Desde que eu vi o nome desse filme na programação do festival SP Terror, estou contando os dias para sua estreia comercial. Finalmente, o dia de vermos vampiras lésbicas na tela grande chegou. E mais felizmente ainda, a distribuidora Imagem optou por não dar um título na linha Sugadores de Sangue Homossexuais da Pesada. Pena que o Kevin Smith não tenha tido a mesma sorte.
Apesar da expectativa, contudo, fiz o possível para não ler nada sobre o filme. Assim, estava esperando um daqueles filmes B extremamente violentos. Porém, conversando com o Rodrigo, assessor de imprensa da Imagem, antes da sessão, ele disse que não era bem por aí. Era um filme B mais inocente.
De fato, não temos aqui um show de violência. Na verdade, isso quase poderia passar na Sessão da Tarde. Quase. Acredito que uma boa base de comparação seria o clássico dos anos 80 A Hora do Espanto. Pois está tudo aqui: o humor, o terror leve e um pouquinho de violência. Tudo, claro, embalado no pacote da moda: a estética de filmes B. E lesbianismo, claro.
Para um filme B, no entanto, a qualidade da imagem me surpreendeu. O prólogo que abre o filme tem a maior cara de 300, não pela homossexualidade, mas pelo visual mesmo. Um dia ainda escrevo um texto diferenciando filmes B de filmes de baixo orçamento. Até lá, no entanto, vamos à sinopse.
Jimmy acaba de ser chutado pela sua pequena. Fletch acaba de perder o emprego. Assim, eles fazem a única coisa humanamente aceitável: viajar para uma cidade cujo nome mal conseguem pronunciar em busca de mulheres. E eles encontram mulheres. Várias delas. E são lésbicas. E vampiras. E algumas delas são ruivas! Pausa para o U-hu!
U-huuuu!
Pensa comigo ao analisarmos o título deste longa. “Matadores” significa que rolam assassinatos, certo? E tem vampiras, todas mulheres e todas bonitas. E, para completar, são lésbicas. Sério, o que mais a gente poderia pedir? Talvez uma orgia entre uma dúzia de vampiras lésbicas? É, tem isso também.
Depois de ler o parágrafo acima, creio que todos os delfonautas homens já foram para o cinema. Portanto, a partir daqui, assumo que estou falando apenas com mulheres. Então, antes de mais nada (Corrales faz um olhar 43): “How are you doing?”
Apesar de ter tudo que homens podem querer, falta um roteiro um pouco mais caprichado, pois rolam alguns furos bem feios. Por exemplo, o furgão “scooby-doo-esco” das moçoilas quebra e, depois que os rapazes sobem nele, ele magicamente volta a funcionar. E como a ex-namorada do Jimmy o encontra no fim do mundo? Eles não se falavam desde a cena do rompimento e ele só decidiu viajar depois disso. Na conversa de celular que eles têm depois, ele não comentou onde estava. Por fim, um furo mais cheio de estragão, relativo ao final do filme. Selecione o espaço em branco abaixo só se quiser mesmo saber:
Cuidado: estragão malvado!
Depois de livrar o mundo das vampiras lésbicas, o grupinho decide se tornar os Matadores de Vampiras Lésbicas. Ora, mas eles acabaram com todas as representantes da raça. Eles poderiam se tornar um grupo de caçadores de monstros, mas ficou bem feio eles se darem uma missão de destruir um grupo que já não existe mais, né?
Você sobreviveu ao estragão malvado
Além desses furos, a história sinceramente não é lá muito interessante e já foi vista exatamente da mesma forma em vários outros filmes teen e não tão teen por aí. E mais, falta desenvolvimento para os personagens. Tirando o trio de protagonistas, o resto da turminha morre muito rápido. Cheguei a querer sair da sala quando mataram a ruivinha logo entre as primeiras vítimas.
Isso tudo, no entanto, não é tão grave assim. Afinal, se você está assistindo a um filme B para ver uma história impressionante, está procurando no lugar errado. Filme B é para rir e divertir, e isso ele faz muito bem. Posso dizer, sem medo de errar, que não me divertia tanto no cinema há muito, muito tempo. Aliás, é difícil você conseguir se divertir mais sem ter que usar camisinha.
E se a história não é tão legal, a direção é excelente, não só pela estética, como também pelo melhor uso de efeitos sonoros do cinema recente. Coisas pequenas, como um barulhinho de “plim” quando uma garota pisca ou o efeito de vento quando o sujeito vira a cabeça rápido dão um charme todo especial que deixa tudo ainda mais divertido e com a maior cara de desenho animado. Um desenho animado com vampiras lésbicas, claro.
Outro exemplo do excelente uso do som é quando as garotas do furgão aparecem pela primeira vez. Enquanto elas exibem seus atributos na obrigatória câmera lenta, toca a música Woman, do Wolfmother. O mais legal, no entanto, é que a música diminui bastante de volume exatamente no momento que elas fecham a porta do furgão e vai sumindo conforme elas dirigem para longe dos raparigos. Não sei você, mas esse tipo de detalhe é exatamente o que faz um longa me conquistar logo nos primeiros minutos.
No final das contas, Matadores de Vampiras Lésbicas é diversão garantida, desde que você não leve o cinema tão a sério. Não é o melhor filme B da história, mas é imperdível para qualquer um com interesse no gênero. Nem que seja pela orgia de vampiras lésbicas, que eu sei que você já está doidinho para ver.
Curiosidades:
– MyAnna Buring, a Lotte, esteve em Abismo do Medo.
– Eu não me conformo que tem duas atrizes com o nome Mulheron no elenco. É quase o equivalente a uma Jéssica Vala.
– Na versão dublada, a voz do personagem Fletch é de João Gordo.
– Se você é uma delfonauta feminina e não gostou das fotos da nossa galeria, sinto muito. Você nem deveria estar lendo essa resenha se não se interessa por vampiras lésbicas.
– Todos os homens juntos agora: hum… vampiras lésbicas com molho de tomate…
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