Lá em 1990, a Lucasarts lançou o clássico The Secret of Monkey Island. Foi um jogo importantíssimo para a história dos games, e uma das suas características mais lembradas é a luta de espadas por insulto. “Não interessa o que você faz, o importante é insultar seus adversários corretamente”, ensinava o jogo, lição que desde então eu levo muito a sério na vida.
Pouco tempo atrás, a turminha da Vile Monarch participou de uma game jam, e o jogo que eles criaram lá era Oh…Sir!!. Este é seu sucessor, que turbina absolutamente tudo, mas mantém a acessível simplicidade. Desde que, é claro, você manje de inglês.
A influência de Monkey Island é clara, mas maior ainda eu diria que é a influência de Monty Python. E não são apenas referências a esquetes ou piadas do sexteto inglês, mas há cenas tiradas diretamente da trupe cômica, sem falar que os trejeitos dos personagens e o próprio visual têm uma cara bem próxima das animações do Terry Gilliam. Veja, por exemplo, a velhinha, que fala com uma voz bem parecida com a que Terry Jones fazia quando se vestia de mulher. Tem até uma opção de jogo chamada “discussão instantânea”.
O jogo em si parece uma mistura entre xadrez, poker e jogo de luta. Se em um Street Fighter da vida você enche seu desafeto de porrada até a energia dele esvaziar, aqui você o insulta ininterruptamente até ele pedir arrego.
Há vários personagens para escolher, cada um com sua fraqueza. A
velhinha, por exemplo, fica mais doída quando insultam a idade dela, e cada um deles tem um ponto fraco temático do personagem.
O gameplay é bem simples e divertido. Basicamente, ficam umas palavras no centro da tela e você deve escolhê-las para formar um insulto que faça sentido. Quando escolhidas, as palavras somem e não podem mais ser escolhidas pelo oponente, então tem um fator estratégico. A palavra “and”, por exemplo, que permite formar insultos mais longos, é bastante concorrida. E, claro, quanto mais longo for o seu insulto, maior será o dano causado no seu adversário.
Além das palavras gerais, que ficam no centro da tela, cada personagem tem duas palavras aleatórias por rodada que só ele pode usar, dando ao jogo um jeitão de Texas Hold’em. O bacana é que essas palavras podem ser tematizadas pelo personagem escolhido. Se você estiver jogando com o H.P. Lovecraft (sim, ele é um personagem jogável), pode usar o todo poderoso e invencível Cthulhu como um insulto. E isso, claro, deixa qualquer um sem resposta.
Há várias outras sacadinhas bacanas como essa. Um dos personagens, por exemplo, é Deus, e ele tem a voz e a cara do Morgan Freeman, além de ter insultos ligados ao sentido da vida e problemas de família como fraquezas.
O jogo é bem enxuto em suas opções. Há um torneio, que é uma sequência de cinco batalhas com uma leve historinha. O torneio dura cerca de 30 minutos e é basicamente o modo arcade daqui. O mais legal, assim como em jogos de luta, é lutar contra os amigos. Você pode fazer isso em versus local ou online, e obviamente insultar um humano é bem mais interessante do que insultar o pobre PS4, que nunca fez nada contra mim.
Assim, é fato que não há muita sustância por aqui. Basicamente, é um party game para jogar com amigos, assim como um jogo de luta. A vantagem é que ele é bem mais fácil de aprender e de dominar, o que significa que você pode se divertir até com pessoas que normalmente não jogam videogame.
Uma outra vantagem é que ele é baratinho. A versão de Steam, por exemplo, está saindo no momento em que escrevo isso por R$ 4,29. Creio que ele venderia bastante se fosse lançado para celulares, mas por enquanto está disponível apenas para PC e consoles. Considerando que ele custa pouco mais do que uma passagem de ônibus, fica fácil recomendá-lo, até pela curiosidade e pelo fato de ser um jogo único, que certamente vai arrancar sorrisos do seu rosto.