O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

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O delfonauta dedicado sabe que o Homem-Aranha é o super-herói de HQs que eu mais gosto. Dessa forma, ir a uma sessão de imprensa de um de seus filmes é sempre uma experiência especial, e não digo isso apenas pelos bonequinhos que a gente ganha de brinde.

Em momentos como nas cabines de um Homem-Aranha é que a gente percebe como é privilegiado por trabalhar com isso. Afinal, assisti ao filme no dia 15 de abril, sendo que a estreia no Brasil só rola no dia primeiro de maio. São 15 dias de antecedência que eu posso usar para o mal, falando para todo mundo que conheço que “eu vi, você não viu”, ou então para o bem, escrevendo uma resenha recomendando ou não o filme para 100 mil dos meus melhores amigos, meus queridos leitores do DELFOS. E sabe como é, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, então vamos lá usar meu poder para o bem.

A ESPETACULAR RESENHA

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (subtítulo que existe apenas aqui no Brasil), começa com um flashback mostrando os últimos momentos dos pais de Peter Parker antes de eles fugirem. Ao longo dos próximos 142 minutos, vamos descobrir o que aconteceu para eles colocarem sebo nas canelas, mas as informações mais suculentas não vêm logo na introdução.

Depois disso, em um belíssimo corte, passamos para o Homem-Aranha em meio às suas acrobacias impedindo o roubo de um caminhão da Oscorp por um criminoso interpretado por Paul Giamatti. É um início excelente, delfonauta. Em toda essa primeira cena com o Aranha, temos dezenas de piadas, mostrando que estamos falando de um longa com humor afiado como o ferrão de uma aranha (rá!).

Este provavelmente é o principal acerto dos filmes aracnídeos de Marc Webb quando comparados aos de Sam Raimi: o aranha fanfarrão, mais próximo dos gibis. E isso aqui se torna um acerto bem maior graças ao redesign do uniforme, que trouxe de volta o visual dos gibis. E de bônus, consertou também o grande erro, um verdadeiro exemplo de visual apenas pelo visual, sem preocupação com alguma justificativa. Refiro-me, é claro, às lâmpadas que acendiam nos pulsos toda vez que o herói soltava teias.

Por outro lado, o principal erro dos novos filmes também se manteve: o Peter Parker de Andrew Garfield. No novo filme desencanaram de vez. Este Peter Parker não é nerd. Uma pessoa que conheça o Aranhoman por estes longas mais recentes jamais deduziria que o personagem é o maior nerd do universo Marvel. E o problema não é apenas o visual, com seus cabelos cuidadosamente desarrumados. O Pedro Prado do André Gato Gordo que Adora Lasanha é cheio de ginga e malandrão. Não dá para entender porque mudaram uma característica tão vital para o personagem. É como se, em um filme do Batman, o Bruce Wayne não fosse emo.

De qualquer forma, isso é algo que precisamos aceitar. Pelo menos até o próximo reboot, o Peter Parker cinematográfico não é nerd, é apenas um sujeito inteligente (o que não é a mesma coisa, você sabe).

O ESPETACULAR ROTEIRO

Apesar de ter tido algumas escolhas um tanto polêmicas no visual dos personagens e no rumo da história, uma coisa que não dá para colocar defeito é na técnica do diretor Marc Webb. Ele sem dúvida sabe filmar cenas de ação e dirigir efeitos especiais de forma muito melhor que seu antecessor. Porém, falta o carinho que Raimi colocava no filme, por ser leitor assíduo do personagem.

Em muitas coisas, simplesmente falta desenvolvimento. Max Dillon, o peão que se tornará o Electro (Jamie Foxx) é um tremendo coitado, que se torna um vilão de uma hora para a outra, com uma justificativa das mais imbecis. E sua neura com o Aranha é tão rasa que parece até brincadeira. Assim, não é apenas na raça e no visual que o personagem se distancia de sua contraparte quadrinhística.

Boa parte da história é focada no drama de Harry Osborn (Dane DeHaan). Logo no início, ele descobre ser portador de uma doença degenerativa genética, a mesma da qual seu pai, Norman, sofria. Isso o deixa desesperado para encontrar uma cura, e ele vê a possibilidade de conseguir isso ao deduzir que o Homem-Aranha tem sua origem de alguma forma ligada à empresa que herdou do pai.

Aliás, não é apenas o Aranha que tem sua origem na Oscorp. Praticamente todo o universo que está sendo criado nestes longas tem a empresa de Norman Osborn no centro de tudo. Max Dillon, por exemplo, é um funcionário da Oscorp. Em determinado momento, em segundo plano, é possível ver expostos na empresa trajes que provavelmente serão usados no próximo filme por Dr. Octopus e o Abutre. É o que o Cyrino chama de mal do autor, e eu concordo que isso deixa tudo simplificado e interligado demais, mais do que deveria.

OS ESPETACULARES VILÕES

Você já sabe do Electro, afinal, ele está no título, mas o filme tem também outros malvadões. Norman Osborn aparece pouco, mas é bem filho da mãe no pouco que aparece. Não é desenvolvido se ele realmente ficou louco como acontece no gibi ou se ele é mau mesmo, e seu desfecho me pareceu um tanto corrido para um personagem tão importante.

