Com sugestões de Carlos Eduardo Corrales
Saudações caros delfonautas, estou de volta com o capítulo final do manual delfiano para os neófitos no Heavy Metal. Na semana passada destacamos alguns pontos importantes e quebramos algumas lendas idiotas como a do “banger troglodita” e as rodinhas de porrada (espero de coração, que você siga nossas recomendações). Agora abordarei alguns pontos importantes na relação entre banda e fãs e também destacamos as 10 melhores músicas na minha opinião e também no ponto de vista do Corrales. Divirta-se!
– Não seja fanático a ponto de pensar que tudo o que uma banda lança ou faz é ótimo.
Por mais que você goste de determinada banda, pense que seus integrantes são seres humanos passíveis de erros como todos nós. Seja frio ao analisar um trabalho, não se deixe levar pelas opiniões alheias e tire você mesmo suas próprias conclusões após diversas audições. Se o trabalho for ruim, assuma e não entre em discussões bobas. O Iron Maiden já lançou discos fracos, o Metallica e o Helloween também. Isso acontece e não deve ser motivo de vergonha ou repúdio. Aqui vão dois exemplos interessantes do que quero dizer:
O álbum A Night At The Opera do Blind Guardian, em minha primeira audição, pareceu pretensioso e chato, mas ultimamente é um dos CDs da banda que mais gosto.
Outro: apesar de ser um enorme fã do Metallica há quase 15 anos, reconheço que o álbum St. Anger é muito fraco, mas em compensação considero Load um trabalho honesto e decente, ao contrário da opinião de muita gente que se deixou influenciar pelas fotos do encarte e esqueceram que a música ali ainda tinha qualidade.
Esse conceito vale também para os shows das bandas. Não é porque você ama o Children of Bodom que tem que se conformar com uma apresentação de 1 hora ou em levar uma cuspida do vocalista, como aconteceu com o Corrales, e sair por aí dizendo que, por eles, você topa qualquer parada. Lembre-se: o show é o trabalho da banda e você pode e deve cobrar uma postura profissional dos músicos. Afinal você contribui para o salário deles quando compra CDs, DVDs e ingressos. O Corrales já é mais radical ainda e acha que a banda trabalha para o público, ou seja, você é o chefe dos caras.
Normalmente, as principais críticas que os delfianos recebem em relação aos nossos textos são coisas do tipo: “Como esse cara ousa falar mal de tal banda?”. Não seja um desses idiotas. Tenha sua própria opinião e, se você discordar da opinião de um jornalista ou mesmo de um amigo, entenda que isso não significa que ele é, necessariamente, um pagodeiro (parafraseando as críticas que recebemos freqüentemente). Não que tenha algo de errado com isso, como diria Jerry Seinfeld. 😉
– Separe o músico do ser humano.
Idolatre seu guitarrista favorito, elogie o vocalista que atingiu aquela nota absurda, mas não se esqueça de que por trás daquele músico existe um ser humano que pode ter uma vida turbulenta longe dos palcos. O guitarrista Timo Tolkki do Stratovarius é um excelente músico e compositor, porém também ficou bem conhecido pelos seus ataques de loucura do ano passado (Leia mais AQUI e AQUI). Portanto não seja cego para os defeitos de seus ídolos. Admire o músico, não a pessoa, pois a pessoa não é melhor que você.
– Desconfie de quem aparecer na mídia e for chamado de “Heavy Metal”.
Continuando com o tópico sobre a mídia, cada um tem seu próprio gosto e devemos respeitar as opiniões alheias. Porém uma das coisas mais irritantes aos verdadeiros Headbangers é quando chamam coisas como Limp Bizkit e Linkin Park de Metal. Você pode até gostar das duas bandas mas, por favor, não os chame de Heavy Metal e desconfie de todos que chamarem. Como já foi explicado, raramente as rádios “Rock” e a MTV tocam o verdadeiro Metal (com exceção de umas três bandas com condições de pagar o jabá cujos nomes, obviamente, não diremos), portanto mantenha sempre um pé atrás quando vir na TV um apresentador dizer que determinadas bandas são de Metal. O New (ou Nu) Metal, como ficou conhecido, NÃO FAZ PARTE da árvore genealógica do verdadeiro Heavy Metal e suas origens estão mais ligadas a um som alternativo ou até mesmo ao Rap. O nome tem o termo “Metal” por pura jogada de marketing.
