cenário escuro sendo caçado não é exatamente fácil.

Assim, as perseguições são necessárias, mas eu gostaria que o jogo investisse mais no climão do que nisso. A segunda metade é basicamente perseguição ininterrupta (inclusive com dois momentos que você pode chamar de chefes), deixando-o um tanto repetitivo e menos interessante do que era em suas primeiras horas.

Ainda assim, trata-se de um tipo de jogo que anda em falta nos consoles next-gen, e seus poucos defeitos não conseguem tirar o brilho de um jogo bastante especial e realmente assustador.

WHISTLEBLOWER

O DLC Whistleblower conta a história do programador que mandou e-mail para o jornalista, começando antes e terminando depois da história principal. E sabe que ele consegue a façanha de ser ainda melhor do que o principal?

Para começar, este deve ser o único jogo em que você controla um programador. Quantas vezes você já foi um space marine careca? Muitas, né? Mas aposto que você nunca foi um programador indefeso em um ambiente hostil.

Mas o que torna Whistleblower ainda melhor que o jogo principal é que, embora ele seja mais curto, seus cenários têm maior variação, e um timing melhor, com perseguições mais espaçadas e menos ambientes totalmente escuros.

Isso não o torna mais fácil, na verdade eu até achei mais difícil, mas dá bem mais medo se você escapa de uma perseguição e não sabe quando vem a outra, que pode vir a qualquer momento, do que nunca ter um tempo para respirar. E tem um chefe bem interessante neste DLC, onde rola inclusive o momento mais chocante de toda a história, daqueles que é até difícil olhar para a tela.

ROTEIRO

Ok, o roteiro de Outlast em si não é nenhuma maravilha. Depois de uma das perseguições mais tensas do jogo, por exemplo, rola uma piada em uma de suas notas (como você é jornalista, faz notas em vários momentos da história) que ninguém naquela situação faria.

Eu também preferia que ele não flertasse com o sobrenatural, pois tenho mais medo de pessoas do que de fantasmas, mas aí vai da preferência do freguês. Eu considero que um jogo de terror sem monstros ou fantasmas (como o supracitado Condemned) é mais especial e mais assustador do que seus concorrentes, mas talvez você goste mais do lado sobrenatural.

HORA DE ESCAPAR

Outlast não é um jogo especialmente longo. Eu terminei a campanha em dois dias, e o DLC em mais dois (embora o DLC seja mais curto, ele não é tão curto quanto a maioria dos DLCs costumam ser). E fiquei assustado durante todo o tempo que ele durou. É uma experiência como nenhuma outra disponível nos consoles da next-gen, e se você também tem prazer em sentir medo (o que é deveras inexplicável, né?) e não teve oportunidade de jogar quando ele saiu na Plus (ou não tem um PS4), vale o preço. Tanto do jogo quanto do DLC. Só se certifique que tem espaço no HD suficiente para ele, pois o game tem 4Gb, e o DLC mais 3Gb.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
outlastAno: 2013 (PC) e 2014 (PS4 e Xbox One)<br> Gênero: Survival Horror<br> Preco: US$ 19,99 (jogo) e US$ 8,99 (DLC Whistleblower)<br> Plataforma: PC, PS4, Xbox One<br> Fabricante: Red Barrels<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Red Barrels<br>