O público de filmes de terror e de fantasia é basicamente o mesmo e, exatamente por isso, esses dois gêneros costumam ser amalgamados em premiações e eventos (como a Comic Con, por exemplo). Por outro lado, fantasia e terror são gêneros completamente opostos e este longa é um bom exemplo disso.
Acontece que, como o delfonauta amante da sétima arte sem dúvida sabe, é possível fazer um bom filme de terror com relativamente pouca grana (Jogos Mortais é um ótimo exemplo disso). Por outro lado, um representante da fantasia pode ter um orçamento bombado (ou pelo menos bem superior a qualquer produção de terror), e mesmo assim ter a maior cara de filme B. Este é o caso de Os Seis Signos da Luz.
Para começar, agora que todos os Tolkiens, Pullmans e demais grandes representantes da literatura fantástica já foram “comprados”, começam as produções de livros menores, não exatamente desconhecidos, mas sem a mesma notoriedade de um Senhor dos Anéis.
Se o livro é menor, o elenco e a equipe técnica também são. Dê uma olhada na ficha técnica aí do lado. O nome mais famoso é o Ian McShane que, segundo o release, tem no Capitão Gancho de Shrek seu papel de maior destaque. O diretor, por outro lado, parece vir diretamente do campo dos documentários, tendo trabalhado bem pouco com ficção.
Claro que nada disso significa que se trata de um filme ruim. Mas a sensação de ser um longa menor e um tanto quanto genérico, acompanha toda a projeção. Vejamos a sinopse.
Temos um moleque normal, meio outcast, que do nada descobre ser especial. Ele é o sétimo filho de um sétimo filho, e isso faz dele o caçador, um indivíduo com superpoderes e cuja missão é encontrar seis signos que possibilitarão que as forças da luz vençam as da escuridão. Pois é, amigão. Temos aqui o mito do herói. DE NOVO!
Cacilda, mas será o Benedito? Por acaso não existe nenhum livro de fantasia neste mundo perseguido por Torquemada que NÃO SEJA o mito do herói? Aparentemente não. E é claro que não serão os preguiçosos roteiristas hollywoodianos que vão tentar escrever algo diferente.
Para piorar, o filme faz um tremendo suspense em relação ao sexto signo. “Ele não será encontrado, pois não foi escondido”, diz o mentor do protagonista. O problema é que qualquer um que olhar para o pôster ao lado com um pouquinho mais de atenção vai sacar o que diabos é o tal sexto signo. Mas vamos falar de Metal! m/
O delfonauta adepto das guitarras distorcidas com certeza sacou alguma semelhança entre a identidade do protagonista e um disco do Iron Maiden. Sim, meu amigo, é claro que estou falando do tremendão Seventh Son of a Seventh Son. E a semelhança não pára no título. Várias cenas e sentimentos do filme encontram eco nas letras deste álbum clássico da donzela. Será possível que a história contada no disco seja baseada no livro de Susan Cooper? Tudo indica que sim, mas se você souber com certeza, conta para nós. Não seria a primeira coisa feita pelo sexteto inglês baseada em algo literário, mas acredito que seria a primeira baseada em um livro infanto-juvenil.
Se por um lado, o disco é ótimo, o melhor adjetivo para caracterizar o filme é nada. Pois é, depois de algum tempo sumidos, finalmente os filmes nada retornam ao DELFOS em toda sua glória. Ou quase, afinal, Os Seis Signos da Luz é tão genérico e tão “quero entrar na modinha dos longas de fantasia” que é difícil considerá-lo apenas algo sem predicados. Na verdade sua principal característica é justamente sua sem-vergonhice. Manja aquele cara que fica puxando as minas pelo braço nas baladas? Se esse manezão fosse adaptado para o cinema, ele seria Os Seis Signos da Luz.