Preciso parar de chegar excessivamente cedo nas cabines de cinema, já que termino lendo jornais e descobrindo que o mundo não é feliz ou ainda torrando meu dinheiro em café. Mas isto é uma preocupação pessoal, vamos à sinopse no próximo parágrafo!
Wagner Moura é João (ou Zero), um cientista louco, paranóico e traumatizado por uma noite infeliz em que o amor da vida dele o humilhou em público. Assim como faria o Sheldon, ele cria uma máquina do tempo e volta para o dia em que sua vida foi arruinada. Agora, ele vai ter que impedir o João do passado de cometer os mesmos erros que ele cometeu no passado, embora acabe alterando o futuro de maneiras indesejadas.
Pensando bem, o Sheldon voltaria para se vingar de todo mundo.
Construir uma máquina do tempo é um sonho nerd e está em todo lugar na cultura pop. Não seria uma surpresa se o filme não fosse exatamente a coisa mais original do mundo, mas felizmente ele é divertido e tem algumas referências legais ao cinema, como De Volta Para o Futuro e O Exterminador do Futuro, entre outras. Porém, ele tem alguns problemas.
O Homem do Futuro começa com flashbacks demais que tornam a narrativa um pouco chata, mas felizmente eles acabam rápido. Há algumas piadas muito boas mesmo, sutis e inteligentes, misturadas com algumas mais comuns e não tão boas. Em nenhum momento, porém, elas me fizeram sentir vergonha por ser brasileiro e no geral, o longa me divertiu bastante.
Os problemas do filme são suficientes para cortar dois Alfredos. Uma das incoerências é o clima de filme “americano”, com uma típica festa à fantasia de faculdade, parte da trama principal de O Homem do Futuro. Não acho que isso seja muito comum no Brasil, assim como aqueles armários individuais em escolas/universidades. Outra coisa são as atuações. Estão melhores do que a média nacional, em especial Wagner Moura, mas ainda precisam de um tempero ou ingrediente secreto.
A perda de Alfredos, no entanto, se deve especialmente à “mensagem” no final do filme. Durante a projeção, O Homem do Futuro “critica” a necessidade de as pessoas serem ricas para serem felizes e tenta mostrar como é possível superar problemas e decepções, o que é bacana, especialmente para nerds vítimas de bulying. No final do filme, isso tudo se perde e fica distorcido. Sendo assim, o filme vai de uma comédia com uma mensagem positiva para uma comédia com um final desvinculado do que foi apresentado durante toda a projeção.
O Homem do Futuro está próximo de um filme nada e pode pecar em vários aspectos, mas está acima da maioria dos filmes brasileiros e consegue se manter bastante divertido durante quase toda a projeção. Pode ser uma boa opção para ver no cinema, mas não espere por um fantástico e inovador filme nacional, porque O Homem do Futuro está longe disso.
CURIOSIDADES:
– Pouco antes do filme, o Corrales revelou seu plano secreto de me fazer cobrir apenas filmes nacionais e oscarizáveis. Decidi, então, criar o Sindicato do Trabalhador Delfiano, para reivindicar melhores e mais justas condições de trabalho. Por enquanto, eu sou o Diretor-Chefe e há outros três delfianos participantes que não gostariam de ser identificados. E nenhum deles é o Torquemada.
– Em uma cena, aparece a imagem enorme e triunfante de João em um prédio. O Corrales disse que, quando o DELFOS dominar o mundo, poderíamos ter um edifício estilizado desta forma. Ele completou dizendo que teria uma foto da equipe delfiana, mas assim que eu levantei minha sobrancelha, ele reagiu com uma risada maquiavélica.
– Intencionalmente ou não, a Alinne Moraes se parece com a atriz Linda Hamilton, que fez Sarah Connor nos dois primeiros Exterminador do Futuro.