Qualquer delfonauta que se preze curte mitologia. Como você deve ter percebido pelo nome deste site, eu sou um admirador da mitologia grega, mas muita gente por aqui também curte a nórdica, que possivelmente é a mais trüe de todas as mitologias.
Pois já que o assunto de hoje é trüeza, conheça Jotun, onde você controla Thora, uma guerreira viking que sofreu uma morte inglória. Para se redimir, ela agora deve coletar runas e encarar os deuses em combate, a fim de impressioná-los e garantir sua entrada em Valhalla. Diz aí, mais true impossível!
Ao longo do jogo, você vai passar por lugares importantes da mitologia nórdica, como Niflheim, Ginnungagap e outros títulos de músicas do Therion.
DESENHO ANIMADO
Além da temática bacanosa, a principal característica de Jotun é seu visual, onde tudo é desenhado a mão. Isso o deixa com uma cara mais desenho animado e menos videogame, cheio de cores vivas e muito carisma. E os cenários são pra lá de épicos. Apesar de ser um jogo basicamente 2D, é comum que você passe por cenários enormes e, para valorizar a epicidade da coisa toda, a câmera se afasta para mostrar quão grande é o mundo, na melhor tradição God of War.
Apesar do que pode parecer, este não é um jogo de ação, mas principalmente de exploração. Você entra em cada um dos mundos com o objetivo de encontrar uma runa, mas se explorar direitinho pode sair com alguns upgrades, inclusive poderes cedidos pelos próprios deuses nórdicos, como Odin e Thor.
As fases são bem simples, cada uma trazendo um tipo de desafio. Pode ser que o chão queime, ou que uma ventania bem forte te machuque se você não se esconder a tempo. Em outras fases, como na que acontece nos céus nórdicos, você deve ativar luzinhas fazendo desenhos mitológicos específicos. Em outra, ainda, é necessário encontrar desenhos que vão, aos poucos, revelando a origem do mundo de acordo com a mitologia nórdica. É simplesmente muito legal.
Se não me falha a memória, há apenas três fases que trazem algum tipo de inimigo, mas o combate realmente não é o foco aqui. Depois que você coletar as runas de uma região, ganhará a possibilidade de enfrentar um chefão enorme.
BATALHAS ÉPICAS
Isso dá a Jotun um climão meio Shadow of the Colossus. Afinal, você fica um tempo explorando até chegar a uma batalha épica. E os chefes têm um esquema meio Dark Souls, especialmente no design. Sabe como, nos jogos da From Software, sempre tem aquela momento de “uau” quando você vê um chefe pela primeira vez? Tipo, antes de você ficar de saco cheio de morrer tantas vezes no mesmo lugar? É por aí.
Não só os chefes aqui são enormes, mas eles têm um design caprichado que fica ainda mais legal pelo fato de serem desenhados frame a frame. Felizmente, eles não são tão difíceis quanto os de Dark Souls, mas são todas batalhas emocionantes, que vão exigir destreza dos seus dedos e utilização inteligente dos seus poderes.
Os chefes são tão legais que eu tive que resistir para não encher esta resenha com imagem deles, afinal, eu quero que você curta a sensação de vê-los pela primeira vez como eu também curti.
POUCOS PROBLEMAS
Eu tive apenas dois problemas com Jotun. O primeiro é que as fases têm mapas, mas o mapa não mostra onde você está nele. Em algumas fases eu conseguia me localizar tranquilamente, mas admito que teve algumas que eu acabei jogando como se o mapa não existisse, porque não conseguia me achar.
O outro problema é que vários dos poderes são úteis apenas na fase em que você os recebe. Por exemplo, o poder de Loki atrai os inimigos para um decoy, e daí explode, derrubando todos eles ao mesmo tempo. Só que em apenas uma fase no jogo inteiro você é atacado por inimigos que usam a tática “montinho”, fazendo com que você não use esse poder nunca mais após passar dali. Dos seis poderes que você adquire, só vai usar com frequência mesmo três deles, o de cura e dois que possibilitam ataques mais fortes.
Tirando esses pequenos poréns, gostei muito de Jotun. A temática é legal, o visual é único e as batalhas com os chefes são todas inesquecíveis.
Sabe como Salt and Sanctuary foi feito com a proposta de ser um Dark Souls em 2D? Pois Jotun é basicamente um Shadow of the Colossus isométrico. E se essa proposta lhe agrada, ele é nada menos do que imperdível.
CURIOSIDADE:
– O álbum Secret of the Runes do Therion é um trabalho conceitual focado na mitologia nórdica e várias das músicas ali presentes se encaixariam perfeitamente em Jotun. Se você não conhece, vale a pena, pois é um disco excelente.