Minhas expectativas para O Retorno de Johnny English eram baixíssimas. Dificilmente continuações tardias (oito anos separam este filme do original) são legais e, pelo que me lembro, já não curti muito o primeiro na época de seu lançamento, quando era muito menos exigente do que sou hoje. Mordi minha língua, delfonauta, pois me diverti pra caramba na sessão.
Joãozinho Ingrêis (Rowan Atkinson) é um detetive britânico que foi afastado da função após um terrível incidente em Moçambique. Porém, ele é chamado de volta para solucionar um novo caso, que só ele pode resolver.
A princípio, é fácil deduzir que o personagem Johnny English seja praticamente um Inspetor Clouseau, porém logo fica claro que, ao contrário daquele interpretado por Steve Martin (me refiro aos remakes, claro), o detetive inglês não é um desastre ambulante. Claro, ele é atrapalhado, mas está muito longe de ser tão burro quanto o rival francês.
Isso, no entanto, não deixa o longa menos engraçado. Pelo contrário. Em menos de dois minutos de filme, eu já tinha rido algumas vezes, e o sorriso se manteve por toda a projeção.
Boa parte do humor se deve ao talento dos atores, que muitas vezes deixam hilária uma situação que seria apenas engraçadinha, usando nada mais que suas expressões faciais. Quem se lembra do Mr. Bean sabe que fazer expressões faciais engraçadas é um dos talentos de Rowan Atkinson, mas o mais legal é que não é apenas ele, mas vários outros atores também conseguem arrancar gargalhadas apenas pela “reação” às patetadas do protagonista.
O humor é bem do tipo que eu gosto. Assim como os clássicos filmes do David Zucker com Leslie Nielsen, é extremamente bobo, mas sem crueldade. Na maior parte das vezes, as piadas fazem rir especialmente por serem bonitinhas, como na hora em que English e seu sidekick cantam para fazer um vilão baleado sarar (repare na expressão facial do vilão para gargalhar ainda mais). Verdade, não chega a ser humor nonsense, como na supracitada série Corra que a Polícia Vem Aí, mas ainda assim é deveras engraçado.
E sabe o que mais? Além de ser extremamente engraçado, Johnny English é quase um filme de ação. Isso mesmo, delfonauta, as cenas de ação são tão legais e empolgantes que parecem uma versão apatetada de Carga Explosiva. Ou você descreveria de outra forma uma perseguição de carros em que o perseguido usa uma cadeira de rodas motorizada? E ainda assim é totalmente hell, yeah!
Falando em ação, também merece destaque a perseguição do início do filme, em que um chinês faz um monte de coisas estilosas para escapar enquanto Johnny está sempre poucos passos atrás apenas por usar a cabeça. Aliás, quem diria? Johnny English usa a cabeça!
O Retorno de Johnny English é uma surpresa extremamente positiva. Junta comédia da boa e ação do jeitinho que a gente gosta em um único longa. É a diversão perfeita para um sábado à tarde com a patroa ou até mesmo com os filhos, e prova que ainda existe vida inteligente na comédia, por mais boba que ela seja.
CURIOSIDADES:
– O personagem Johnny English não surgiu no filme de 2003, mas em propagandas de um cartão de crédito inglês que passaram na Inglaterra entre 1992 e 1997.
– Eu procurei por aí alguns desses comerciais para colocar aqui, mas não consegui encontrar nenhum, então a única saída foi apelar para o público. Confira abaixo o primeiro da série de comerciais, cortesia de Robson Brito Leite, que usou seus contatos nos submundos internéticos para encontrar os vídeos.