– Não enfie na sua cabeça que determinada banda é ruim e nunca mais ouça nada dela.
Esse é um erro freqüente dos novos Headbangers. Normalmente eles ouvem Wasting Love do Iron Maiden e julgam toda carreira de 25 anos e mais de uma dezena de trabalhos por uma única música ou então ouvem Frantic do Metallica e também consideram a banda uma porcaria, mesmo sem conhecer a antiga fase. Combinando todos os tópicos apresentados anteriormente, antes de julgar uma banda boa ou ruim, vá atrás e ouça vários trabalhos. Se você simplesmente abandonar o Helloween após ouvir alguma coisa dos últimos CDs, perderá uma das maiores bandas que já surgiram na face da Terra, especialmente em seus três primeiros álbuns. O mesmo vale para todas as bandas que já tiveram mudanças no estilo e na formação ao longo dos anos. O Helloween dos primeiros trabalhos era bem diferente do atual assim como o Metallica, Judas Priest (Leia mais AQUI e AQUI), Iron Maiden (leia resenha do show dos caras), Gamma Ray (leia resenha do DVD Lust for Live), Stratovarius, Slayer, Megadeth, Symphony X, Dream Theater entre tantos outros. Mas qual fase dessas bandas é a melhor? Isso cabe a você – e somente a você – julgar.
Lembre-se que nem sempre o primeiro estilo e a formação original são os melhores. Smoke on the Water, do Deep Purple, um dos maiores clássicos da história, não foi composta nem gravada pela formação original da banda.
– E por que sempre nos referimos aos fãs como Headbangers e não como Metaleiros?
Essa é uma questão bastante polêmica e já gerou horas de discussões. A questão básica é a seguinte: quando o Heavy Metal se consolidou na Inglaterra no final dos anos 70, alguns termos surgiram para identificar os fãs do gênero. O primeiro e mais óbvio foi “Headbanger” (batedor de cabeça em uma tradução literal), baseado na maneira como o público reagia aos shows das bandas: cada um em seu lugar, praticando o famoso air-guitar e balançando a cabeça com o ritmo da música.
O segundo termo surgiu um pouquinho depois, no começo dos anos 80: “Metaller”. Esse termo logo se espalhou e sempre foi muito utilizado especialmente na Alemanha e nos EUA (logo após o surgimento do Thrash), mas nunca se popularizou tanto quando o “Headbanger”. De qualquer forma, quando o Heavy Metal chegou ao Brasil e estourou em meados dos anos 80, o fã brasileiro adaptou o termo “Metaller” para “Metaleiro” (em uma tradução até certo ponto, correta) e a questão estava resolvida. Quem gostava de Rock era o famoso Roqueiro e quem gostava de Metal era Metaleiro.
Mas chegamos a 1985, quando o primeiro Rock in Rio sacudiu o país e trouxe um verdadeiro festival ao país com nomes como Iron Maiden e Ozzy Osbourne. O problema é que a Rede Globo de Televisão foi a responsável pela transmissão do evento e a então repórter, Glória Maria, usou o termo “Metaleiro” de uma maneira pejorativa, praticamente desqualificando os fãs e ajudando a espalhar a lenda de que quem gostava de Heavy Metal era troglodita. Após essa lamentável cobertura jornalística e mais uma prova de que jornalismo imparcial não existe, os fãs renegam o rótulo de “Metaleiro” graças ao “brilhante” trabalho da repórter e o termo Headbanger acabou aportando por aqui como uma alternativa e sem tradução.
– Não seja um idiota!
