Alguns filmes te enganam pelo título. Outros pelo elenco. O Homem da Máfia engana pelos dois. Para começar, a presence de Brad Pitt sugere que teremos um blockbuster comercial, quando na verdade trata-se de um filme com sabor de festival de cinema. Além disso, ao contrário do que o título nacional sugere, este não um filme sobre máfia. Não espere código de honra, um poderoso chefão, omertá nem nada do tipo.
Sim, é uma história em que todos os personagens são criminosos, mas pouco ou nada tem a ver com os filmes tradicionais de máfia e, embora exista um semblante de crime organizado, nada indica que realmente se trata da tradicional máfia que todos conhecemos.
Aqui acompanhamos uma dupla de capangas contratados que são contratados para um assalto. Tudo parece perfeito, pois mesmo sem eles fazerem nada, a suspeita do assalto vai cair sobre outro cara (Ray Liotta). Eles só não contavam que o crime organizado contratasse o Bread Peach para encontrar os elementos e dar cabo deles.
O filme tem um ritmo bem mais lento do que a sinopse sugere. Os planos são longos, com diálogos que muitas vezes não avançam a trama, mas ao mesmo tempo não têm a agilidade ou a graça de um Tarantino. O Homem da Máfia é o tipo de filme que faz muito sucesso em festivais ou a verde-amarelo Mostra de Cinema, mas dificilmente estreia comercialmente. Para falar a verdade, eu arriscaria dizer que só está popando nos cinemas comerciais pela presença do senhor Pêssego no elenco.
Isso é até uma pena, pois temos aqui um filme de muitos predicados, especialmente aqueles técnicos, com os quais ninguém se importa, como a edição e o som. A abertura, em especial, junta estes dois elementos para começar de forma forte e perturbadora, mesmo sem estar mostrando ou contando nada demais. A simples forma como o som é trabalhado causa uma sensação de desconforto no espectador, e isso é muito difícil de conseguir.
O filme também conta com alguns plano-sequências bem interessantes, e provavelmente as armas de fogo com os barulhos mais gloriosamente épicos da história do cinema. Chega até a ser engraçado.
Assim, O Homem da Máfia é um filme facilmente recomendável para aqueles que gostam e percebem o lado mais técnico do cinema. É um daqueles longas que fica melhor ao ser assistido em uma faculdade de comunicação e posteriormente analisado pelo professor do que quando você assiste no cinema buscando duas horas de diversão. Se a proposta lhe apetece, não perca, pois no aspecto técnico é um dos mais interessantes do ano.