A infância nos anos 80 me proporcionou crescer com heróis e vilões que dão inveja a qualquer pessoa que tenha nascido no final daquela década. Foram os Goonies, E. T., Indiana Jones, Thundercats, He-Man, as Tartarugas Ninja, o Batman de Tim Burton (sim, eu gostei dos dois primeiros filmes da série) e o Super-Homem do diretor Richard Donner.
O filme do homem de aço, apesar de lançado ainda no final dos anos 70 (1978), representou um grande ícone para a geração dos anos 80, afinal, foi a primeira vez que uma história em quadrinhos foi levada com sucesso para o cinema, com efeitos especiais de ponta para a época e bons atores nos papéis principais. Entre esses atores, destacaram-se os já experientes Marlon Brando como Jor-El, Gene Hackman – ótimo no papel do vilão Lex Luthor, e uma nova cara, um então jovem ator de 25 anos no papel de Clark Kent/Super-Homem, é óbvio que me refiro a Christopher Reeve, falecido no último dia 10 de Outubro e para quem preparamos uma pequena homenagem Delfiana, relembrando um pouco de sua vida e obra.
Reeve nasceu em 25 de Setembro de 1952 em Nova Iorque, mas cresceu em Princeton (Nova Jersey) ao lado da mãe e do irmão Benjamin. Desde cedo, o futuro Super-Homem já trabalhava como ator em pequenos papéis no teatro e pontas em séries de televisão, enquanto estudava na Universidade de Cornell.
No seu último ano de faculdade, foi selecionado, juntamente com outro grande ator que também estava começando: Robin Williams, na famosa Juilliard School of Performing Arts de Nova Iorque, onde conseguiu papéis mais importantes nos filmes Gray Lady Down e na série de TV Love of Life. Os dois papéis impulsionaram a carreira do ator que, um ano depois, foi convidado por Richard Donner para estrelar o filme do Homem de Aço no papel principal.
O resultado não poderia ter sido melhor: o filme teve uma ótima recepção nas bilheterias e a carreira de Christopher deslanchou de um semi-anonimato para a glória total com direito a nome na calçada da fama e diversos prêmios. Mas Reeve sabia que, se não soubesse controlar sua carreira, seu nome ficaria ligado à imagem do Super-Homem para sempre e para evitar essa estagnação, começou a escolher, paralelamente à carreira do Homem de Aço que rendeu mais 3 filmes, papéis em dramas, filmes de suspense e romance e assim provar que não era apenas mais um rostinho bonito nas telas do cinema e que tinha um grande talento.
Em 1980, Reeve estreou o premiado Em Algum Lugar do Passado, dois anos depois participou de Monsenhor. Em 85 fez parte da primeira versão de O Aviador e em 1993 atuou em Vestígios do Dia, apenas para lembrar alguns de seus filmes mais conhecidos. Curiosamente, Reeve também preferiu deixar um pouco de lado sua carreira nos filmes de ação após os 4 filmes do Super-Homem e recusou o papel principal de O Vingador do Futuro (que foi para Arnold Schwarzenegger) e em outros filmes mais agitados.
Em 1995, veio a reviravolta que marcou para sempre a vida de Christopher Reeve: durante um concurso de hipismo, o ator caiu de um cavalo e foi parar, tetraplégico, em uma cadeira de rodas.
Apesar do grave problema, Reeve não desistiu de sua vida e passou a se dedicar em ajudar as pessoas na mesma situação: em 2002, ele fundou juntamente com a sua esposa a Christopher and Dana Reeve Paralysis Resource Center (infelizmente esses caras precisam passar por um tragédia para decidir ajudar os outros), além de escrever alguns livros sobre como conseguiu, com a ajuda dos parentes e amigos, superar o trauma e dar continuidade a sua vida, provando que um de seus talentos era transformar uma tragédia em oportunidade. Além disso, ele lutava com unhas e dentes pela liberação das pesquisas com células-tronco, já que este tipo de pesquisa poderia ajudar a recuperação de pessoas paraplégicas e tetraplégicas. Essa sua incursão rendeu até um episódio divertidíssimo de South Park, onde Christopher comia fetos para se recuperar.
Recentemente, na televisão, o ator participou da minissérie Smallville, onde, interpretando um cientista, ajudava o jovem Clark Kent a entender melhor os seus poderes. Certamente um dos papéis mais emocionantes e sentimentais em sua carreira e que fez os nerds do mundo inteiro delirarem. Ele ainda estava cogitado para fazer uma participação no novo filme do Super-Homem, que está sendo dirigido por Bryan Singer.
No sábado, dia 09/10, o ator sofreu uma parada cardíaca que o deixou em coma e no dia seguinte, o Super-Homem mais famoso da história faleceu, aos 52 anos de idade, em casa, cercado pelos seus familiares. Infelizmente, ao contrário do Super-Homem dos quadrinhos, dessa vez ele não vai voltar. Christopher Reeve deixou três filhos, uma esposa e a magia de ter nos feito acreditar que um homem poderia voar. Voe em paz, Super-Homem.