Chega a ser patético ter de criar um tópico com este nome, mas acredite, é extremamente necessária dada a gravidade da alienação de alguns indivíduos que se julgam headbangers mas na verdade são apenas fanáticos por uma ou outra banda e nunca entenderam a verdade por trás do movimento (se você leu tudo com calma até aqui sabe exatamente do que estou falando). Um bom exemplo desse fanatismo idiota você pode ler nos comentários feitos na resenha de Amaldiçoados. Como seres humanos, devemos entender em primeiro lugar que cada um tem um gosto diferente e o que é maravilhoso para mim, Bruno, pode não ter a mesma relevância ao Corrales. Ele abomina o Metallica, eu amo a banda e nem por isso vou sair por aí distribuindo ofensas gratuitas ou duvidando da masculinidade do cidadão. Até porque somos amigos há muitos anos e isso nunca foi um problema para nós. Sempre, absolutamente SEMPRE, desconfie de alguém que fala coisas como “Quem você pensa que é para falar mal do Metallica (ou de qualquer outra banda)?”. Esse tipo de frase costuma ser muito usado por fãs de Felipe Dylon, então cuidado, amigão.
Tenha sempre um olhar crítico sobre a vida. Isso vale também para aquela banda que você curte tanto. Se os caras fizeram um show fraco, assuma. Se lançaram um CD fraco, não se omita. Lembre-se que a música é a profissão deles e os integrantes de uma banda estão tão propensos ao erro quanto eu ou você. Se você trabalha, já deve ter cometido alguns erros em seu trajeto e isso é perfeitamente normal. Afinal, somos apenas seres humanos.
Outra coisa, se você não gosta de Metallica, Iron Maiden ou qualquer outra banda, beleza. Mas tenha argumentos para assumir sua posição. Entenda porque você não gosta dessas bandas e nunca se bloqueie em tentar conhecê-las melhor no futuro. Quem sabe você não se surpreende?
Eu tive minha fase mais “fanática” também aos 15/16 anos, onde era 100% ouvidos ao Thrash Metal e não simpatizava muito com o Melódico, mas nunca me proibi de ouvir o gênero e, hoje em dia, como já disse anteriormente, passeio tranquilamente dentro do Metal e gosto tanto do Venom quanto do Angra.
Para finalizar, o Corrales e eu separamos os 10 maiores clássicos do Heavy Metal em nossas opiniões. O único critério na escolha dessas músicas, além obviamente do gosto pessoal, é a escolha de no máximo uma música por banda. Isso serve para evitar que eu escolhesse cinco músicas do Metallica e o Corrales, cinco do Gamma Ray, pois nosso objetivo é apresentar ao delfonauta a maior variedade de bandas possíveis.
– Dez clássicos imortais do Heavy Metal segundo Bruno Sanchez (não necessariamente nessa ordem)
Creeping Death – Metallica (Ride The Lightning – 1984)
Escolher uma única música de sua banda favorita é uma tarefa ingrata e, de certa forma, injusta, mas Creeping Death tem simplesmente todos os fatores inovadores que abriram espaço ao Thrash Metal dos anos 80 e ainda hoje é uma música obrigatória nos shows do Metallica. A evolução que a banda alcançou entre o Kill´Em All e o Ride The Lightning é absurda e este clássico representa tudo o que eu espero em um hino metálico, com os riffs distorcidos e criativos, solo maravilhoso e uma virada na metade que é um dos maiores exemplos de interatividade entre banda e público que se pode ter. Isso sem falar da temática egípcia. Perfeita!
Aces High – Iron Maiden (Powerslave – 1984)
Com tantos clássicos nas costas, escolher um único representante do Iron Maiden é covardia. Mas Aces High sempre se sobressaiu pela sua estrutura, seus riffs e solos inspirados. Ainda temos Bruce Dickinson em sua melhor forma, cantando com vontade. Isso sem contar o tema histórico da Batalha da Bretanha na 2ª Guerra Mundial. Não dá para entender porque eles pararam de tocar Aces High nos shows. Uma das melhores composições da história!
Stained Class – Judas Priest (Stained Class – 1978)
Se o Black Sabbath criou o Heavy Metal, coube ao Judas Priest desenvolver todas as suas características ainda nos anos 70. Se você só conhece a fase “alegre” do Judas anos 80, esqueça, porque em Stained Class temos um Metal vigoroso, honesto e, principalmente, galgado em questões realistas e pertinentes. Essa música não só apresenta uma das melhores letras de todos os tempos como também antecipou o surgimento do Power Metal em quase uma década, com um show de voz de Rob Halford e as guitarras dobradas de K.K. e Glen influenciando toda uma geração. Esse era o Judas Priest em pleno auge técnico e criativo.
