Os Smiths, um dos principais expoentes do Rock inglês da década de 1980 e da cena musical de Manchester, acabaram em 1987. Desde então, o vocalista Morrissey engatou uma carreira solo de sucesso. A outra força criativa da banda, o guitarrista Johnny Marr, nunca ficou realmente afastado do meio. Produziu bandas e se juntou a outras, como o projeto Electronic (junto com Bernard Sumner, do New Order) e, mais recentemente, o Modest Mouse.
Contudo, levou 26 anos desde o fim do grupo que o tornou famoso para finalmente lançar seu primeiro trabalho solo. E como valeu a pena. The Messenger é a grande surpresa de 2013 no Rock Alternativo. Todos esperavam que fosse um bom trabalho, mas creio que poucos acreditavam que fosse ser tão bom.
Particularmente, eu gosto dos Smiths, mas admito que eles nunca figuraram entre minhas bandas favoritas. Por este fator, eu sequer ia escutar este disco. Acabei ouvindo por acaso, quando minha curiosidade falou mais alto. E foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Nunca consegui gostar tanto das canções dos Smiths quanto das 12 que formam este disco. Não estou dizendo que é melhor que toda a obra dos Smiths, apenas que ele conseguiu um apelo maior comigo. Há uma diferença. O estilo das canções de Marr solo falam mais ao meu gosto, apenas isso.
Não só as 12 canções de The Messenger são excelentes, mas também são extremamente grudentas, com bons refrões e melodias assobiáveis. Ao ouvir este disco, minha mente me transportou instantaneamente para os anos 90, quando o Britpop estava no auge. E faixas como The Right Thing Right e o single Upstarts apenas reforçam essa sensação, remetendo diretamente aos melhores momentos “britpopianos”.
Se o mundo fosse justo, isso aqui seria chamado de música Pop e qualquer faixa tocaria facilmente nas rádios. Bom, sonhar não custa nada… Como não poderia deixar de ser num disco de um guitarrista, o instrumento em questão é o grande destaque e a força que move o álbum. Contudo, a grande surpresa aqui sem dúvida é o vocal.
Geralmente, em discos de instrumentistas que se aventuram a cantar, ou eles cantam mal mesmo e dane-se, ou mandam um vocal burocrático: afinado, mas econômico, para esconder suas limitações e não passar vergonha.
Marr surpreende por ter uma boa voz. Definitivamente não estava esperando por isso. Não é nenhuma maravilha, mas também está longe de ser uma performance tímida. Não seria nenhum absurdo ele ser o frontman de alguma banda, por exemplo. Só sei que prefiro muito mais o vocal dele do que a voz de desenho animado do Morrissey.
Um álbum sem gordura, sem faixas para encher linguiça, para ser apreciado sem pular nenhuma música. O guitarrista sempre desfrutou de um status cult no circuito indie, graças a seu trabalho nos Smiths. Depois de The Messenger, seu respeito certamente crescerá ainda mais. Desde já, um dos grandes candidatos a figurar entre os melhores discos de 2013. E que ele não demore quase 30 anos para lançar o próximo. Os fãs do bom Rock agradecem.