Mad Max, o game

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Ninguém esperava. Provavelmente nem a Warner. Mas com o sucesso retumbante de Estrada da Fúria e com uma excelente criação de hype, este jogo baseado na franquia – mas não necessariamente nos filmes – acabou se tornando um dos mais esperados do ano.

MAX SIM, LOUCO NÃO

Na cutscene de abertura vemos o protagonista que dá nome ao game em seu carro no meio de uma batalha com uma gangue de mal-encarados. Ele faz miséria com eles, até que o chefão, Lord Scrotus (é…), aparece e daí rola uma briga boa, que termina com os bandidos roubando o veículo de Max e com o vilão recebendo uma motosserra no cérebro (e ele não morre).

Max termina sozinho, no meio do deserto, sem carro, sem água e bastante machucado. Ele logo conhece Chumbucket, um mecânico que parece o Efialtes, que se oferece para construir um carro que seja tão bom ou até melhor do que o anterior.

Basicamente este é o mote de Mad Max. A luta de um homem e seu fiel mecânico para construir um veículo matador – literalmente. De fato a história não se destaca muito, mas o que importa mesmo é o jogo. E o jogo tem muitas qualidades, e alguns problemas bem graves. Elaboremos.

BONITEZAS E ESTRANHEZAS

A primeira coisa que você vai perceber é que este jogo é lindo. O deserto durante o dia beira o fotorrealista, e é muito impressionante a forma como o carro levanta a areia ao se locomover.

Em seguida, você provavelmente vai se deparar com alguns dos problemas gritantes, a começar pelos controles. Em uma decisão para lá de estranha, resolveram colocar o botão de pulo no LT, enquanto para mirar e atirar você tem que usar o LB e o RB respectivamente.

É compreensível que, enquanto você dirige, o botão de ataque seja o RB. Afinal, o RT serve para acelerar. Mas quando está a pé, isso simplesmente não faz sentido. E não dá para mudar.

Outros problemas não tardam a aparecer, como a necessidade de reabastecer o carro (embora seja possível coletar umas peças que o abasteçam automaticamente ao entrar em uma base) e as tempestades no deserto, que te obrigam a parar o que você está fazendo para se esconder em uma base ou então são uma sentença de morte.

PORRADA!

Felizmente, também não demora para o jogo mostrar suas qualidades. Em especial, o combate corpo a corpo é excelente. Uma amálgama de Shadow of Mordor com Sleeping Dogs, traz aquele mesmo sistema de ataque e contra-ataque popularizado pela série do Batman, bem como comandos que lembram o Sleeping Dogs, como segurar os botões para ataques mais fortes.

Os golpes parecem ser fortes e doídos, especialmente quando, após alguns ataques, o modo fúria é ativado, deixando Max ainda mais forte. Não chega a parecer o jogo do Batman porque aqui você não é tão poderoso. Rola uma animation priority (o que significa que você não consegue interromper um ataque para defender), fazendo as lutas serem mais lentas e cautelosas, além de sempre desafiadoras.

Pois é, Mad Max é um jogo difícil. Não difícil tipo Dark Souls, mas difícil para os padrões de jogos de mundo aberto. Você vai morrer bastante, mas os autosaves funcionam muito bem e são frequentes, minimizando a repetição e frustração.

Os melhores momentos deste jogo lembram uma evolução de clássicos como Double Dragon, daqueles que você vai seguindo o caminho e estapeando todo mundo que aparece pelo caminho.

Se você é como eu, tem uma característica que vai te chamar a atenção: a quantidade e beleza de explosões arrebatadoras. Não adianta, eu gosto de coisas que explodem. E se você está no DELFOS, provavelmente você também. E as explosões deste estão entre as mais bonitas que eu já vi. E são frequentes.