Somewhere Far Beyond – Blind Guardian (Somewhere Far Beyond – 1992)
O Blind Guardian foi uma das bandas que mais mudou seu estilo ao longo dos anos. A banda começou nos anos 80 em um Power Metal vigoroso com uma pitadinha do Thrash alemão e, aos poucos, se transformou em um dos grandes expoentes do Metal melódico (no sentido de ter melodias fortes, não por se parecer com Stratovarius) com belíssimas orquestrações e músicas extremamente complexas, às vezes passeando pelo Progressivo. O clássico Somewhere Far Beyond se encontra exatamente no ponto de transição entre essas duas fases, combinando com rara perfeição a batida acelerada com belas harmonias e uma letra fantasiosa (e absurdamente criativa) que conta a história do mundo do ponto de vista de um ser imortal. Mais Metal, impossível.
Victim of Fate – Helloween (Walls of Jericho – 1985)
Se você conhece o Helloween apenas pela excelente fase alegre dos Keepers, você precisa ouvir Walls of Jericho, o primeiro álbum, que embora não chegue a ser deprê, é bem mais sério que os Keepers. Aqui, Kai Hansen ainda concentrava duas funções (vocal e guitarra, como faz hoje no Gamma Ray) e preferia explorar temas do cotidiano como a vida suja e injusta em uma grande metrópole. Victim of Fate é um dos hinos do Heavy Metal por trazer todas as viradas e competências técnicas tradicionais ao gênero, além de uma letra bem inspirada. Uma aula de Metal e uma das músicas favoritas dos bangers de todas as idades.
In League With Satan – Venom (Welcome To Hell – 1981)
Nos anos 60 e 70, algumas bandas flertaram com o Satanismo e temas obscuros mas foi o Venom com seu primeiro trabalho que escancarou o tema na cara dos puristas de plantão. Muito se discute sobre a qualidade técnica da banda e de suas gravações, mas poucos param para pensar que o objetivo dos caras era justamente fazer esse som sujo e chocar as pessoas, sem pudores e sem censura. É exatamente isso que a música In League With Satan nos traz, onde os ingleses se declaram adoradores do capeta e não estão nem aí para quem pensa o contrário. Os caras influenciaram e influenciam muito até hoje e não poderiam faltar nesta lista.
Hell Awaits – Slayer (Hell Awaits – 1985)
Sempre comento com meus amigos que se o inferno existir, a sala de espera terá como trilha sonora o clássico Hell Awaits do Slayer. Muitos falam do álbum Reign in Blood (de 1986), mas para mim os estadunidenses chegaram ao ápice um ano antes com este hino. A música começa com uma voz gutural repetindo a frase “Join us” (junte-se a nós) por um minuto até que a voz fala “Welcome back” (bem-vindo de volta) e abre espaço para a batida quase tribal de Dave Lombardo, os riffs sujos de Kerry King e Jeff Hanemann surgem aos poucos e evoluem até a explosão final na tradicional porrada. Essa é obrigatória em meus dias mais selvagens. 😉
Never Understand – Angra (Angels Cry – 1993)
Impossível falar de Heavy Metal sem lembrar nossos conterrâneos do Angra. Never Understand, apesar de não ser uma das preferidas dos fãs, traz a banda fazendo o que ela sabe melhor: misturar o ritmo do Metal com as batidas e a música brasileira. Solos inspirados, com participação de vários guitarristas convidados, uma bela letra e Andre Matos atingindo notas altíssimas (chega até a lembrar uma soprano em alguns momentos). Um exemplar eterno do melhor que a música pode nos proporcionar e uma das composições que justificam meu amor pelo estilo.
Dawn of a Million Souls – Ayreon (Flight of The Migrator – 2000)
O guitarrista Arjen Lucassen é um workaholic que ama o Heavy Metal e sempre buscou levar o gênero a outros patamares. Em Flight of The Migrator, o músico atingiu a perfeição (literalmente) e explorou diversas sonoridades para a guitarra, misturando várias influências que vão desde Pink Floyd à Uriah Heep, sem perder o controle da situação. O resultado é a composição mais bonita da história do Metal, em minha opinião. Dawn of a Million Souls leva o ouvinte a uma viagem pelo tempo no exato momento da criação do Universo e seus habitantes e já tem seu lugar garantido na história do Heavy Metal pela sua perfeição instrumental e vocálica, fruto de uma parceria bem sucedida entre o guitarrista e Russell Allen (Symphony X), um dos grandes vocalistas do Metal atual.
