O mundo dos heróis e vilões é algo muito fascinante. De uma maneira tradicional, um herói seria alguém honesto e bondoso, que coloca o bem estar dos outros sempre à frente dos seus próprios interesses e faz o que é certo independente do custo. Por outro lado, um vilão é alguém detestável, que sente prazer em machucar os outros e cujo objetivo é fazer o mundo se ajoelhar aos seus pés.
Porém, existem vilões que não são tão malvados assim. Muitos deles são apenas seres humanos falhos, que após algum momento trágico de sua vida, resolveram seguir suas próprias ideias e abrir seu caminho à força, independente do que ficar em seu caminho. De certa forma, este tipo de vilão não é muito diferente de um herói, já que luta por seu ideal independente do custo, mas por ser falho, também está mais próximo de mim e de você do que algum radiante paladino da justiça.
E embora tenhamos vários exemplos assim no universo Marvel, nenhum deles é mais amado, odiado, poderoso e fascinante do que Magneto, o líder mutante que sobreviveu ao holocausto e acredita que humanos e mutantes jamais poderão conviver em paz. Bem, tem também o Dr. Destino, que é igualmente complexo e pintudo, mas ele não é o assunto deste texto.
Recentemente, o personagem desistiu de sua carreira vilanesca e se aliou aos seus antigos rivais, os X-Men, e tornou-se não somente um membro oficial da equipe, como também um dos principais conselheiros de Ciclope, que se tornou o líder de toda a população mutante depois da saga Dinastia M.
Porém ninguém muda assim do dia para a noite, e em Magneto: Atos de Terror, a nova índole do mestre do magnetismo é posta a prova, quando um antigo fantasma de seu passado vem para atormentá-lo.
TESTOSTERONA MAGNETIZADA
A história começa com um protesto anti-mutante. Durante o inflamado discurso de seu líder, Magneto aparece e mata todos eles. Obviamente, tudo isso ocorre na frente das câmeras, o que causa um escândalo nacional. Acontece que o verdadeiro Magneto sequer estava no país na noite do ocorrido e agora tem que provar sua inocência e levar o impostor à justiça, mas vai ser difícil, já que os Vingadores encontraram seu DNA na cena do crime.
Apesar de parecer ser um grande mistério, a identidade do tal impostor é revelada já no final da primeira parte da história. Eu não vou falar quem é, mas devo ressaltar que embora seja um personagem que tenha, de fato, feito parte da vida de Magneto, a história trata a relação de ambos os personagens de forma muito rasa e, a menos que você saiba o que rolava nas histórias dos X-Men durante os gloriosos anos 90, provavelmente vai se sentir perdido.
Contudo, o que a história não tem de inovação e profundidade, ela compensa com muita pancadaria desenfreada e diálogos cheios de frases de efeito maneiras. Em outras palavras, o que temos aqui é um ótimo exemplo de um testosterona total em quadrinhos, com direito a socos magnetizados, rajadas de energia e explosões. Enfim, tudo que a gente gosta, com a exceção de um helicóptero explodindo, mas podemos ver Magneto espancando seus inimigos com um trem e um avião, o que é igualmente pintudo.
Imagino que o fato de o roteirista Skottie Young ser primariamente um desenhista dê ao cara uma certa noção de como uma boa cena de pancadaria deve fluir e isso faz com que elas sejam o ponto forte da obra. É claro que cenas de ação bem construídas não adiantam de nada se forem porcamente desenhadas, mas o desenhista Clay Mann tem um traço muito legal e seu irmão gêmeo, Seth Mann, não faz feio na arte final.
Magneto: Atos de Terror não é nenhuma obra revolucionária ou mesmo acrescenta algo à vida do personagem, como a aclamada história Magneto: Testamento, mas é uma boa pedida para quem curte o personagem e está a fim de ler algo bonito e divertido e, o melhor de tudo, a um preço acessível.
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