Marvel Apresenta 10: Wolverine & Homem-Aranha

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Há mais de uma década, meu pai me presenteou com um gibi que havia recebido em uma promoção de um posto de gasolina. Este gibi era o Homem-Aranha nº 94 que, sem querer, despertou meu interesse pelo universo dos super-heróis, sobretudo pelo Homem-Aranha.

A estória daquele gibi consistia em uma aventura acontecida em Berlim (antes da queda do muro) e o aracnídeo tinha como coadjuvante justamente o baixinho canadense chamado Wolverine, personagem do qual nunca tinha ouvido falar e que imaginei ser um vilão, já que a capa mostrava os dois brigando. Desde então, os dois se encontraram muitas outras vezes, possivelmente devido às próprias personalidades conflitantes dos dois, o que tornava as tramas mais interessantes – enquanto um é o arquétipo do bom menino, o outro é um assassino sanguinário que mata sem dó nem piedade. Essa aventura é um clássico de inegável importância para o aracnídeo e uma resenha dela será publicada algum dia aqui no Delfos.

Enquanto esse dia não chega, vamos falar sobre esse Marvel Apresenta nº 10, que mostra os dois heróis se encontrando pela trocentésima vez. Todas as diferenças tantas vezes exploradas nos encontros entre os dois se repetem aqui. Wolverine quer matar. Homem-Aranha não quer que ele mate. Ou seja, criatividade não foi o forte de Brett Matthews, responsável pelo argumento da trama.

A desculpa da vez para mostrar os dois se estranhando está em Nick Fury, que sabe a identidade secreta do Aranha (quando isso aconteceu? Eu não sabia que ele sabia disso). Acontece que o tremendão da SHIELD contrata compulsoriamente o amigão da vizinhança para salvar um prisioneiro no Japão. Este prisioneiro é, obviamente, o X-Men preferido de quase todo mundo (eu, que tenho personalidade, gosto mais do Noturno ).

Este resgate acontece logo nas primeiras páginas e, a partir daí, os dois seguem na cruzada de Wolverine por vingança, com a única condição (exigida pelo Aranha) de que o canadense não matasse ninguém.

Toda a estória é contada em detalhes através de flashbacks, já que os dois estão na sala de um psiquiatra misterioso cuja identidade só é revelada na penúltima página (não vale olhar).

O ponto fraco da HQ está nos desenhos, com personagens que não se assemelham aos rostos aos quais estamos acostumados e, principalmente, à falta de respeito com a cronologia dos personagens (a Marvel complica tanto a cronologia que até seus próprios roteiristas se confundem, que dirá dos leitores, então?). Explico: no já citado Homem-Aranha nº 94, Wolverine descobre o alter ego do escalador de paredes através de seu olfato apurado. Nesta HQ, Peter tira a máscara e se apresenta, como se o baixinho não soubesse sua identidade secreta. Isso sem contar o absurdo de Peter tirar a máscara e se apresentar! Por que diabos ele faria isso?

No geral, Wolverine & Homem-Aranha é uma boa aventura, digna de ser lida, especialmente para compensar as fraquíssimas estórias presentes na revista mensal do aracnídeo, cujos desenhos fazem a arte deste Marvel Apresenta parecer ter sido feita pelo Alex Ross.