Rebellion in Dreamland (regravação) – Gamma Ray (Blast From the Past – 2000 / Versão original no Land Of The Free – 1995)
Escolher uma única música da mega-banda de Kai Hansen gerou diversos conflitos internos, mas me orientei especialmente pelo sentimento que tive imediatamente após ouvir a versão refeita de Rebellion in Dreamland no Blast From The Past: “cacilda, que música!”. O que parece ser uma baladinha logo abre espaço para uma belíssima canção com diversas viradas e muita, mas muita competência mesmo. Não é a toa que o cara é considerado o Midas do Heavy Metal.
– Dez músicas tremendonas do Heavy Metal (ou do “quase” Heavy Metal) segundo Carlos Eduardo Corrales
Fantasia – Stratovarius (Elements Pt. 1 – 2003)
Balada lindíssima. A letra e a melodia são maravilhosas e me emocionam toda vez que a escuto. Destaco principalmente o refrão final, que é ainda mais forte que os anteriores. Uma das músicas mais bonitas que o Metal já nos deu.
Templars of Steel – Hammerfall (Renegade – 2000)
Música serve para nos divertirmos e o Hammerfall entende muito bem disso. Templars of Steel tem tudo que um bom Metal precisa ter. Andamento cadenciado, ideal para bater cabeça, refrão cativante e pegajoso e um trecho com ô-ô-ô, que levam platéias inteiras a se unirem à banda em uma grande demonstração de fraternidade. Afinal, como disse Kai Hansen em Heavy Metal Universe: “No nosso mundo não existem fronteiras e nós vivemos em união”. Todo mundo que gosta de Heavy Metal tem obrigação de ouvir essa música ao vivo pelo menos uma vez.
After the Fall – Trans-Siberian Orchestra (Beethoven’s Last Night – 2000)
O TSO não é exatamente uma banda de Metal, mas é próxima o suficiente para estar nessa lista. After the Fall é uma belíssima balada, com uma letra muito legal que fala sobre os efeitos do tempo nas nossas vidas. A melhor parte é da metade para frente, quando a música adquire ares mais otimistas. É uma pena que esse trecho seja tão curto. Ideal para ouvir acompanhado da pessoa que você ama enquanto fazem amor. Repare que eu disse “fazer amor”, porque se sua idéia for fazer sexo selvagem, continua lendo que temos o W.A.S.P. (Leia duas resenhas deles AQUI e AQUI) lá embaixo. 😉
Heaven Can Wait (regravação) – Gamma Ray (Blast From the Past – 2000 / Versão original no Heading for Tomorrow – 1990)
Ótimo exemplo do que gosto de chamar de “Fofo Metal”. Tudo que o Gamma Ray tem de bom pode ser encontrado nessa música. Extremamente positiva, Heaven Can Wait é capaz de colocar sorrisos em qualquer pessoa macambúzia graças às suas melodias alegres e à sua letra bem-humorada que exalta a alegria de viver. Afinal, “o mundo é um palco onde todos nós podemos tocar”.
Seven Secrets of the Sphinx – Therion (Deggial – 2000)
Uma dica, grave um CD para sua namorada(o) que começa com After the Fall, seguido dessa música e coloque para tocar naqueles momentos românticos. Vai ser no mínimo engraçada a cara dela(e) no momento que aquele coral digno de uma missa negra começar a cantar. Seven Secrets of the Sphinx é uma música bem assustadora da primeira vez que você ouve, mas vale a pena. Até porque Therion é genial.
