Pouco antes de eu tomar conhecimento da cabine de imprensa de O Arco, o Corrales tinha me dito que queria ver esse filme, mas seria impossível para ele comparecer àquela sessão. Achei muuuuito estranho um cara fã de Metal e amante do cinema-pipoca, como é o caso do idealizador deste site, gostar desse tipo de filme, mesmo ele sendo nerd. Até porque muitas vezes nem os nerds se dão a chance de assistir a uma obra como essa. Falo isso porque já vivi cercado de caras muito mais nerds que o Corrales na minha adolescência brasiliense e muitos deles mal passavam perto de filmes que não fossem estadunidenses.
Então porque diabos o Delfiano-Mor estaria interessado em um filme asiático, que nem de terror é? Eu me perguntei isso antes da sessão e, nos primeiros minutos do longa, entendi muito bem o interesse do meu caro colega por esse filme. Todavia, não são as ruivas e tampouco o bacon que estão presentes no décimo segundo filme do cineasta sul coreano Kim Ki Duk (chamado pelos americanos de Ki Duk Kim, pois os asiáticos têm aquele lance de colocar o sobrenome antes do nome, sabe?).
Na minha opinião, duas coisas despertaram o interesse do Tremendão Supremo: a história, que, mesmo sendo bastante poética, tem um tom perverso e quase pedófilo, e a beleza da sul-coreaninha Yeo-reum Han, que encanta até quem não é muito fã de um rostinho feminino oriental, como é o meu caso.
A premissa do filme já é bem intrigante, veja só: num barco, no meio do oceano, um velho mora com uma bela mocinha de dezesseis anos. Até aí, nada demais, não fosse o fato do coroa ter levado a menina para o barco quando esta tinha apenas seis anos de idade, sem o conhecimento dos pais da própria, e ainda por cima com a mais perversa das intenções. O velhote deu uma de vovô bonzinho com a criança para que, mais tarde, quando ela completasse 17 anos, eles pudessem se casar. Entretanto, antes disso acontecer, a menina acaba se engraçando com um rapaz que vai até o barco, um pescador bem mais jovem que o seu suposto futuro marido e isso faz o coroa se sentir ameaçado.
Bizarro, não? O interessante é que o filme todo, como é de praxe no cinema de Kim Ki Duk, trata da história com muita poesia, belas imagens do mar e uma trilha sonora lindíssima. Aliás, fazia tempo que eu não escutava uma trilha tão bonita e olha que eu assisto filme pra caramba. O fato é que o diretor sabe conduzir a trama com sutileza, de modo que o espectador até consegue perdoar os atos do velho safado, mesmo que não compreenda suas ações por completo.
Para os delfonautas que gostam do cinema asiático de modo geral e não apenas dos filmes de terror, vale a pena dar uma espiada em O Arco. É, sem dúvida, uma obra cinematográfica de muita beleza, presente não só nos reflexos do sol no mar, no crepúsculo ou no amanhecer, como também nos olhos de uma mocinha sul-coreana que é uma gracinha.