Ninja Assassino

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Alfredo, Alfredo de la Mancha, Delfos, Mascote, Alfred%23U00e3o, Delfianos

Muitas coisas me deixavam ansioso para esse filme. O diretor James McTeigue é apadrinhado pelos tremendões Irmãos Wachowski e dirigiu o excelente V de Vingança. Além disso, o título e o tema prometiam uma excelente película. Será que decepcionou? Você descobre depois da sinopse.

Raizo é um caboclo que, desde infante, foi treinado por um clã de ninjas assassinos para ser uma máquina de matar, tão silenciosa quanto mortal. Porém, ele discorda dos métodos cruéis do seu clã e acaba pedindo pra sair. Obviamente, não é tão fácil e, a partir daí, ele começa a ser caçado pelos seus ex-irmãos.

É inegável que Ninja Assassino tem suas qualidades. E ele me ganhou logo de cara, quando as primeiras cinco palavras a serem ditas no longa foram todas variações de fuck (incluindo um engraçadíssimo fuckin’ fuck). Logo depois disso, vem uma cena de ação absurda de tão boa e eu tive que desfazer meu sorriso manualmente, pois meus lábios simplesmente não queriam voltar para a posição tradicional.

Ninguém pode dizer que James McTeigue não sabe filmar ação. Ninja Assassino tem provavelmente a ação mais linda do cinema ocidental. E tem de todos os tipos. Sob chuva, em uma casa pegando fogo, apenas com silhuetas visíveis ou em um lugar completamente escuro, cuja ação é iluminada apenas por uma lanterna. Se você sabe o significado de eye candy, é exatamente o que vai achar por aqui.

A violência segue aquela estética belíssima e estilizada do oriente, o que dá para cada gota de sangue um apelo visual bem maior do que o normal hollywoodiano. Para deixar tudo mais legal ainda, essas cenas são coreografadas de forma completamente influenciada por videogame. O protagonista, por exemplo, usa em várias cenas aquela arma que é uma corrente com uma lâmina na ponta (se você souber o nome, deixa nos comentários), então seus movimentos são bastante parecidos, para não dizer influenciados, com os do Kratos. E achei isso bem divertido.

Porém, o filme sofre não apenas com sua história sem novidades, como também por um roteiro extremamente ruim. Talvez se não se levasse a sério, isso não incomodasse, mas ele claramente tenta ter profundidade. O problema é que não consegue.

Por exemplo, logo na primeira cena, um dos personagens diz que tem o coração do lado direito e só por isso sobreviveu ao ataque do ninja. O problema é que o que parecia uma piadinha com deficientes como sempre acontece em filmes B se torna um ponto importantíssimo no final do filme quando uma das personagens usa isso de desculpa para não ter morrido. Ora, faça-me o favor. Como se já não bastasse apelarem para o clichê de matarem um personagem importante, o protagonista usar essa raiva de incentivo para vencer o vilão e depois o coadjuvante “morto” abre os olhos e grita “Rá! Pegadinha do Malandro!”. Ou vai dizer que alguém acha isso legal mesmo depois de ter visto essa fórmula em mais de 666 filmes só na última semana?

Também, esperar o quê de um roteiro co-escrito por J. Michael Straczynski, o culpado por trazer coisas como totens ou os filhos da Gwen Stacy com Norman Osborn às histórias do Homem-Aranha? Ah, e não esqueçamos também que ele é o roteirista da famosa história do pacto com o diabo que apagou tudo.

Completando os pontos negativos, temos as atuações. Todos os nomes são desconhecidos (aparentemente o protagonista Rain é um Pop Star asiático, mas eu nunca o tinha visto mais gordo), mas isso é até legal. O problema é que nenhum deles tem capacidade interpretativa e, nas cenas mais sérias, acaba comprometendo bastante.

Estética vazia, em alguns casos, pode ser legal. Tudo depende da forma que você encarar a obra em questão. Ninja Assassino, como filme, é bem ruim. Porém, traz múltiplos orgasmos visuais que podem justificar a aquisição do ingresso. Se você é fã de uma estética apurada, vá esperando apenas isso, e não há de sair decepcionado.

SEGREDINHO DE BASTIDORES

No elevador do cinema, ouvi um grupo de jornalistas comentando o filme. “É um Kill Bill sem humor e sem inteligência”, exclamou um colega. Nessa hora, as regras sociais me obrigaram a não apontar e rir, mas juro que fiz isso em pensamento.

Esse é bem o típico pensamento do crítico de cinema padrão que irrita o Cyrilove. Sim, Ninja Assassino de fato deve muito a filmes anteriores, mas não a Tarantino, e sim aos filmes chineses de ação que eram considerados ruins pela elite até o Matrix torná-los cult.

Convenhamos, creditar Tarantino como o criador de qualquer coisa é dizer que você não tem o menor conhecimento cinematográfico fora do mainstream hollywoodiano.

Tarantino é, sim, um bom cineasta. Seus filmes são divertidíssimos. Porém, diversão e inovação nem sempre andam juntos e o que o sujeito faz é cinema de referências. Esse diálogo foi só uma conversa que quis dividir com o leitor. Não vou me estender no assunto, pois o Cyrino já fez isso aqui. Leia lá e divirta-se!