O diretor Lars Von Trier está para mim como musicais estão para o Cyrino. Desde que eu assisti a Dogville, coloquei o sujeito na minha lista de diretores a evitar. Obviamente, como sempre acontece nesses casos, eu assisti a todos os filmes posteriores dele e ainda coube a mim resenhar os maledetos. FML!
No filme de hoje, Laurêncio do Três continua sua obsessão por pintos. Acredito que Ninfomaníaca mostra a maior quantidade de ferramentas lusitanas da história da sétima arte, inclusive mais do que qualquer filme pornô, especialmente por causa de uma montagem que mostra, em cerca de um minuto, mais de uma centena de piupius. O horror, delfonauta!
O parágrafo acima precede a sinopse por ser um assunto de assaz importância, especialmente quando lembramos que 75% dos delfonautas já têm um piupiu para chamar de seu e, como tal, não faz muita questão de ver outros. Para aqueles que, embora providos de tal informação, ainda assim tenham interesse em Ninfomaníaca, ou apenas gostam de me ver sofrendo – eu também te amo, delfonauta sádica – continuemos.
Aqui revemos aquele cientista amigo do Thor, que encontra uma moça machucada no meio da rua. Ele a leva para casa – por que não, afinal? – e ela começa a contar sua vida para ele. E a vida dela, meu amigo, é uma verdadeira jornada erótica e estranha de Milão a Minsk. Com a diferença que, ao contrário de Rochelle, Rochelle, este filme nunca chega a Minsk.
Talvez por esta ser a primeira parte de duas, ou talvez por ser um filme ruim mesmo, a história não chega a lugar nenhum. Temos apenas uma sequência de anedotas sexuais, desde que a garota em questão descobriu sua periquita quando tinha apenas duas primaveras até alguns anos depois, quando reencontrou o amor da sua vida pela terceira vez.
No meio do caminho temos alguns outros momentos dignos de nota, como quando ela e uma amiga decidem que um suculento pacote de chocolates será o prêmio para a que conseguir faturar mais desconhecidos antes do trem que estão chegar ao seu destino.
Quando não estamos acompanhando os flashbacks da jornada erótica propriamente dita, vemos o diálogo da teteia com seu salvador, que curiosamente prefere criar paralelos da vida sexual da moça com pescaria e Bach e não faz menção nenhuma ao tempo que passou com o deus do trovão.
A versão de Ninfomaníaca que será exibida no Brasil será uma versão com cortes pois, segundo a Califórnia Filmes, foi a única que eles receberam. Mesmo com os cortes, temos aqui um filme bastante explícito, não apenas por causa do slideshow de pintos (aliás, por que não cortaram isso, caramba?), mas especialmente por causa de alguns planos que são tão próximos e claros de partes pudentas que não ficariam estranhos com um logo da Vivid no cantinho.
O principal problema, no entanto, é quão sério o filme é. De vez em quando aparece alguns desenhos, fórmulas matemáticas e coisas do tipo que parecem ter como objetivo gerar algum humor, porém a narrativa em si é tão séria e dramática que eu me senti culpado de achar graça no contador de estocadas vaginal + anal que aparece em uma das cenas. Talvez se tivesse uma toada mais leve, teríamos aqui um filme mais recomendável e menos pedante.
Porém, acusar o Lars Von Trier de pedante é como chamar o DELFOS de site nerd. É apenas constatar um fato e faz parte do que ele é e do que quer ser. Ninfomaníaca, no entanto, é um filme incompleto e que não chega a lugar nenhum, que não parece ter muito sentido para existir. Assim como aquele maldito slideshow de pintos, que provavelmente vai me deixar sem dormir por algumas semanas. Tem até um com um piercing na cabeça, caramba!
CURIOSIDADES:
– Nunca teve uma lista tão grande de países na ficha técnica de um filme.
– É engraçado como o Lars Von Trier parece criar seus elencos partindo de atores que já estiveram em filmes da Marvel, não?
– Boa parte dos atores que estão na ficha técnica e no pôster, como Uma Thurman e Willem Dafoe, não aparecem neste filme.
– Diga-me, amigo delfonauta, você gostaria de namorar uma ninfomaníaca?
MAIS SOBRE O CORRALES E LARS VON TRIER:
– O Grande Chefe: A resenha que iniciou a rivalidade.
– Anticristo: Apresentando o pinto do Duende Verde.
– Melancolia: E aqui, para compensar, os peitinhos da Mary Jane.
