O Metal não morreu

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Quando vi o show do Ozzy Osbourne, não posso negar que foi uma experiência deveras gratificante. É fato que ele está velho e decrépito (não seria uma má ideia empalhá-lo e colocar em um museu de cera), mas foi realmente uma grande apresentação. Bem, após o efeito do álcool e do Heavy Metal passar, me pus a filosofar sobre música.

Minha cota de shows internacionais e nacionais é relativamente extensa, vi grandes mestres (e gastei grandes valores, aliás) e muitos são inesquecíveis. O que me impressiona é como os “velhos” humilham as novas gerações musicais. Por ser um grande fã de Metal, sou uma pessoa crítica e intolerante com certas coisas, mas é fato que, salvo raras exceções, quase nada do que é feito atualmente pode ser comparado à qualidade dos “velhos” da era de ouro. Por isso creio que 98% das bandas antigas sobrevivem dos clássicos feitos nos tempos áureos (você acha que o povo foi no Ozzy para ouvir o álbum Scream? Queríamos é Paranoid e Crazy Train).

O cenário metálico atual não é ruim, considero acima da mediocridade, porém não vejo a qualidade e criatividade de outrora. Por mais avançados que sejam os equipamentos, por mais produzidas e editadas que sejam as canções, por melhores que sejam os meios de divulgação, dificilmente você vê um álbum e diz: “nossa, é a melhor coisa que já ouvi”. Tal reação costuma vir quando se descobre uma pérola dos anos 80 que nunca tinha conhecido antes (quando ouvi o Screaming for Vengeance do Judas Priest pela primeira vez, só não chorei porque isso não é True). Diga-me se você teve tal reação com alguma banda de Heavy Metal que tenha menos de 15 anos de estrada?

Dizem que, para se tornar clássico, o álbum precisa superar o teste do tempo, e coisas que menosprezamos hoje serão excelentes daqui a 15 ou 20 anos. Algumas sim, mas a maioria dos grandes álbuns dos anos 70/80 já era cultuada naquela época! Diga-me se você, nobre True, cultua algum que tenha surgido depois dos anos 2000? Mas me refiro a cultuar no sentido de colocar entre as melhores coisas já surgidas na história, não nos melhores dos últimos tempos. De certa forma, o problema é justamente esses “melhores dos últimos tempos”, pois não se tem novos “melhores de todos os tempos”.

Está entendendo o que digo? Não estou dizendo que nada de novo é bom, mas sim que, tirando raras e quase inexistentes exceções, nem o que é bom hoje pode ser comparado às antiguidades. Quais são as chances de aparecer (no sentido de qualidade e inovação, não de cópia) um novo Led Zeppelin IV? Ou um novo Painkiller? Um novo Heaven and Hell, quem sabe? Vá lá, um novo Black Album? Só pra exemplificar um pouco mais, basta lembrar que praticamente todas as listas de maiores e melhores que envolvam Rock e Heavy Metal não apresentam bandas ou álbuns novos (tirando aquelas listas fanfarronas, que colocam Kurt Cobain entre os melhores guitarristas e coisas do tipo).

Atualmente, o Metal e o Rock são feitos de mais do mesmo. Não que eu esteja reclamando. Acho ótimo o AC/DC e o Motörhead criarem exatamente as mesmas músicas com outros nomes, ou o Black/Death Metal e suas letras “pesadas”. Mas alguma banda nova se difere das outras? Algum álbum novo é considerado divisor de águas dentro do gênero? Está ficando cada vez mais difícil responder, né?

De quem é a culpa? Da mídia musical que controla tudo? Dos músicos que não se esforçam mais em criar, apenas em reciclar? Desse cara reclamão que está escrevendo o texto? Um pouco de cada coisa, talvez nada de tudo. Bem, continuo fã, e ouço tanto o que é novo quanto o que é antigo, mas, sem hipocrisia, o coração bateu bem mais forte ouvindo Bark at the Moon do que Let me Hear you Scream no show do Ozzy. O seu não?