Harry Osborn começa como um amigo de infância de Peter, o que abre um grande furo de roteiro. Afinal, se Peter era amigo do herdeiro daquela empresa tão importante para o primeiro filme, como isso sequer é citado no longa anterior? Seja como for, aqui eles já se conhecem, e voltam a se encontrar depois de passarem quase uma década afastados. Ainda assim, a cena que passam juntos parece pouco para que Parker se refira a Harry como seu melhor amigo pouco depois.

Harry passa pelo famoso arco dramático invertido, no qual o personagem decai para o lado negro da força ao longo do filme, algo já esperado, até porque isso já aconteceu na trilogia anterior. E embora boa parte do filme foque no drama de Harry, ainda assim parece tudo muito rápido.

O Espetacular Homem-Aranha 2 tem um começo deveras excelente e um meio pra lá de modorrento. Daí, nos últimos 20 minutos, começa a soltar um monte de informação e fatos de forma muito corrida. Faltou timing no roteiro. Mais coisas acontecem nos últimos 20 minutos do que nas duas horas que os precederam

Para você ter uma ideia, durante todo o filme vemos o Electro e a decadência de Harry, mas nesses últimos 20 minutos, aparecem o Duende Verde e o Rino. O primeiro aparece só para marcar tabela e fazer o que de certa forma todo mundo espera dele (não vou dar mais informações pois seria um spoiler enorme) e o Rino popa literalmente na última cena, com menos de cinco minutos de tela.

É um reflexo da Hollywood atual, em que não basta fazer um bom filme, todo longa deve deixar resquícios a serem desenvolvidos pelo próximo. O problema é que este culto às continuações faz com que os filmes que de fato estão sendo lançados estejam abaixo do esperado, pois ficam mais preocupados com o futuro do que com o presente.

AS ESPETACULARES CENAS DE AÇÃO

Apesar do excesso de vilões, A Ameaça de Electro tem bem menos ação do que se espera. São apenas três grandes cenas de ação, a que abre o filme e duas com o Electro. Todas elas são muito boas, mas considerando que duas acontecem logo no início, deixa um grande trecho parado no meio do filme.

O Aranhoman até aparece em alguns outros momentos não porradeiros, tipo chavecando a Gwen Stacy (Emma Stone) ou conversando com Harry, mas salvo engano, sendo o herói que todos querem ver são apenas essas três vezes.

Pelo menos as três vezes são muito legais, repletas de piadas e com uma coreografia impressionante. O Aranha do cinema está cada vez mais acrobático e mais impressionante, diferenciando suas cenas de ação de qualquer outro filme de super-heróis que exista. Particularmente, gosto muito do fato de as teias serem mais usadas nesta nova franquia do que na trilogia anterior, e o design delas também chama a atenção, pois parece tirado diretamente dos quadrinhos.

OS ESPETACULARES COADJUVANTES

Obviamente, não dá para não falar da Gwen Stacy, que continua uma fofura e extremamente fiel à sua contraparte literária. Sua relação com o Peter é um dos pontos fortes do longa.

Também temos alguns outros personagens secundários que são basicamente piscadinhas para os fãs. Stan Lee faz sua tradicional ponta, embora dessa vez não seja tão divertida como em outros filmes.

Um dos funcionários da Oscorp que aparece conversando com Max Dillon em determinada cena é chamado de Smythe (B. J. Novak), referência a Alistair Smythe, antigo vilão do gibi. A assistente de Harry Osborn é chamada de Felicia (Felicity Jones), uma clara referência à Felicia Hardy, a Gata Negra. No IMDB a personagem está até creditada como Felicia Hardy, mas seu sobrenome não é falado no filme.

Por fim, o grande destaque dos filmes de Sam Raimi, J. Jonah Jameson, o dono do Clarim Diário, ainda não dá as caras por aqui, mas o personagem é nominalmente citado e Peter ganha um dinheirinho vendendo suas fotos do Aranhoman diretamente para ele.

A ESPETACULAR CONCLUSÃO

No final das contas, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro se mostrou um filme irregular. Tem alguns momentos excelentes, enquanto em outros esfria muito, sendo assim pouco acima do mediano. Não dá para negar que o filme teve bolas em alguns dos fatos que apresenta, mas talvez algumas dessas opções tenham sido um tanto corridas e acontecido antes do que deveriam ter de fato acontecido.

Ainda assim, é uma boa diversão para fãs do Aranhoman e, convenhamos, tudo que é delfonauta vai assistir ao filme de qualquer jeito, nem que seja por obrigação nerd. Então vá ao cinema e depois volte aqui e me diga se os bodes sacrificados foram atendidos.

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro estreia no Brasil em primeiro de maio.

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– DVD: Os novos DVDs do Amigão da Vizinhança

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Homem-Aranha 2: Adaptação Oficial do filme
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Estas são apenas algumas matérias sobre o Homem-Aranha, escolhidas a dedo no acervo de mais de 17 mil matérias publicadas no DELFOS nos últimos dez anos. Se você quer ainda mais, é só clicar na palavra-chave “Homem-Aranha” aí embaixo para ler a lista de tudo que publicamos sobre o herói.