Chance – Savatage (Handful of Rain – 1994)
Chance foi a primeira experiência do Savatage com corais polifônicos. Para quem não sabe, é aquele tipo de coral muito usado em música clássica onde várias vozes cantam melodias diferentes ao mesmo tempo. Essa música é ideal para conhecer Savatage, uma das minhas bandas preferidas, pois tem, nessa única faixa, todas as principais características da banda. Tem uma parte balada, tem um trecho pesada, tem um tremendo solo de guitarra, uma bela letra e, principalmente o coral que a finaliza em um dos maiores Grand Finales de toda a história do Heavy Metal. É sério, os últimos minutos de Chance são de deixar qualquer pessoa que sabe o que é música boa embasbacado. Chance é uma música completa, que já nasceu clássica e que é tocada em todos os shows do Savatage desde então. Uma curiosidade é que, inicialmente, a banda a tocava sem a parte final, mas depois de alguns anos, decidiram criar coragem para realizá-la completa, com o coral e tudo. O resultado é genial e mostra que o Savatage nunca se contentou em fazer o “seguro”.
Chainsaw Charlie – W.A.S.P. (The Crimson Idol – 1992)
Se você tem algo a dizer, deve ser dito. Blackie Lawless (vocalista, guitarrista e líder da banda) acredita nisso e compôs essa música em “homenagem” ao presidente da (gravadora) Capitol que ele achava um babaca. Como resultado, foi despedido e o disco saiu nos EUA apenas um ano depois do resto do mundo (leia a nossa entrevista com o cara, onde ele conta tudo isso e muito mais). A música em si, é tão boa quanto a história que a gerou, principalmente seu refrão, que gruda desde a primeira audição. Particularmente, gosto muito da parte do final onde ouvimos uma platéia imensa cantando a música e ao fundo aquele barulho da serra elétrica que, na minha interpretação, significa que por trás do sucesso de uma banda, sempre tem um “Chainsaw Charlie”.
Eagle Fly Free – Helloween (Keeper of the Seven Keys Pt. 2 – 1988)
Essa música é, discutivelmente, o maior clássico do Heavy Metal. Em sua letra maravilhosa, Michael Weikath (o guitarrista e compositor) clama pela reunificação da Alemanha e até mesmo pela reunificação de toda a raça humana. Considero essa música um exemplo de perfeição. Desde a introdução até o refrão (principalmente o último, que tem um trechinho a mais e notas mais altas), Eagle Fly Free é uma música forte, alegre, pomposa e vitoriosa, exatamente como penso que o Heavy Metal tem que ser. Sem contar que é uma das poucas músicas onde encontramos solos de todos os músicos sem soar pedante, chato ou masturbatório (características que muita gente considera a mesma coisa, mas que para mim são bem diferentes).
Stand Up and Shout – Dio (Holy Diver – 1983) – Leia sobre SHOW
Não dá para não se empolgar com esse riff. Deus abençoe o Vivian Campbell que, apesar de ter nome de mulher, sabe compor riffs bem mais “machos” do que muito guitarrista de Black por aí. Sem falar nos sempre fenomenais vocais do “duende” Ronnie James Dio. E aquele final, onde a música dá aquela paradinha, entra a guitarra sozinha, seguida daquela tremenda virada de bateria. Parodiando Celso Blues Boy, “Aumenta que isso aí é Heavy Metal!”.
Burn – Deep Purple (Burn – 1974)
Outro riff tremendão. Provavelmente a música mais apropriada para abrir um show que tenho conhecimento. Burn é rápida, pesada e empolgante e ainda tem vocais divididos entre dois vocalistas dos quais realmente gosto muito: David Coverdale e Glenn Hughes. É daquelas músicas que quase todo mundo gosta, até mesmo quem não gosta de Rock. É uma boa escolha para você atrair aquele seu amigo para o lado pesado da força.
PS: Olhando essa lista, concluo que o ano 2000 foi muito bom para o Heavy Metal. 😉
Logicamente, existem dezenas, talvez centenas, de outras músicas que deveriam figurar nesta relação e como dissemos nos parágrafos acima, uma das grandes graças do Heavy Metal está em justamente explorar o gênero e descobrir bandas novas. O que passamos foi apenas uma lista de nossa preferência no momento. Com os contatos certos, tenho certeza que você terá um admirável mundo novo inteiro para explorar e passará a admirar o Heavy Metal, não somente pelo estilo musical que ele representa mas também pela atitude que ele pode trazer em sua vida. Feliz dia do Rock!