BRIGA DE CARRINHOS

Além da ação corpo a corpo, é claro que também temos ação em veículos. E este é o ponto mais fraco do jogo. Acontece que a munição é limitada, tornando difícil você vencer uma batalha com vários outros carros. Além disso, a AI é extremamente agressiva. Uma vez avistado, os inimigos te seguem até que você ou eles estejam mortos. Não dá para fugir caso você fique sem munição.

Se eles acabam com a energia do seu carro, você tem cinco segundos para cair fora, possibilitando que o mecânico o conserte. E enquanto espera ele consertar, você basicamente fica sendo atropelado sem conseguir levantar. É frustrante e enervante.

As coisas melhoram um pouco quando você libera o thunderpoon, uma espécie de bazuca que destrói os carros em poucos tiros. A munição ainda é limitada (pelo menos até você comprar uns upgrades), mas pelo menos daí fica mais possível você se defender.

Ainda assim, era bem chato simplesmente estar dirigindo para o meu destino e ter que parar para brigar com um grupo de carrinhos malvados que cismaram comigo.

ESTRUTURA

Temos uma quantidade modesta de missões de história e sidemissions tradicionais, e a maioria delas é muito boa. São sem dúvida os pontos altos da jogatina.

Temos também alguns encontros, que são algo na linha sidemissions lite. Basicamente, é uma conversa com um caboclo que pode te dar uma pequena missão (encontre o tesouro próximo) ou informações sobre acampamentos.

Os acampamentos são a melhor atividade secundária e é onde você vai passar boa parte do seu tempo. São bases protegidas por defesas externas que devem ser desativadas com as armas do carro, e depois você invade o local propriamente dito a pé. Tem de vários tipos. Duas delas são muito boas.

Em uma você deve entrar e matar todo mundo que está lá dentro. Em outra, você deve ir até o final do acampamento (lutando contra tudo que se mexe) e explodir a bomba de óleo que marca sua vitória.

O acampamento mais comum, no entanto, não é tão legal. Nele você deve explodir vários tanques espalhados pelo local. O lado chato é que na maioria das vezes o jogador explora tudo, mata todo mundo e fica faltando um ou dois tanques escondidos para vencer.

O último tipo de acampamento também é bom, e é o mais Double Dragon. Basicamente, são fases lineares com um chefe no final. A única coisa ruim é que todos os chefes são iguais, um sujeito grandão com uma marreta. O que muda é que cada um tem fraquezas a ataques específicos, como fogo ou armas brancas.

O legal é que quando você domina um acampamento, seus aliados assumem o povoam e te mandam sucata periódica (a moeda usada para comprar upgrades). Então faça os acampamentos o mais cedo que conseguir para ter um Max upadão.

As outras atividades menores seguem bem a cartilha de mundo aberto. Coisas como derrubar torres, pegar itens ou matar snipers para diminuir a influência de Scrotus na região. Nenhuma delas é especialmente marcante e são bastante supérfluas.

Uma coisa curiosa é que nunca o fast travel foi tão útil em um jogo de mundo aberto. Cada uma das missões ou acampamentos costuma deixar o jogador dentro de uma estrutura bem longe do carro. Ou seja, sempre que terminar uma atividade, acaba sendo necessário se teleportar ou fazer backtracking por toda a missão.

MAX LOUCO

Mad Max é um jogo com poucas missões de história e sidemissions, mas muitas atividades. Os acampamentos são legais e provavelmente por causa deles minha campanha durou dois dias e seis horas. Tem boas ideias e muitos momentos empolgantes, mas também tem decisões estranhas (nos controles e no gameplay) que detraem da experiência.

É um bom jogo. Tem ressalvas consideráveis, mas vale a pena ser jogado por quem sempre quis um Double Dragon de mundo aberto. Ah, e vale dizer que rola uma referência a Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu, o que sempre é legal.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
mad-max-o-gameAno: 2015<br> Gênero: Porradaria em mundo aberto<br> Plataforma: PS4, Xbox One e PC<br> Fabricante: Avalanche Studios<br> Versao: Xbox One<br> Distribuidor: Warner<br>